TT RS é mais bravo e caro que o 718 Cayman
Por volta de 2012, tive a oportunidade de guiar pela primeira vez o TT RS – versão apimentada de cupê alemão que debitava 340 cv de seu motor 2.5 de cinco cilindros. Lembro com clareza – e certo pânico – que foi o carro que me permitiu atingir meu recorde pessoal de velocidade (270 km/h). Sendo franco, não me orgulho disso, ainda mais nas condições em que a marca foi obtida.
E lembro também que foi naquele exato momento que entrei debaixo de uma tormenta, daquelas que só caem em São Paulo. Apesar de quase ter me “sujado”, o TT RS manteve-se inabalável durante o processo emergencial de desaceleração, muito graças a seus largos e abençoados pneus aro 19.
Agora, a Audi revela a linha 2020 do TT RS, que passou por modificações visuais e ganhou novos conteúdos: para-choques com difusores de ar redesenhados e asa traseira de maior diâmetro e largura entre as principais.
Trata-se da última mexida até a virada de geração que deve acontecer em 2022. Desde seu lançamento, em 1998, a Audi tem girado as gerações a cada oito anos.
Mas, o que segue me chamando a atenção no TT RS é o motor. Nos últimos anos, os alemães da Audi, BMW e Mercedes-Benz vêm travando uma batalha por redução de volume de seus motores e aumento de potência, o chamado downsizing. Em 2010, saiu o V6 aspirado 3.2 de 250 cv e entrou o cinco cilindros turbo de 340 cv (aquele do recorde). Com 60 cv a menos, ele era um carro assustador, que intimidava pelo ronco e pela forma que reagia quando o provocávamos com o acelerador. Eis que, em 2016, houve reajuste desse motor para 400 cv e 48 mkgf de torque. Senhores, há 20 anos, esse número era potência de superesportivos. Uma Ferrari F40 entregava 480 de seu obceno V8 biturbo 3.9. O Emílio sabe muito bem como esse carro se comportava.
Trata-se da unidade que figura na linha RS3. Para se ter uma ideia, o 2.5 oferece mais potência ao TT RS que o primo Porsche 718 Cayman S recebe de seu boxer 2.5 turbo de 350 cv.
Nessa reestilização, foram mantidos os 400 cv do bloco, mas os números melhoraram. A versão cupê melhorou sua aceleração de 0 a 100 km/h em 0,2 segundo, cravando 3,7s.
A transmissão segue com a conhecida caixa de dupla embreagem e sete velocidades S Tronic, e a tração é integral Quattro. A velocidade máxima é limitada em 250 km/h, mas há opção que permite ir até a 280 km/h.
A atualização também se estendeu à versão Roadster, de carroceria aberta. Na Europa, o cupê parte de 67.700 euros e o conversível sai por 70.500 euros.
Nesse quesito, o 718 Cayman leva uma vantagem: ele é mais barato que o primo das quatro argolas. Na Europa, é claro!
Marcelo Jabulas é Jornalista e Designer Gráfico.
Está na área desde 2003, atualmente é o editor do caderno HD Auto, do jornal Hoje em Dia, de Belo Horizonte. Figura presente em todos os lançamentos, salões do automóvel e eventos da indústria automobilística. Para relaxar, tem como hobby escrever para seu blog de games, o “GameCoin” (www.gamecoin.com.br).