Um GT só “para inglês ver”
Fluence GT Line
Tem muita gente que curte apenas um visual esportivo. E foi exatamente pensando nesse público que a Renault trouxe de volta o Fluence GT Line, já que o Fluence GT acabou não emplacando no mercado. Segundo a Renault, o consumidor brasileiro tem preferência por câmbio automático em sedãs acima dos 70 mil reais e o GT oferecia apenas o manual.
Uma pena, já que o GT, que tinha um motor 2.0 turbo e um desempenho de respeito (0 a 100 km/h em 8 segundos e 220 km/h de máxima), também entregava um acabamento muito bom e, ainda, tinha a competência de ser comportado para levar a família a passear na maior tranquilidade.
Mas, como é o consumidor quem manda, vamos ao GT Line, que foi lançado, no ano passado, com todos os adereços que dão o “ar esportivo” e, exclusivamente, com câmbio automático CVT de variação contínua.
Na dianteira, há um spoiler integrado ao pára-choque abaixo da entrada de ar, com as luzes diurnas de direção em LED envolvidas por uma moldura prateada, que reforçam o ar agressivo do modelo. Lateralmente, o destaque fica por conta das saias laterais e rodas de cinco raios, com aro de 17 polegadas. Na traseira, um pequeno spoiler foi incorporado à tampa do porta-malas dando a ideia de peça única, enquanto que o espaçamento é envolvido por uma peça que imita um extrator de ar, na cor preta, além de pequenas saídas falsas de ar nas extremidades do para-choque.
Internamente, ele se diferencia bastante da versão intermediária Dynamique, onde, segundo a Renault, foi baseado. Para começar, os bancos dianteiros têm uma conformação mais esportiva, com laterais salientes que seguram melhor o corpo em curvas. E são confortáveis. Todo o revestimento é em couro preto natural e sintético, com costuras vermelhas duplas, além de apliques em preto black piano nas laterais e painel. Um friso vermelho também percorre toda a parte inferior do painel. Resumindo, um ambiente esportivo, mas sem exageros e que agrada.
Entre os diferenciais dessa versão, estão, ainda, as rodas com aro 17 polegadas exclusivas, teto solar elétrico, pedaleiras revestidas com alumínio, sistema multimídia com tela tátil (muito bem localizado sobre o painel), com direito a Bluetooth, computador de bordo, câmera de ré e GPS. Nas mordomias, tem o bom ar-condicionado digital de duas zonas, com saída para os bancos traseiros, e a chave-cartão, que permite travar e destravar as portas, sem a necessidade de manusear a chave, e dar a partida no motor em um botão, sem a chave no contato.
Mas, também manteve algumas coisas ruins como, por exemplo, o quadro de instrumentos. Com três elementos redondos, só o contagiros analógico, à esquerda, tem uma boa visualização. Os outros digitais, inclusive o velocímetro, são um pouco confusos, dificultando a interpretação. O pior, porém, é na segurança. Apesar de vir de série com quatro airbags e Isofix para fixação de cadeirinhas para crianças, além de cintos de três pontos e apoios de cabeça para todos, os importantes controles de tração e estabilidade, não estão disponíveis, nem como opcionais. Uma mancada em um carro dessa categoria.
Andando no “GT”
O GT Line é equipado exatamente com o mesmo conjunto mecânico da versão Dynamique Plus. Isto é, motor 2.0 16V com duplo comando de válvulas, que libera 140 cavalos e 19,9 kgfm de torque com gasolina e 145 cv e 20,3 kgfm com gasolina. O câmbio é um CVT que a Renault chama de X-Tronic. Como todo câmbio de variação contínua, não tem marchas, apenas duas polias interligadas por uma correia, que variam o tamanho constantemente, permitindo uma infinidade de relações. Tem um funcionamento suave e sem trancos, o que incrementa o conforto.
O interessante neste da Renault é que, com o câmbio selecionado em “D” (drive), ele funciona exatamente dessa maneira. Porém, ao ser acionado o modo “manual”, por meio da alavanca seletora, ele responde com seis posições fixas, como se fossem marchas. Um recurso bem bolado e que permite ao motorista um pouco de adrenalina ao dirigir este falso GT.
Por falar nisso, seu desempenho pode ser considerado bom para um sedã familiar e não um carro que ostenta a sigla GT. Chega aos 195 km/h de máxima e consegue acelerar de 0 a 100 km/h em 10,1 segundos, quando está abastecido com gasolina, e em 9,9 com etanol. Com esse pacote “tranquilo”, era de se esperar mais do consumo: fez médias no circuito cidade/estrada de 6,7 km/l de etanol e 9,3 km/l de gasolina. Deveriam ser melhores.
No restante o GT Line se assemelha em tudo às outras versões. Para o motorista, é fácil encontrar uma boa posição de dirigir com volante e assento reguláveis em altura e profundidade. Sem falar da boa direção com assistência elétrica, que tem a precisão necessária em alta velocidade e a maciez ideal na hora das manobras. Tem um bom espaço interno para cinco adultos e um porta-malas “familiar” com 530 litros de capacidade. O acabamento, de uma maneira geral, agrada, com bons materiais e arremates bem feitos. É, também, silencioso ao rodar, só que as rodas de aro 17 polegadas com pneus de perfil baixo, não absorvem tão bem as irregularidades do terreno, prejudicando um pouco o conforto. Por outro lado, ajudam na já boa estabilidade. Os freios bem progressivos completam o bom conjunto mecânico, típico dos Fluence.
Mas, e aí, vale a pena? Bom, depende. Os Renault Fluence têm um bom histórico de confiabilidade e durabilidade, além de oferecerem uma boa relação custo/benefício, o que os torna uma opção a ser levada em conta, nesse concorrido segmento dos sedãs médios. Se o seu caso é só o visual esportivo, aí sim, o GT Line se diferencia na multidão e vai te agradar. Mas, se você não faz questão disso e de alguns detalhes, como teto solar ou rodas de aro 17, vale a pena investir no Dynamique Plus, que custa menos e oferece a mesma coisa quando se fala em desempenho, consumo e bem-estar a bordo.
Preços:
Fluence Dynamique Plus R$ 81.780
Fluence GT Line R$ 86.890
Notas do Emilio – Fluence GT Line
Ficha Técnica – Fluence GT Line
Equipamentos de série – Fluence GT Line
Fotos: divulgação Renault