Polo 2023 perde desempenho e ganha em consumo de combustível
Houve discussões até em redes sociais sobre as modificações introduzidas pela VW no Polo 2023. As críticas apontam que o modelo foi “rebaixado” em termos de equipamentos, além de dúvidas sobre os preços. De fato, o modelo de entrada (versão MPI) foi reajustado para cima, enquanto duas outras (Comfortline e Highline) diminuíram de preço (de R$ 7.000 a R$ 9.000). Além disso, o motor aspirado de 1,6 L que havia saído de linha em fevereiro foi substituído agora pelo três-cilindros 1-L turbo (nova versão, TSI). Por outro lado, faróis de LED desde a versão de entrada, além de exclusividade entre os compactos, são um grande avanço em segurança ativa.
O hatch compacto recebeu simplificações como a troca dos freios traseiros a disco por tambor, perdeu conta-giros e regulagem de altura e distância do volante nas versões MPI e TSI, além de redução de potência do motor de 1 L turbo, de 128/116 cv (E/G) para 116/109 cv, e de torque, de 20,4 kgf.m para 16,8 kgf.m (E ou G).
Pude avaliar as versões TSI com câmbio manual de cinco marchas e Highline com automático de seis, ambos abastecidos com etanol, numa viagem ida e volta de 90 km entre São Paulo (SP) e Araçariguama (SP). Com o câmbio automático a percepção de perda de desempenho não chega a ser muito relevante, mas numa ultrapassagem em estrada as respostas ao acelerador exigem mais atenção. Porém na aceleração de 0 a 100 km/h a perda foi de quase um segundo (antes 9,6 s e agora 10,5 s). Entre os principais concorrentes o Onix acelera em 10,1 s e HB20 em 10,7 s.
Na versão de câmbio manual em algumas situações obriga a utilizar mais a alavanca, embora o curso e a precisão de engates sejam a melhor referência do mercado. Aceleração de 0 a 100 km/h em 10 s é um pouco melhor que a versão automática, enquanto Onix marca 10,1 s e o HB20 9,3 s assumindo a liderança em desempenho entre os compactos com câmbio manual.
Por outro lado, o consumo de combustível em ciclo urbano melhorou com etanol entre 9% e 17%, dependendo da versão, e com gasolina entre 8% e 17%. No ciclo rodoviário entre 9% e 15% (etanol) e entre 7% e 15% (gasolina). São números muito bons.
Quanto aos freios a tambor nas rodas traseiras não notei perda de capacidade de desaceleração nem de eficiência quando mais exigido. Como houve uma pequena redução de massa do veículo a frenagem de 100 km/h até a imobilização é feita em 38,3 m e na versão anterior, com discos nas quatro rodas, 39,4 m, ou seja, o modelo atual para em uma distância menor.
Os amortecedores foram recalibrados. O Polo 2023 ficou um pouco menos firme do que antes, porém sem alterar as qualidades dinâmicas que sempre marcaram o modelo como referência em seu segmento.
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- Volks vende 7 mil unidades do Polo 2023 em duas horas: https://carroscomcamanzi.com.br/volks-polo-2023-vendas/
Kia Niro híbrido bem equipado a preço competitivo
Com estilo ousado, o Kia Niro híbrido puro estreia no Brasil, importado da Coreia do Sul em duas versões (EX e SX Prestige). Trata-se da segunda geração do modelo, lançada no ano passado. A frente destaca-se pelo formato das luzes de rodagem diurna (DRL). Na traseira o desenho chama ainda mais atenção pelas lanternas em formato de bumerangue vertical. Interessante recurso de estilo é a pintura contrastante do teto até os para-lamas seguindo o contorno das portas. O painel traseiro tem função aerodinâmica com discretas entradas e saída de ar. Bons 425 litros no porta-malas (referência VDA).
O porte é de um SUV médio-compacto como Compass, Corolla Cross e Taos, porém com distância entre eixos um pouco maior (2.720 mm) que proporciona mais espaço para as pernas no banco traseiro. Outro destaque é a integração entre o quadro de instrumentos e a tela multimídia, ambos de 12,5 pol. Versão SX Prestige conta com carregamento do celular por indução. Pacote de itens de segurança inclui, além dos seis airbags, recursos reservados para o topo de linha: prevenção de colisão frontal e em marcha à ré, aviso antes se abrirem portas da aproximação de carro ou ciclista, entre outros.
Potência e torque combinados são de, respectivamente, 141 cv e 27 kgf.m, a partir de um motor a gasolina de 1,6 L (105 cv/14,7 kgf.m) e um elétrico (44 cv/17,3 kgf.m). Os motores podem trabalhar em conjunto ou separadamente. A borboleta esquerda atrás do volante permite quatro níveis de regeneração de energia para recarregar a bateria de 240 V) e 1,6 kWh de polímero de íons de lítio (PIL). A convencional de 12 V de chumbo-ácido foi substituída pelo tipo PIL. Garantia de cinco anos ou 100.000 km, mas a durabilidade da bateria pode chegar a 10 anos.
