VW nega acordo milionário por trabalho escravo no Pará

VW nega acordo milionário por trabalho escravo no Pará

Ministério Público do Trabalho propôs acordo milionário em reparação a trabalho escravo cometido entre os anos 70 e 80

A Volkswagen do Brasil abandonou mesa de negociação com o Ministério Público do Trabalho para discutir a reparação por trabalho escravo praticado na Fazenda Vale do Rio Cristalino, no Pará. O acordo previa pagamento de R$ 165 milhões a 14 trabalhadores que foram vítimas e outras centenas de escravizados. Os fatos aconteceram nos anos 1970 e 1980, quando a Volks, ao invés de só produzir carro, também investiu na produção de gado.

A informação é do MPT, segundo ata de audiência dia 29 de março. “O MPT lamenta a postura da Volkswagen, que contraria seu discurso de compromisso com o país e com os direitos humanos, pois se trata de uma gravíssima violação que ocorreu durante mais de 10 anos com a sua participação direta”. A empresa afirmou que não tem interesse em firmar o acordo milionário com o órgão.

300x250

Leia também:
Nissan Sentra 2023 chega por R$ 148 mil
Teste do Hyundai HB20 2023
Motorista com nome sujo pode perder direito de dirigir, decide STF
Caoa Hyundai anuncia 8 novos modelos para o Brasil até 2025
Kia Niro é eleito carro mundial da mulher de 2023

Segundo depoimentos, trabalhadores da fazenda de cerca de 140 mil hectares – equivalente à área da cidade de São Paulo – viviam no local em situação degradante de trabalho, sob violência e violações de direitos humanos. As violações incluiriam falta de tratamento médico nos casos de malária, impedimento de saída da fazenda, em razão de vigilância armada ou de dívidas contraídas (servidão por dívidas), alojamentos instalados em locais insalubres, sem acesso à água potável e com alimentação precária. As investigações apontam que a prática contou com recursos públicos e benefícios fiscais.

A proposta do MPT, contudo, é muito superior ao que a empresa já havia pago há três anos em situação semelhante. Na época, a Volkswagen admitiu ter colaborado com a repressão da ditadura e pagou R$ 36 milhões em Termo da Ajutamento de Conduta (TAC) junto ao Ministério Público Federal (MPF), Ministério Público de São Paulo (MP-SP) e o próprio MPF. Contudo, agora os procuradores do trabalho investigam outro caso e cobram reparação.

Na proposta do MPT, o valor da indenização seria destinado ao ressarcimento dos trabalhadores vitimados já identificados e para a criação de um programa de levantamento histórico, identificação e busca de outros trabalhadores que também foram submetidos ao mesmo tratamento naquela fazenda.

O órgão afirma que vai adotar medidas judiciais e extrajudiciais necessárias para a efetiva reparação dos danos gerados pela Volkswagen.

DEIXE SEU COMENTÁRIO

Thiago Ventura

Com 15 anos de experiência na imprensa e dedicado ao jornalismo automotivo desde 2011, Thiago Ventura tem passagens pelo portal Vrum, Portal Uai, jornal Estado de Minas, TV Alterosa e DomTotal, além de colaborações com o jornal O Tempo, Autos Segredos e rádio Gospa Mira. Em 2016 fundou o Carro Esporte Clube, canal de notícias multiplafatorma com portal e redes sociais. 🙋 PARCERIAS: comercial@carroscomcamanzi.com.br