Teste Renault Zoe E-Tech 2023

Teste Renault Zoe E-Tech 2023

Este é o Renault Zoe E-Tech, o elétrico da marca francesa que anda por aqui desde 2018. Hoje, na terceira geração, evoluiu bastante e nós avaliamos um por vários dias. Ele não é dos mais baratos. Mas e aí? Será que tem bala para encarar a nova concorrência chinesa que já está por aqui? Vamos conferir.

 

 

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Importado da França, o Zoe E-Tech é um hatch compacto. Hoje só é vendido na versão Intense, a topo de linha. Com design moderno, tem o grande losango da marca como destaque.

As luzes de condução diurna, os faróis principais e os de neblina são em LED, bem como as lanternas traseiras, com luz de seta sequencial. Rodas em liga de aro 16 polegadas e maçanetas das portas traseiras disfarçadas, dão um toque de esportividade. Um conjunto sem grandes exageros estilísticos e que me agrada.

Internamente, tem um design jovial com uso de materiais sintéticos reciclados, como o tecido usado no painel, portas e bancos, que reforçam a proposta ambientalista do Zoe, assim como o painel emborrachado e parte do revestimento dos bancos imitando couro. O que dá um certo ar de requinte.

O quadro de instrumentos é digital e exibe todas as informações de funcionamento, recarga e autonomia do Zoe, o que também pode ser visto na boa central multimídia de 10 polegadas. Ela peca porém, por ainda precisar de cabo para espelhar celular. O espaço interno é razoável. Bom na frente, mas atrás só vão bem dois adultos e uma criança. O porta-malas, com 338 litros de capacidade, está na média dos hatches compactos. 

 

Equipamentos e Segurança

Nos mimos poderia ser melhor. Tem chave com sensor de aproximação; partida por botão; freio de estacionamento eletromecânico; sensor crepuscular e de chuva; e sensores de estacionamento na frente e atrás. O ar-condicionado é digital automático, mas não tem saídas atrás. Pelo que custa, poderia oferecer um pouco mais, como um teto solar e um carregador de celular por indução, por exemplo. E a situação se repete quando o assunto é segurança. Além dos controles de tração, estabilidade e auxiliar de partida em rampa, tem só quatro airbags, sensor de ponto cego e farol alto automático. Úteis, é claro! Mas faz falta um alerta de colisão com frenagem autônoma.

 

Mecânica

Já na mecânica se sai bem. É equipado com um motor elétrico de 135 cavalos de potência e 25 kgfm de torque colocado transversalmente na frente.

A transmissão  dianteira, conta apenas com duas marchas, Drive e Ré, selecionadas por meio de uma alavanca tipo joystick. A alimentação é feita por meio de uma bateria de Ion-Lítio de 52 kWh de capacidade, colocada sob o assoalho. Uma combinação que permite um bom desempenho, principalmente nas acelerações e retomadas de velocidade por causa do torque instantâneo. A máxima, porém , é limitada para não esvaziar a bateria rapidamente e diminuir drasticamente a autonomia.  E por falar em autonomia, segundo a Renault, pelo ciclo WLTP ele pode rodar 385 quilômetros. Já pelo ciclo do Inmetro, são apenas 254.

 

Desempenho

0 a 100 km/h: 9,5 s

Vel. máxima: 140 km/h (corte eletrônico)

 

De qualquer maneira quando pegamos o carro, ele estava com a bateria 100% carregada e o computador de bordo indicava os 385 km de autonomia. Mas o Zoe tem alguns recursos que permitem administrar bem essa autonomia e até a ampliá-la andando. Como todo carro elétrico, ao tirar o pé do acelerador, o motor vira um gerador e recarrega a bateria. No Zoe você pode incrementar essa recarga colocando o câmbio na posição B, fazendo inclusive que se tenha um bom freio motor diminuindo o uso do freio, que também é regenerativo e ajuda na recarga ao ser acionado. E utilizar o modo ECO, quando todo o conjunto, inclusive o ar-condicionado, passa a trabalhar utilizando o mínimo possível de energia, e a velocidade limitada a 100 km/h.

