O que um jogo de pneus novos é capaz de fazer pelo seu carro
Nunca é demais falar que os pneus são o único ponto de contato do carro com o piso, por isso a sua fundamental importância na performance do veículo. Na medida em que vão sendo usados, os pneus não apresentam desgaste absolutamente iguais. Dependendo da posição que estão no veículo e no percurso que o motorista faz com frequência, ele pode ter um maior desgaste, até mesmo com irregularidades nos pneus do lado direito ou esquerdo, e as vezes nos dianteiros ou traseiros. Tudo depende também das características técnicas de tração de cada carro.
Hoje, os carros pequenos e médios, em sua grande maioria, têm a tradicional tração dianteira, ou seja, o desgaste mais acentuado fica nos pneus da frente. Eles que têm a função de tracionar o veículo nas arrancadas, segurá-lo nas frenagens (quando há transferência de peso do eixo traseiro para o dianteiro) e, finalmente, os pneus da frente são os responsáveis por dar a direção ao veículo. Claro e sem dúvidas que eles se desgastam muito mais do que os traseiros, que são apenas puxados pela tração dianteira e pouco trabalho fazem nas mudanças de direção e frenagens.
Quando um modelo de carro possui tração traseira, há uma ligeira redução no trabalho dos pneus dianteiros, que ficam apenas com a direção e frenagens. Os traseiros se encarregam da tração. Nessa configuração, há um equilíbrio maior no desgaste dos quatro pneus.
Mas o fato é que os pneus se desgastam e, o que é pior, eles envelhecem, tornando-se duros e pouco flexíveis. Com o passar do tempo, eles correm até mesmo o risco de romperem a estrutura lateral, ou, dependendo da pressão utilizada e da forma de trabalho, podem estourar totalmente. Isso geralmente ocorre quando o pneu é muito velho, com mais de 7 ou 8 anos de uso. A recomendação dos principais fabricantes do ramo (Pirelli, Goodyear, Continental, Michelin etc.), é a de que eles devem ser substituídos a cada 5 ou 6 anos, mesmo que a banda de rodagem apresente bastante borracha ou independente do quanto eles rodaram.
Claro que outros fatores também fazem a diferença para o desgaste da sua estrutura, como calibragem errada (tanto para mais quanto para menos), exposição constante e diária ao sol ou contato com produtos químicos que podem comprometer a carcaça a longo prazo. A verdade é que os pneus devem ser trocados periodicamente, mesmo que ainda tenham boa aparência. Esse cuidado garantirá sua segurança e de sua família, principalmente em viagens mais longas ou uso intenso (táxi, carros de aplicativo e por aí vai), onde os pneus têm que rodar por mais de 200 ou 300 quilômetros por dia.
Mesmo que você não perceba, pneus com desgaste desigual ou irregular, e endurecidos pelo tempo, vão causar um rodar ruidoso e áspero em qualquer tipo de automóvel, o que penaliza suspensões, buchas e amortecedores. Além disso, o sistema de direção fica mais duro e tende a puxar para o lado (direito ou esquerdo, dependendo da situação).
Quando a decisão de comprar um jogo de pneus novos é tomada, independente da marca, certamente esse será o correto a se fazer. Os pneus devem ser sempre substituídos em seu conjunto (4 unidades), ou, na pior das hipóteses, aos pares, que deverão ser sempre montados em um mesmo eixo. A preferência é para a troca dos pneus do eixo dianteiro, onde se concentra a direção, maioria da frenagem e, em boa parte dos carros, também a tração.
O tal jogo de pneus novos volta a deixar um automóvel com um rodar exatamente igual no diâmetro, largura e desgaste, com um composto de borrachas novas e flexíveis, que garantirão mais conforto e silêncio ao rodar. Uma estrutura, ou carcaça, como chamam alguns, segura e confiável para transitar em qualquer tipo de situação (pisos irregulares, muitos quilômetros seguidos e velocidades mais altas), sem risco de ruptura ou estouro da estrutura por fadiga.
São só vantagens. Pra quem tem um carro com 50 ou 100 mil quilômetros de uso e teve a oportunidade de montar um bom jogo de pneus novos nele, sabe que a sensação é a de que o carro está novo de novo, tamanha a melhora no rodar. E essas diferenças positivas podem se refletir até mesmo em um menor consumo de combustível pelo equilíbrio do novo conjunto no veículo.
Outra dica valiosa é a de nunca usar pneus diferentes em um mesmo eixo, e, claro, procure não fazer um jogo com marcas diferentes. Isso certamente vai aumentar o índice de desgaste do conjunto, e comprometer a flexibilidade e aderência. Os efeitos negativos disso tudo na condução do veículo são grandes, por isso utilize sempre pneus de marcas/medidas iguais no conjunto.
Isso só não é possível quando o seu carro tem medidas diferentes no eixo dianteiro e traseiro (normalmente modelos esportivos), mas, de qualquer forma, siga sempre as recomendações do fabricante do seu veículo quanto a substituição desses componentes e de sua calibragem, nunca esquecendo que é sempre bom um ligeiro aumento na pressão dos pneus quando se vai viajar muitos quilômetros seguidos em rodovias. E aí, não é hora de trocar os pneus?
Douglas Mendonça é jornalista na área automobilística há 46 anos.
Trabalhou na revista Quatro Rodas por 10 anos e foi diretor de redação da revista Motor Show até 2016. Formado em comunicação pela Faculdade Cásper Líbero, estudou três anos de engenharia mecânica na Faculdade de Engenharia Industrial (FEI) e no Instituto de Engenharia Paulista (IEP).
Como piloto, venceu a Mil Milhas Brasileiras em 1983 e a Mil Quilômetros de Brasília em 2004.
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