BYD Quer Reduzir de Impostos para SKD e CKD

BYD Quer Reduzir de Impostos para SKD e CKD

A gigante chinesa BYD está articulando com o governo federal brasileiro mudanças no atual regime tarifário para viabilizar sua operação de montagem de veículos no país. A empresa solicitou ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) a redução de impostos para a importação de kits de peças parcialmente ou totalmente desmontados, que seriam utilizados na futura fábrica de Camaçari, na Bahia.

Os Pedidos Feitos pela BYD

Em três solicitações formais encaminhadas ao governo brasileiro, a BYD busca fixar o imposto de importação em 10% para veículos parcialmente desmontados (SKD – Semi Knocked-Down) e 5% para veículos completamente desmontados (CKD – Completely Knocked-Down). Atualmente, as alíquotas variam conforme o tipo de veículo: para híbridos plug-in no formato SKD, o imposto é de 20%, enquanto em CKD é de 7%. No caso dos elétricos, as taxas são de 18% e 5%, respectivamente.

Os documentos, protocolados no Sistema Eletrônico de Informações do governo (SEI), também incluem as picapes híbridas plug-in (PHEV), como a Shark, que já é comercializada no Brasil. Para este tipo de veículo, o imposto atual é de 35% tanto para SKD quanto para CKD.

A empresa solicita que essas reduções sejam válidas até 30 de junho de 2028, período durante o qual, pelo cronograma atual, os impostos seriam gradualmente elevados até atingir 35% para todos os casos.

Modelos Previstos para Montagem Nacional

Os pleitos da BYD mencionam especificamente cinco modelos que seriam montados na fábrica brasileira: os carros Song Plus, Dolphin e Yuan, além da picape média Shark e outra caminhonete ainda em desenvolvimento. Todos estes veículos seriam montados a partir dos kits importados, com a adição de alguns componentes nacionais.

Para justificar o pedido, a fabricante chinesa argumenta que seus veículos possuem eficiência energética superior aos equivalentes fabricados no Brasil, apresentando dados de consumo e autonomia como evidência desta vantagem.

Cronologia das Solicitações e Argumentos da BYD

Segundo informações oficiais do MDIC, os pedidos foram enviados em datas diferentes. Em 25 de fevereiro, a BYD apresentou as solicitações referentes aos automóveis elétricos e híbridos. Já em 17 de março, foi a vez do pedido relacionado às picapes PHEV.

A empresa defende que a redução dos impostos auxiliaria na implementação da montagem nacional dos veículos eletrificados, gerando novos empregos no Brasil. Além disso, argumenta que a medida facilitaria a nacionalização progressiva de componentes, já que nem todas as peças precisariam vir nos kits importados.

“A estratégia inicial de montagem completa dos veículos no Brasil permite uma introdução rápida no mercado, maximizando a competitividade e contribuindo para o desenvolvimento da cadeia produtiva nacional. Em linha com esse objetivo de incremento da nacionalização de componentes e fortalecimento da indústria local, a BYD AUTO pretende inicialmente importar veículos no modelo SKD e, na medida em que os fornecedores locais estejam homologados e aptos a atender a demanda, passar a incorporar peças nacionais nesse SKD importado”, afirmou a BYD em seu pedido.

Reação da Anfavea e Divergências no Setor

A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) manifestou-se contrária aos pedidos de redução tarifária. O presidente da entidade, Márcio Lima Leite, sem citar nominalmente a BYD, criticou as solicitações feitas por “montadoras chinesas”.

“Esses pedidos não podem prosperar. O que queremos é produção no Brasil e, por isso, estamos atentos aos movimentos que representem prejuízos à indústria local”, declarou Lima Leite.

A posição da Anfavea é diametralmente oposta à proposta da BYD. A associação dos fabricantes defende a implementação imediata do imposto máximo de 35% para os automóveis elétricos e híbridos plug-in, enquanto a montadora chinesa busca manter alíquotas reduzidas pelos próximos quatro anos.

“Se tais reivindicações avançarem, o impacto no setor – que já sofre com as ações de Donald Trump e com a falta de regulamentação do Mover – vão ser grandes”, alertou o presidente da Anfavea.

Estratégia de Operação e Desafios

A meta da BYD com estes pedidos seria acelerar o início das operações na fábrica de Camaçari, que já tem enfrentado atrasos. A abordagem permitiria à empresa reduzir a importação de veículos completos da China, que atualmente estão sujeitos a altas tarifas.

A empresa chinesa apresenta sua estratégia como um plano em fases: começaria com a montagem de veículos a partir de kits SKD e, progressivamente, aumentaria o índice de nacionalização à medida que fornecedores locais fossem homologados e integrados à cadeia produtiva.

Este movimento da BYD ocorre em um cenário de crescente tensão no mercado automotivo global, com pressões protecionistas em diversos países e discussões sobre a regulamentação do programa Mover (Mobilidade Verde e Inovação) no Brasil, que visa incentivar a descarbonização da frota nacional.

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Paula Jabour

Paula Jabour

Paula Jabour é criadora de conteúdo e copywriter. Ela atende clientes de diversos setores, incluindo automotivo, restaurantes, artistas e profissionais liberais.