por Marcelo Iglesias
A Lamborghini apresentou, esta semana, o Urus, seu utilitário-esportivo que vinha sendo prometido desde 2012. Naquela época, a marca do touro revelou um jipão com linhas angulosas que gerou faniquitos e chiliques, tal como quando a Porsche anunciou que fabricaria um SUV no final dos anos 1990.
O Urus, porém, nada mais é que um Porsche Cayenne com vincos acentuados e com o emblema da casa de Sant’Agata Bolognese. Como Porsche e Lamborghini pertencem ao mesmo grupo Volkswagen, eles compartilham plataforma, eletrônica e até mesmo o motor. No caso, um V8 biturbo 4.0 recalibrado, para ofertar 650 cv ao invés dos 560 do compadre alemão em sua versão Turbo.
O jipão da Lamborghini é capaz de acelerar de 0 a 100 km/h em 3,5 segundos. Algo absurdo para um “boi” de 2.200 quilos. Sua velocidade máxima é de 305 km/h. Para dar conta de números tão brutais, o Urus conta com gerenciamento eletrônico agressivo. São seis modos de condução, vetorização de torque, além dos conhecidos controles de tração e estabilidade e demais auxílios para reduzir a rolagem da carroceria, que é sempre uma preocupação em utilitários com centro de gravidade elevados.
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Razão acima da paixão
Mas voltemos aos faniquitos. Por que a Lamborghini resolveu entrar na onda dos SUVs, se seu negócio são supercarros de baixo volume? A resposta pode ser obtida com mais clareza se perguntada ao conselho acionista do Grupo Volkswagen, que não pode se dar ao luxo de ter uma marca (e uma fábrica) que opere da forma que a Lamborghini opera até hoje.
Trata-se do mesmo movimento que foi feito com a Porsche há 20 anos. O Cayenne salvou a marca de Stuttgart da falência e fez com que ela se tornasse a fabricante mais rentável do mundo, com um lucro unitário de US$ 17.500 (R$ 56,5 mil).
Ter um SUV permitiu que a marca alemã elevasse seu volume com um produto de maior penetração de mercado, sem macular a essência de seus produtos tradicionais, uma vez que não se tratava de um esportivo “simplificado”, mas um jipão que carregava o DNA Porsche. Assim, a marca agregou valor ao seu utilitário esportivo, mas com rentabilidade bem mais expressiva do que teria com um 911 ou Boxster.
É aquela história: encontrar comprador para um 911 não é tão fácil como achar alguém que compraria um jipão com o mesmo emblema de um 911.
Com o Lambo, a lógica é a mesma, mas com volumes mais distintos. Nos Estados Unidos, um Cayenne parte de US$ 65.700, na versão equipada com motor V6 e chega ao teto de US$ 124.600 na Turbo. Já o Urus terá versão única e custará US$ 200 mil.
No ano passado, a Lamborghini vendeu nos Estados Unidos e Europa 1.974 unidades dos modelos Aventador e Huracan. Cerca de outros mil carros foram espalhados para o restante do planeta, inclusive o Brasil. O plano da VW para a Lamborghini é produzir 3.500 unidades do Urus ao ano. É mais que dobrar a produção em Santa’Agata Bolognese, onde os Lamborghini são fabricados.
É um pouco menos do que custa um Lamborghini Huracan, que nos EUA parte de US$ 205 mil. O raciocínio é o mesmo, pois uma coisa é pagar essa bagatela por um supercarro com uso esporádico; outra é pagar quase o mesmo valor por um automóvel de alto desempenho, mas que pode ser utilizado diariamente e que tem colado no capô dianteiro o emblema do touro.
É vida que segue!
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Marcelo Iglesias Ramos
Jornalista | Designer Gráfico
(31) 99245-0855
Fotos: divulgação Lamborghini
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Preço no Brasil: 7 dígitos.