Mustang comemora 10 milhões de pôneis
A Ford comemorou nesse mês a marca de 10 milhões de unidades do Mustang. O número pode até parecer modesto quando se coloca ele ao lado de outros automóveis de oito dígitos como Toyota Corolla, Volkswagen Golf e até mesmo irmã F-Series que já atingiram a marca há muito mais tempo, mas é preciso reconhecer que seu desempenho comercial é assombroso, ainda mais quando se trata de um modelo de apelo esportivo. Nesse mais de meio século, o Mustang sobreviveu à crise do petróleo, quando recebeu uma carroceria indecorosa que compartilhava base com o insosso Pinto (primo hatch do Maverick) e viu muito de seus concorrentes desaparecerem. Ele foi impactado pela invasão japonesa nos anos 1980 e passou por uma crise de identidade na quarta geração, lançada em 1994.
Apesar das oscilações de volume, desde que foi lançado, ele vendeu uma média de 185 mil unidades anuais, cerca de 15 mil carros por mês ou até mesmo 500 unidades diárias. Um pouco mais além, corresponde a 20 carros por hora. Assim, podemos dizer que, em média, a cada três minutos um Mustang foi vendido nos últimos 54 anos.
Ícone
Entre altos e baixos, o Mustang segue como um dos ícones da cultura pop norte-americana, principalmente no que se refere aos seus primeiros anos de mercado, entre 1964 e 1972. Ele é uma figura onipresente no cinema, faz pontas em filmes adolescentes, películas de ação, comédias e dramas. Tema que merece um artigo exclusivo.
Seu desenvolvimento teve início dos anos 1960, sob comando do “mago” Lee Iacocca. Na época, a Ford buscava por um automóvel barato, compacto e de apelo esportivo para atender ao público jovem. O resultado chegou em 17 de abril de 1964, com opções de carroceria cupê e conversível. Pouco depois a Ford revelou a icônica versão fastback. O Mustang se tornou uma febre nos Estados Unidos. Em seu primeiro dia de vendas foram feitos 22 mil pedidos. Até agosto de 1965 eram quase 700 mil unidades. É um modelo que tem um carisma enorme, que se compara ao Fusca e primeira geração do Mini. Não é raro se deparar com programas de TV que contam histórias de vínculo afetivo entre o modelo e seus donos. Carros que passaram de geração.
Durante todos esses anos, o Mustang recebeu incontáveis versões de alto desempenho partindo do Shelby GT 350, assim como o GT 500, Super Snake, Boss 302, Mach I, Cobra, dentre outras interpretações.
Mesmo que a indústria norte-americana tenha criado esportivos lendários como Chevrolet Chevelle, Nova, Camaro e Corvette; Buick Grand National; Dodge Charger, Challenger e Viper; Pontiac GTO e Plymouth Barracuda, assim como se definir como um país construído na caçamba de picapes, o Mustang segue sendo a definição do automóvel americano. E a Ford sabe muito bem disso, a ponto de deixar muito claro que em sua estratégia para os próximos anos, em que concentrará seus projetos nos segmentos de picapes e utilitários-esportivos (SUV’s) nos Estados Unidos, apenas o Mustang continuará sendo remodelado. Ainda bem!
Marcelo Iglesias Ramos é Jornalista e Designer Gráfico.
Está na área desde 2003, atualmente é o editor do caderno HD Auto, do jornal Hoje em Dia, de Belo Horizonte. Figura presente em todos os lançamentos, salões do automóvel e eventos da indústria automobilística. Para relaxar, tem como hobby escrever para seu blog de games, o “GameCoin” (www.gamecoin.com.br).