Quattro: A revolução das quatro argolas

Quattro: A revolução das quatro argolas

Automóveis com tração nas quatro rodas não são uma novidade na indústria do automóvel, mas eram relegadas a veículos utilitários. Até 1980, o sistema tinha como base o uso da caixa de transferência para engatar o eixo dianteiro do veículo e auxiliar na tração das rodas traseiras. Mas um belo dia, os engenheiros da Audi, que utilizam carros com tração dianteira, tiveram a feliz ideia de construir um esportivo que tivesse tração nas quatro rodas, porém de forma permanente.
Depois de muito matutarem chegaram a um sistema integral que foi batizado de quattro (4 em italiano). Isso mesmo, com a letra “q” minúscula. A aplicação do sistema se deu num cupê que se baseava no Audi 80 e foi batizado de Quattro.
Para entregar vigor ao engenhoso sistema de tração que colocava o cupê sobre trilhos, a Audi instalou uma unidade cinco cilindros 2.1 litros de 200 cv e 28,5 mkgf de torque. Era o suficiente para fazer dele um dos esportivos mais interessantes de 1980.

Todo terreno

O Quattro era um carro lindo, com desenho arrojado faróis que aqui inspiraram modelos da prima pobre Volkswagen, como Gol e Passat. Ele se destacava pela coluna C larga, que aumentava sua esportividade. E não demorou para ele ir para em competições.

Em 1981 ele participou do Mundial de Rali (WRC) e terminou na quinta colocação. No ano seguinte o Quattro garantiu à Audi o título de construtores e o vice-campeonato à piloto francesa Michèle Mouton. A equipe alemã ainda conquistou o título de construtores em 1984 e ainda amealhou mais dois títulos de pilotos nos anos de 1983 e 1984.
Sport Quattro S1
Com o regulamento do Grupo B da FIA, que foi a modalidade mais insana que a Federação Internacional do Automóvel já aprovou, a Audi resolveu criar uma derivação diabólica para correr na categoria e desenvolveu o Sport Quattro em 1984.
Era uma versão envenenada que teve a potência elevada para 450 cv, graças ao uso de um cabeçote com comando duplo de 20 válvulas, injeção Bosch LH Jetronic e uma poderosa turbina KKK. Se não bastasse, ele teve seu entre-eixos encurtados em 32 cm. O encolhimento era uma foram de tornar o carro mais competitivo, pois ele seria capaz de manobrar com rapidez em grampos e em trechos estreitos.
Segundo reza o folclore em torno do Quattro, os engenheiros da Audi redimensionaram o carro para que ele tivesse dimensões semelhantes aos do Peugeot 205 T 16 e do Lancia 037, que foram projetados sob medida para a melhor performance no Grupo B.
Para homologar o carro, o regulamento exigia uma tiragem para uso urbano. Foram construídas 224 unidades que na época custava cerca de 210 mil marcos alemães, que era uma verdadeira fortuna. A versão de rua era um pouco mais mansa que a de rali. Seu motor entregava 306 cv, mas ainda sim era superior à potência de uma Ferrari 328, e com a vantagem de ter uma dirigibilidade mais precisa.
S1 E2 
Em 1985 a Audi mexeu novamente no carro. Ajustes no turbocompressor, reduziu o retardo (turbo lag) e permitiu elevar a potência para 507 cv, o que lhe garantiu o segundo lugar no campeonato de construtores e de pilotos daquele ano.
Dois anos depois, o carro foi inscrito para participar da subida de montanha de Pikes Peak, nos Estados Unidos. Com um kit aerodinâmico com imensas asas na traseira e abaixo do para-choque, o carro teve a potência elevada para 600 cv. O carro foi pilotado pelo bicampeão do WRC, Walter Röhrl, que venceu a prova com o tempo de 10m47s850.
Depois disso, o Quattro se recolheu para a vida urbana e foi fabricado até 1991, quando foi substituído pelo S2, que jamais foi capaz de supera-lo. Aliás, nenhum outro Audi foi!

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Marcelo Jabulas é Jornalista e Designer Gráfico.
Está na área desde 2003, atualmente é o editor do caderno HD Auto, do jornal Hoje em Dia, de Belo Horizonte. Figura presente em todos os lançamentos, salões do automóvel e eventos da indústria automobilística. https://www.youtube.com/garagemdojabulas

 


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Emilio Camanzi

Emilio Camanzi

Emilio Camanzi  é um jornalista experiente e formador de opinião, com mais de 56 anos de trabalho dedicados a área automobilística. Seu trabalho sempre foi norteado pela busca da seriedade e credibilidade da informação. Constrói suas matérias de forma técnica, imparcial e independente, com uma linguagem de fácil compreensão. https://www.instagram.com/emiliocamanzi/ 🙋 PARCERIAS: comercial@carroscomcamanzi.com.br