Ruf BTR: o super Porsche
Há males que vêm para o bem. A crise global do petróleo dos anos 1970 foi um dos algozes dos muscle cars e fez com que muitas marcas iniciassem uma dieta de consumo e, consequentemente, perda de potência. A ordem mundial chegou ao Velho Mundo e não poupou os cupês de Ferdinand Porsche.
Mas, foi nessa época que a marca alemã encontrou no turbocompressor a saída para ganhar desempenho sem precisar aumentar a capacidade volumétrica de seus boxer seis cilindros. E, a partir daí, nasceu o 911 (930) Turbo, que até hoje é o macho alfa da Porsche, mesmo com os endiabrados GT2 RS e GT3 RS.
No entanto, lá na década de 1970, há quem buscava mais vigor e foi assim que um antigo fabricante de ônibus de turismo e restaurador Porsche vislumbrou a possibilidade de dar mais vigor aos esportivos de Stuttgart. E o mundo conheceu a Ruf.
Reconhecida pelo governo alemão como fabricante de automóveis. Ela utiliza apenas o chassi Porsche, chamado de “body in white”, quando apenas as peças que formam o monobloco são unidas. Seu primeiro modelo foi o SCR, que era uma preparação do 930 Carrera, mas foi com o BTR que ela ganhou notoriedade e passou a encabeçar a lista dos fabricantes com os automóveis mais rápidos do planeta.
O BTR tinha como base o 930 Turbo. Seu motor 3.4 entregava 374 cv e 48 mkgf de torque. Leve, pesava cerca de 1.200 quilos. A combinação de baixo peso, torque absurdo (para a época) e abundância de potência, permitia que o BTR acelerasse a até 305 km/h.
Em 1984, ele foi eleito como o carro mais rápido do mundo, no ranking da Road & Track, acelerando de 0 a 100 km/h em 4.7 segundos e percorrendo o quarto de milha em 13.3 segundos.
O número de produção não é exato, em torno de 20 a 30 unidades, em que são contabilizadas conversões do 930 original e carros construídos do zero. Sua produção se encerrou em 1989.
O BTR era descrito como um carro indócil, com uma oferta absurda de torque e nenhum tipo de assistência. Domar o BTR era uma experiência que remetia ao clássico Carrera RS 2.7, de 1972. A diferença é que ele tinha quase o dobro da potência e muito mais torque. Na prática, isso significa que ele é um carro difícil de ser domado.
Sua caixa manual de cinco marchas tem embreagem dura e, a cada troca, o carro dá um tranco forte, que exige que o motorista mantenha a direção firme. Nas curvas, o BTR (como todo 911) é traiçoeiro e tende a soltar a traseira, o que demanda um controle de sobresterço primoroso.
Mas, como li uma vez num comentário de um vídeo em que um homem feliz acelerava um GT3 RS em Nordscheleife: “Porsche drivers have a balls of steel!”.
Imagine as de quem toca um Ruf?
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