Feito para quem só curte o visual
Punto Blackmotion
No mercado automobilístico, existe gosto para tudo. Tem aqueles que não se importam muito com a aparência, mas querem um carro com um belo desempenho. E tem aqueles que não se importam com o desempenho, mas adoram um visual ousado. É exatamente aí que o Punto Blackmotion, lançado em 2015, se enquadra. Com um visual basicamente igual ao da versão esportiva T-Jet, tem o desempenho pacato da versão Sporting 1,8 que, curiosamente, segue o mesmo estilo de “esportivo só na aparência”.
Tudo bem, o que não se pode negar é que o Blackmotion agrada com seu up-grade de jeitão arrojado. Para-choques dianteiro e traseiro com design esportivo; aerofólio na tampa do porta-malas, faróis com máscara negra, minissaias laterais, rodas em liga leve com aro 16 polegadas e vários detalhes, como os retrovisores externos, em preto fosco, compõem o look externo.
Internamente, tem painel na cor preta com textura exclusiva, cintos de segurança na cor cinza, bancos com acabamento esportivo e bordado Blackmotion no encosto, revestimento interno preto e, neste modelo 2016, uma nova central multimídia com tela de 5 polegadas, que, opcionalmente, pode receber GPS e câmera de ré. Além desses detalhes exclusivos, tem ainda volante em couro, sensor de estacionamento e vidros elétricos traseiros. Se para você ainda não for suficiente, tem ainda, como opcional, cambio automatizado Dualogic Plus, teto solar elétrico, sensores de chuva e crepuscular, e airbags laterais e de cortina.
Mas, vamos aos fatos. Praticamente igual ao que foi lançado na Europa em 2005 e dois anos depois no Brasil, com desenho de Giorgetto Giugiaro, o Punto nacional ganhou um pequeno face-lift para o modelo 2011, que perdura até hoje. Isso não quer dizer que esteja ultrapassado. Porém, já começa a sentir o peso dos anos e está merecendo uma reformulada geral para rejuvenescer.
O acabamento também é muito bom, principalmente o interno desta versão Blackmotion, que lhe permite levar a classificação de compacto premium. Mas, continua pecando no espaço: é bom na frente para motorista e passageiro, justo para dois adultos atrás e, no meio do banco traseiro, só vai uma criança pequena com conforto. Além disso, os 280 litros de capacidade do porta-malas não o classificam como um carro para longas viagens de férias.
Com uma construção bem-feita, o Punto adaptou-se muito bem ao solo brasileiro, passando inclusive aquela boa sensação de solidez que encontramos nos carros de origem germânica. Isso, apesar da configuração mais rígida da suspensão, que privilegia mais a estabilidade do que o conforto. Por outro lado, todo o bom isolamento acústico faz com que não se ouçam barulhos, mesmo em pisos irregulares.
Detalhe que agrada é a boa posição de dirigir, com todos os comandos à mão, volante com boa pega, engates precisos do câmbio manual de cinco marchas, além da resposta correta da direção e eficiência dos freios, o que torna um prazer a tarefa de conduzi-lo, principalmente em estradas com curvas estreitas.
Tudo seria maravilhoso se o motor 1.8 E.torQ, que fornece 132 cavalos quando queima etanol, correspondesse à aparência externa do Blackmotion. Não que ele seja ruim, ao contrário, tem um funcionamento redondo e toda a pinta de vida longa. Só que carece de um torque maior em rotações abaixo de 2.000 rpm, o que torna a vida no para e anda de um trânsito engarrafado mais chata ainda. É que para tirar o Blackmotion do lugar, como o torque máximo só surge a 4.500 rpm e ele também não é dos carros mais leves (pesa 1.222 kg), sempre é preciso acelerar um pouco mais do que seria necessário normalmente. Situação que se agrava em subidas, quando é preciso ficar esperto para que o motor não “morra”, fazendo sentir (e muito) a falta de um sistema de auxilio de partidas em aclives, o conhecido hill-holder. Os importantes controles eletrônicos de estabilidade e tração, também entram na lista do quesito “faz falta” no Blackmotion. Sem falar do cinto de três pontos no meio do banco traseiro! Menos mal que ali tem apoio de cabeça…
Além disso, para acompanhar o fluxo normal do trânsito, é preciso esticar um pouco mais as marchas e, nas retomadas, especialmente com o carro carregado, não dá para ter preguiça de re duzir para conseguir ultrapassagens mais rápidas. São detalhes que acabam refletindo no consumo. No circuito misto cidade estrada, chegou a médias de 7,2 km/l de etanol e 10,1 km/l de gasolina. Não chegam a ser ruins, mas deveriam ser melhores para um carro do segmento compacto.
Moral da história. Mantendo o motor com um giro um pouco mais alto e sem se preocupar com o consumo, o Blackmotion até que se torna divertido de dirigir, pelas boas respostas do motor nessa condição e pelos bons dotes de estabilidade proporcionados pela suspensão. Tem no visual seu grande apelo. Mas, aqui entre nós, eu prefiro a versão 1.6 mais barata para o dia a dia e, se a idéia for desempenho, investir um pouco mais no T-Jet. E tudo sem sair do Punto.
Preço:
- R$ 59.700
- R$ 81.989 (com todos os opcionais, incluindo câmbio automatizado Dualogic Plus)
Notas do Emilio para o Punto Blackmotion
Fotos: Camila Camanzi, Emilio Camanzi e Divulgação Fiat