CEO da Stellantis, Antonio Filosa defende projeto estratégico da indústria para retorno do carro popular
Março de 2023 já ficou marcado por várias paralisações de fábricas e da possível crise de demanda que a indústria automobilística enfrenta no Brasil. Um dos principais players no mercado nacional, o Grupo Stellantis reconhece que os preços andam muito caros e defende uma ação conjunta pela volta do carro popular.
Isso é um pouco do que declarou o CEO da empresa na América Latina, Antonio Filosa, durante o painel “As Novas Perspectivas da Indústria Automobilística” no Seminário Megatendências 2023, organizado pela AutoData Editora. O executivo italiano afirmou que não vê uma crise de demanda ou recessão no mercado, e que a situação atual é resultado dos resultados de janeiro e fevereiro.
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Filosa destacou que os dados do mercado de março devem apontar para uma retomada e que é cedo para falar em recessão. A parada em uma fábrica da Stellantis ocorreu devido a problemas com componentes eletroeletrônicos. Ele espera uma análise mais precisa no fechamento do semestre para comentar.
Uma das razões para o otimismo é a previsão de uma explosão do agronegócio, com a colheita de produtos como soja, café, suco de laranja e carnes a partir de abril, quando o país receberá uma injeção de dólares. Isso também beneficiará as vendas de picapes, SUVs e vans.
Apesar do ticket médio elevado dos carros para a realidade econômica dos consumidores brasileiros, Filosa concorda que aumentar os volumes seria interessante para as montadoras e fornecedores. No entanto, essa estratégia requer um projeto de médio a longo prazo, que ele chama de “sistema de soluções articuladas”, uma espécie de nova câmara setorial automotiva.
“A demanda por mobilidade no Brasil não mudará, por questões demográficas. Hoje ela é distribuída em transporte público, carros novos e usados, motos e serviços de mobilidade, como Uber. Se conseguirmos emplacar um projeto de carro popular ou de baixo custo haveria uma migração das motocicletas ou dos veículos usados, o que beneficiaria a indústria e os consumidores. Mas é um projeto estratégico para a indústria e deve ter a participação igual de cada um dos interlocutores”, declarou o executivo ao AutoData.
Para isso, ele acredita que a Anfavea, o governo, o Sindipeças e a Fenabrave precisam se reunir e trabalhar juntos em um projeto social que desenvolva empregos, indústrias e competências locais, levando em conta a eficiência, a carga fiscal e o acesso ao crédito.