Em avaliação no autódromo Capuava em Indaiatuba (SP) o SUV mostrou equilíbrio em curvas (suspensão traseira multibraço), silêncio a bordo e boas respostas ao acelerador considerando sua massa total de 1.394 kg. Ao acionar o modo Sport as duas borboletas atrás do volante podem subir ou descer marchas do câmbio automático de duas embreagens. Aceleração de 0 a 100 km/h em 10,4 s é melhor que o Corolla Cross híbrido (13 s).
Números de consumo do Niro híbrido, referência Inmetro: cidade, 19,8 km/l e estrada, 17,7 km/l. Com o tanque de 42 litros o alcance é de 743 km em rodovias, mas a Kia indica que pode chegar a 800 km em ciclo misto no modo Eco.
Preços: R$ 204.990,00 e R$ 239.990,00.
Cayman GT4 RS impressionante em curvas como poucos
Porsche lança o 718 Cayman GT4 RS no Brasil por R$ 1.157.000. Versão superesportiva deste cupê de motor central-traseiro é quase um carro de corrida para as ruas. Traz o mesmo motor 4.0 boxer 6-cilindros aspirado do 911 GT3, mas com 500 cv (10 cv a menos) e 45,9 kgfm de torque, combinado ao câmbio automatizado de duas embreagens e sete marchas. Diferencial com deslizamento limitado (autobloqueante) é derivado do 991.2 GT3, enquanto o conjunto de engrenagens vem do antigo 911 GT3 RS.
Os freios dianteiros têm discos de maior diâmetro em relação ao Cayman GT4 (408 mm em vez de 380 mm) e dutos de refrigeração vieram do 911 GT3. Eixo dianteiro é 7 mm mais largo frente ao 718 Cayman GT4, enquanto o eixo traseiro é 8 mm mais largo. Respostas ao volante são de incrível precisão, enquanto ronco do motor dentro da cabine é instigante. Os bancos tipo concha têm estrutura em fibra de carbono e seguram o corpo nas curvas com ajuda do cinto de segurança de seis pontos.
O carro faz curvas com grande precisão e sua estabilidade é acima da média entre todos os Porsches. A fabricante informa aceleração 0 a 100 km/h em 3,4 segundos e velocidade máxima de 315 km/h. Há vários componentes feitos em compósito de fibra de carbono, como asa, capô e para-lamas. O pacote Weissach acrescenta capô, entrada de ar e asa traseira com acabamento em fibra de carbono aparente, além de rodas de magnésio que deixam o carro 20 kg mais leve.
Há entradas de ar para refrigerar os freios com especial atenção para diminuir ao máximo a turbulência aerodinâmica. Escapamento pode ter saídas feitas de titânio, que fazem parte da lista de 77 opcionais. Destes, 46 são fabricados pela Exclusiv Manufaktur, divisão de personalização dos carros da Porsche.
Carro pode estar mais sujo que um banheiro
Você provavelmente deve ter visto as advertências do Dr. Bactéria no programa de TV “Fantástico” (2006 a 2009) sobre os cuidados com a higiene. Roberto Figueiredo (seu nome real) é formado em Biomedicina e Engenharia da Qualidade. O assunto voltou agora graças ao estudo da Universidade Aston, instituição pública em Birmingham, Inglaterra feito a pedido do site Cars Scrap Comparison especializado no comércio de carros sucateados. Foram analisados veículos com dois ou mais anos de uso e o resultado surpreendeu.
A realidade aponta que o porta-malas pode carregar mais bactérias do que um vaso sanitário. Em veículos mais velhos esse problema se agrava se não houver o hábito de limpar com cuidado um local onde se transportam alimentos, além de outros objetos como malas e bolsas raramente limpos.
Áreas mais sujas em número de bactérias foram listadas: porta-malas, 1.425; banco do motorista, 649; alavanca de câmbio manual, 407; banco traseiro, 323; painel, 317; volante, 146.
Entretanto, o estudo destacou uma boa notícia para os motoristas. Graças ao aumento no uso de desinfetantes para as mãos, que continuou após a covid-19, o volante aparece em último lugar entre os locais mais contaminados. Porém, na minha opinião, estes resultados podem se alterar no futuro à medida que as pessoas forem esquecendo do pesadelo da pandemia e relaxarem nos hábitos de higienização. A universidade, no entanto, não fez projeções sobre o que pode acontecer mais adiante.
Lanchar sem sair do carro pode deixar resíduos nos bancos e também passá-los das mãos para o volante e alavanca de câmbio. Por isso fique atento e recomende atenção a todos os pontos citados acima quando entrar em um lava-rápido.
Coluna Fernando Calmon nº 1.221