Este não gosta de posto
Volkswagen Fox Track 1.0
Se você é daqueles que tem preguiça de ir ao posto de combustível para abastecer ou não quer gastar muito, o jeito é ter um carro econômico, não é? E, se além disso, você também não dispensa algumas mordomias, como ar-condicionado, direção elétrica e nem quer ficar sem a possibilidade de ter uma central multimídia, que permite até o espelhamento de seu smartphone? Bom, é aí que entra o Fox Track 1.0.
Lançado no fim do ano passado, o novo Fox veio como uma opção para quem quer um carro econômico, com um visual aventureiro, definido pela própria fábrica como “off-road light”. Tanto que, de diferente, em relação à versão “normal”, tem apenas o rack no teto, aerofólio traseiro, molduras nas caixas de rodas e minissaias, além de logotipos Track nas laterais. Completam o visual, a grade com friso pintado; para-choque dianteiro com faróis de neblina; rodas aro 15 polegadas em liga leve; e lanternas traseiras escurecidas. Internamente, tem o mesmo acabamento da versão Comfortline, com bancos em tecido e muito plástico no painel e nas portas. O material é agradável ao toque e, somado aos bons arremates, formam um conjunto que agrada.
No restante, é igual às outras versões. Tem lugar para cinco pessoas, mas no meio do banco de trás, só se acomoda bem uma criança. O estranho é que tem apoio de cabeça, mas o cinto de segurança é sub-abdominal. Deveria ser, também, de três pontos. O banco traseiro pode ser regulado longitudinalmente, fazendo o porta-malas variar de 260 a 353 litros. Uma solução inteligente, porém, é preciso lembrar que, aumentando o volume para a bagagem, o espaço para as pernas dos passageiros que vão atrás, fica reduzido.
Com relação aos equipamentos de série, além do ar-condicionado e direção elétrica, têm coluna de direção com ajustes de altura e distância, vidros elétricos dianteiros e som com bluetooth. Os outros, como vidros traseiros e retrovisores elétricos; sensores de estacionamento dianteiro e traseiro; sensores de chuva e crepuscular; volante multifuncional revestido em couro; e retrovisor interno eletrocrômico, como no modelo deste teste, são opcionais e acabam encarecendo o preço final. Neles, ainda se incluem os novos sistemas de infotainment da Volkswagen. São três, o media plus, o Discover Media e Composition Touch, que permitem reproduzir na tela do sistema, a do smartphone e, ainda, incluir o GPS.
Motor 1.0
A cereja do bolo, claro, é o novo e moderno motor com três cilindros, o mesmo que é usado no up!. Ele fornece 82 cavalos e 10,4 kgfm de torque com etanol (75 cv e 9,7 kgfm com gasolina); é todo feito em alumínio, o que permitiu que ficasse 24 quilos mais leve que o 1.0 antigo, de quatro cilindros; não usa tanquinho de gasolina para partida a frio com etanol; e tem comando de válvulas de admissão variável, que prioriza o torque de acordo com as necessidades. Ele é ligado a um câmbio manual de cinco marchas, com engates muito precisos e suaves. Aliás, pode-se dizer, sem sombra de dúvida, que esse câmbio é referência no mercado brasileiro. Enfim, um conjunto muito bem casado, que garante um bom desempenho quando se fala em carros com motor de 1 litro. Faz de 0 a 100 km/h em 14,4 segundos com etanol (14,7 com gasolina) e chega aos 159 km/h de velocidade máxima (158 com gasolina).
Como o motor já tem um bom torque em baixas rotações, o Track sai-se razoavelmente bem em subidas, o conhecido ‘calcanhar de Aquiles’ dos motores de um litro de cilindrada. Claro que, com ele carregado, é preciso um pouco mais de paciência. Mas, está acima da média e melhora quando queima etanol, já que ganha 7 cavalos e quase 1 quilo de torque. Em resumo, acompanha sem dificuldades o trânsito na cidade e se vira bem na estrada.
Porém, seria interessante que o Track já viesse com o sistema auxiliar de partida em rampas, que segura o carro freado por 2 ou 3 segundos. É que para arrancar com ele carregado em subidas, é preciso fazer controle de embreagem para não deixar o motor morrer, já que 85% do torque só chega a 2.000 rpm. Sem o sistema, é preciso segurá-lo com o freio de mão.
Agora, se há uma coisa que ele não decepciona, é no consumo. Com a ajuda de um sistema no quadro de instrumentos que indica qual o melhor momento para a troca de marchas, no circuito metade cidade, metade estrada que uso de referência, fez médias de 12,3 km/l de etanol e 17,3 km/l de gasolina! Um dos melhores resultados entre os carros que já testei.
Com relação ao conforto ao rodar, o Track também se sai bem. A suspensão filtra com competência as irregularidades do terreno e deixa o interior silencioso. Só é preciso ficar um pouco mais atento em curvas. Como o Fox é um pouco mais alto que a média dos compactos, tende a inclinar mais a carroceria em curvas, o que acaba interferindo na estabilidade. Detalhe que também faz lembrar que seriam bem-vindos os controles de estabilidade e tração. A direção elétrica é bem precisa e garante uma dirigibilidade segura e agradável. Mesma coisa dos freios, progressivos e que param o Track em linha reta, mesmo em pisos escorregadios.
Bom, se você ficou animado só pelo baixo consumo, lembre-se que o Fox não é dos compactos mais em conta do mercado e que vai levar algum tempo para você recuperar o investimento a mais só com a economia de combustível. Se for a opção mesmo, lembre-se que a versão mais barata, a Trendline 1.0, por exemplo, custa exatos R$ 45.150. Aí vale a pena colocar mais R$ 1.340 para comprar esta versão Track que é mais equipada e tem um visual diferenciado. Mas, se a idéia é um carrinho bem econômico, porém mais ajeitado como este do teste, aí fique esperto. A conta vai ficar bem mais cara.
Preço:
Volkswagen Track R$ 46.490
Volkswagen Track (completo) R$ 54.598
Notas do Emilio para o Fox Track 1.0
Lista de equipamentos de série e opcionais Fox Track
Fotos: Camila Camanzi, Emilio Camanzi, Divulgação Volkswagen.