Porsche 935: o Frankenstein de Stuttgart

Porsche 935: o Frankenstein de Stuttgart

As corridas sempre foram vitrines para a indústria automotiva. Dos primórdios do Indianápolis Motor Speedway e do Circuit de la Sarthe, passando pela Mille Miglia e a Carrera Panamericana, as competições são capazes de lidar com razão e emoção ao mesmo tempo. Despertar o desejo de se aventurar como um piloto e também comprovar que seu carro é resistente o bastante para vencer uma corrida, nunca deixaram de ser bons argumentos de vendas. A Porsche descobriu isso cedo. Na verdade, Ferdinand Porsche já sabia dessa mágica, desde a década de 1930, na época em que ajudou a projetar os imortais flechas de prata da Auto Union. Com seus Porsche não foi diferente e desde o 356, nunca recusaram o desafio de uma corrida.

Entre os diversos carros que a marca construiu para as pistas, o 935 é um dos carros mais emblemáticos de todos. Usando o chassi do 911 (geração 930), o modelo era uma evolução do diabólico 934 RSR Turbo, que disputava provas do Grupo 4 da FIA. O 935 tinha sido desenvolvido para correr no Grupo 5 e passou extensas modificações aerodinâmicas, estruturais e mecânicas para atender às exigências do regulamento e também ser capaz de fazer frente aos demais modelos que disputavam a categoria.

A aberração

Enxergar um 911 nesse carro exige muita atenção, pois ele só é reconhecido pelo clássico caimento da carroceria e pelas janelas traseiras. Na parte frontal, os faróis ovalados foram removidos e um novo conjunto foi montado praticamente rente ao chão com o intuito de melhorar o fluxo de ar, se fazendo valer de uma brecha no regulamento que não especificava a altura dos faróis e, com isso, conseguiu deixar o capô plano, diferentemente do original do 911, que era proibido pela norma.

Na seção traseira, os para-lamas foram exageradamente estendidos para comportar os imensos pneus com banda de rodagem larga, para serem capazes de levar todo o torque do motor sem perder aderência e garantir o máximo de tração. Era mais um truque para driblar a regra, pois a carroceria não poderia ter sua estrutura alargada, mas a extensão era um revestimento e não integrante da carroceria.

Os para-lamas traseiros ainda acomodavam grandes tomadas de ar para refrigerar e alimentar os coletores de ar. E, por fim, um gigantesco aerofólio para fazer com que o carro “ajoelhasse” em altas velocidades, garantindo estabilidade e tração.  Ou seja, o 935 era um 911 desfigurado, um Frankenstein sem o charme imutável do cupê desenhado por Ferry Porsche em 1963.

Mas o 935 não nasceu para ser belo, nasceu para ganhar corridas. Seu motor era o conhecido boxer seis cilindros 3.0 litros, equipado com dois turbo compressores, ventoinha montada em posição horizontal (como no 917), intercooler e válvulas de alívio que cuspiam labaredas em quem vinha atrás. O resultado era um propulsor de 567 cv e 58,8 kgfm de torque para deslocar seus 970 quilos, mais piloto e combustível.

E, por falar em combustível, em seu pico de desempenho, ele consumia um litro de gasolina para cada dois quilômetros rodados. Toda a força era distribuída para as rodas traseiras e escalonada por uma transmissão manual de quatro marchas, sem nenhum tipo de suporte eletrônico.

A estreia

O carro estreou em 1976 para disputar diferentes campeonatos de turismo, mas a quarta posição na classificação geral das 24 Horas de Le Mans daquele ano fez dele um sucesso imediato e uma promessa para o futuro. O carro da Martini Racing, pilotado por Rolf Stommelen e Manfred Schurt, completou o tempo de prova com 331 voltas, 18 a menos que o Porsche 936 (protótipo) que venceu a corrida daquele ano.

Mas o grande trunfo ainda demoraria a vir. Em 1977, o 935 fez seu primeiro pódio em Sarthe, chegando na terceira posição, atrás do imbatível 936 e do Mirage GR8. Já em 1978, o bólido terminou a corrida nas quinta, sexta, sétima e oitava posições. Inclusive, o carro que terminou em sétimo lugar era da equipe Team Pace, do brasileiro José Carlos Pace, que foi pilotado por Paulo Gomes, Alfredo Guaraná e Mário Amaral.

O triunfo

No entanto, foi em 1979 que o 935 se consagrou o rei de Le Mans. Com os carros do Grupo 5 praticamente dominando a temporada, o bólido conquistou as três primeiras posições, além das sétima, oitava, nona, décima primeira, décima terceira e décima quinta colocações, mostrando todo o poderio da Porsche em provas de longa duração.

O carro vencedor foi um 935 K3 da poderosa Porsche Kremer Racing, pilotado pelo alemão Klaus Ludwig e pelos irmãos norte-americanos Don e Bill Whittington.

Uma curiosidade: o 935 da Dick Barbour Racing, que terminou em segundo lugar, tinha no elenco de pilotos, além do dono da equipe que emprestava seu nome à mesma, o alemão Rolf Stommelen, que fez a quarta colocação na estreia do modelo em Le Mans, no ano de 1976, e o ator e piloto Paul Newman.

Seja como for, entre os anos de 1976 e 1984, o 935 passou por diversas modificações para se adequar as mais de 20 classes em que disputou corridas. Participou de 370 provas e venceu 123 delas. Números que fazem dele um dos Porsche mais incríveis da história.

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Por Marcelo Iglesias Ramos

Jornalista (31) 99245-0855

 

Fotos: Internet

 

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Emilio Camanzi

Emilio Camanzi

Emilio Camanzi  é um jornalista experiente e formador de opinião, com mais de 56 anos de trabalho dedicados a área automobilística. Seu trabalho sempre foi norteado pela busca da seriedade e credibilidade da informação. Constrói suas matérias de forma técnica, imparcial e independente, com uma linguagem de fácil compreensão. https://www.instagram.com/emiliocamanzi/ 🙋 PARCERIAS: comercial@carroscomcamanzi.com.br

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