Tesla Sofre Impactos da Guerra Tarifária entre EUA e China

Escalada de tarifas entre as duas maiores economias do mundo afeta a competitividade da Tesla e põe em xeque a relação de Elon Musk com o governo Trump

A intensificação da guerra tarifária entre os Estados Unidos e a China tem gerado turbulências no comércio global, afetando empresas de diversos setores. A Tesla, montadora de veículos elétricos liderada por Elon Musk, que também comanda o Departamento de Eficiência Governamental do governo de Trump, é um exemplo de como a disputa comercial pode impactar negativamente os negócios, em meio a uma complexa teia de interesses políticos e econômicos.

Elon Musk

A Escalada das Tarifas e a Resposta Chinesa

Em 2 de abril de 2025, o governo americano, sob a presidência de Donald Trump, elevou as tarifas sobre produtos chineses, atingindo um patamar de 54%. Posteriormente, esse valor foi aumentado para 104%. Em retaliação, a China impôs tarifas de 84% sobre produtos americanos, a partir de 10 de abril de 2025. A escalada tarifária tem gerado preocupações sobre uma possível paralisação da economia global, caso as partes não cheguem a um acordo.

Embora Trump tenha anunciado uma pausa de 90 dias na aplicação de algumas tarifas a outros países, o aumento das tarifas sobre produtos chineses foi mantido, buscando combinar alívio para alguns parceiros comerciais com pressão sobre a China. A União Europeia também reagiu, ajustando suas tarifas para 10% e planejando retaliações no valor de US$ 21 bilhões, refletindo a volatilidade nos mercados globais.

Donald Trump, presidente dos EUA

Tesla em uma Encruzilhada

A Tesla, que possui na China seu segundo maior mercado, com 657 mil veículos vendidos em 2024, enfrenta desafios significativos em meio à guerra tarifária. A montadora possui uma “gigafábrica” em Xangai, onde produz modelos como o Model 3, Model S e Model X, visando atender ao mercado chinês e exportar para outros países, especialmente na Europa.

No entanto, as alterações nas tarifas de importação entre os EUA e a China afetam a lucratividade da Tesla, sua cadeia de fornecimento e seu posicionamento competitivo no mercado chinês. Tanto os componentes utilizados na produção quanto os veículos completos podem ficar mais caros na China, forçando a Tesla a realocar sua produção para outras regiões ou a se submeter aos aumentos nos custos operacionais.

A restrição ao desenvolvimento tecnológico também é uma preocupação, já que a Tesla depende de componentes específicos produzidos e/ou montados na Ásia. A mudança de fornecedores pode ser onerosa e atrasar lançamentos, afetando a capacidade da Tesla de se manter competitiva no mercado chinês.

Elon Musk em Meio ao Fogo Cruzado

Além dos impactos comerciais e industriais, a guerra tarifária também coloca Elon Musk em uma posição delicada, devido à sua associação com o governo Trump. Apesar de ter doado cerca de US$ 290 milhões para campanhas republicanas em 2024 e de atuar como conselheiro do governo no programa DOGE, Musk já havia discordado da gestão em temas como vistos para imigrantes qualificados e gastos públicos.

Segundo o Washington Post, Musk tentou intervir diretamente com Trump para suspender as tarifas, mas não obteve sucesso. A China, que tradicionalmente respeita e valoriza seu governo local, pode associar a Tesla à política americana, o que poderia afetar negativamente as vendas da montadora no país.

As ações da Tesla (TSLA) também sofreram um impacto, caindo de um pico histórico de US$ 479,86 em 17 de dezembro de 2024 para US$ 218,71 em 8 de abril de 2025. A queda reflete desafios na produção, questões geopolíticas e a associação de Elon Musk a Trump e seus movimentos políticos controversos.

Presidente Xi Jinping, da China.

O Futuro Incerto da Tesla na China

Apesar de manter uma boa interlocução com o governo chinês, Elon Musk não está imune às consequências de associar sua imagem ao governo Trump e à guerra comercial. A situação representa uma pequena batalha que pode ter consequências significativas para o futuro da Tesla, uma das empresas mais inovadoras da atualidade.

A China expressa abertura para negociações, enfatizando que “não há vencedores em uma guerra comercial”, mas reafirma sua determinação em proteger seus interesses nacionais. A continuidade da escalada tarifária, sem soluções negociadas, pode trazer impactos econômicos adversos para ambos os países e para a economia global como um todo.

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