 

 Autonomia

Ciclo Inmetro       254 km

Ciclo WLTP         385 km

 

Fazer a recarga não é difícil. Basta apertar um botão no painel, que a portinhola na frente se abre para colocar o pino tipo 2 na tomada do carro, e ver no quadro de instrumentos quanto tempo vai levar para recarregar a bateria. O que depende da capacidade do ponto, como mostra a tabela.

 

Ponto de: 50 kW – 0 a   80% – 1h05

                22 kW – 0 a 100% – 2h54

                11 kW – 0 a 100% – 5h48

Wallbox  7,4 kW – 0 a 100% – 8h33 (que custa entre R$ 7.000 a R$ 8.000)

 

Por exemplo, em um ponto de carga rápida, que ainda são poucos no Brasil, se a bateria estiver zerada, dá pra carregar 80% da capacidade em 1 hora. Você também pode fazer a recarga em casa.

Porém aí tem uma mancada da dona Renault. No Zoe ela não fornece o cabo para colocar na tomada comum de 220 volts, como faz com o Kwid e-Tech. E aconselha a fazer isso por meio da instalação de um Wallbox na sua casa. Só que ela não fornece e nem comercializa o equipamento e você vai ter que comprar no mercado, gastando em torno de 7 a 8 mil reais a mais. 

Mas no consumo se sai bem. Em nosso circuito cidade/estrada, chegou a bons 0,128 kWh por quilômetro, bem próximo ao que Kwid e-Tech fez, que até agora é o mais econômico que testamos, com 0,125 kWh/km.

 

Consumo médio (nosso circuito cidade/estrada)

Kwid E-Tech     0,125 kWh/km

Zoe E-Tech        0,128 kWh/km

 

Levando-se em conta o preço do quilowatt hora em Belo Horizonte no dia do teste, de 0,749 centavos, o custo por quilômetro rodado do Zoe foi de apenas 0,096 centavos. Ou seja, menos de 10 centavos por quilômetro. Muito bom.

 

kWh                            R$ 0,749

Zoe custo por km       R$ 0,096

 

E como anda? Com o torque do motor instantâneo, tanto no modo normal como no ECO, as respostas são rápidas. Ele é ágil no trânsito e não faz feio na estrada. Apesar da suspensão mais firme para suportar os 1.502 quilos, sendo 326 só da bateria, é confortável ao rodar e, como um bom elétrico, silencioso.

 

Zoe

Peso total          1.502 kg

Bateria                 326 kg

 

Só em pisos irregulares é que surgem alguns barulhos, que seriam abafados por um motor a combustão. Mas não chegam a incomodar. Além disso, a bateria no assoalho garante uma boa estabilidade, o que, em parceria com uma direção elétrica precisa e bons freios a disco ventilados nas quatro rodas, transmitem segurança, além de prazer ao dirigir.

Mas e aí, vale a pena? Bem, é aí que a porca torce o rabo pra Renault. O carro é legal, mas com a chegada do BYD Dolphin elétrico por 149.800 reais, o mercado deu uma sacudida. O hatch compacto chinês, que é muito bem equipado e tem um espaço interno quase igual ao de um carro médio, já chegou com um preço praticamente igual ao de alguns carros a combustão. Como por exemplo o Volkswagen Virtus Exclusive ou o Toyota Corolla GLi. E arruinou a relação custo/benefício do Zoe.

 

VW Virtus Exclusive      R$ 147.790

Toyota Corolla GLi         R$ 148.990

BYD Dolphin EV            R$ 149.800

Renault Zoe E-Tech         R$ 239.990

(preços em julho 2023)

 

Ou seja, se a Renault não tomar uma providência com relação ao preço, a vida do Zoe daqui pra frente vai ficar bem difícil em nosso mercado.

 

Notas do Emilio

 

Desempenho                7

Consumo                       10

Segurança                     8

Estabilidade                  8

Acabamento                  8

Espaço interno              8

Porta-malas                   7

Custo-benefício            3

 

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Emilio Camanzi

Emilio Camanzi

Emilio Camanzi  é um jornalista experiente e formador de opinião, com mais de 56 anos de trabalho dedicados a área automobilística. Seu trabalho sempre foi norteado pela busca da seriedade e credibilidade da informação. Constrói suas matérias de forma técnica, imparcial e independente, com uma linguagem de fácil compreensão. https://www.instagram.com/emiliocamanzi/ 🙋 PARCERIAS: comercial@carroscomcamanzi.com.br