Os melhores carros nacionais dos anos 90, 2000 e 2010 que já dirigi

Os melhores carros nacionais dos anos 90, 2000 e 2010 que já dirigi

Os melhores carros nacionais que já dirigi – 2ª Parte

Anos 90

Já convivendo com os importados, os carros nacionais precisaram se requintar e se modernizar para não ficarem comendo poeira. Vieram Chevrolet Omega e Vectra, Fiat Tempra, VW Gol de segunda geração, entre outros, mas quem mais me dá saudades é o VW Gol GTI 16v, configuração que chegou na linha 1996 do esportivo compacto. Além da nova carroceria “bolinha”, era equipado com motor e câmbio de origem Audi (alemães), que, para ser adaptado ao hatch nacional, obrigou a fábrica a criar um pequeno scoup no capô do Gol. Era uma espécie de calombo, ou protuberância, que melhor acomodava o cabeçote de duplo comando e quatro válvulas por cilindro no cofre. Com mais de 140 cv de potência, um prato cheio para quem curtia desempenho.

 

Não muito atrás, como coadjuvante, coloquei o sedan Chevrolet Vectra GSI, outro esportivo nacional com o trem-de-força importado da Alemanha. O carro era muito bonito, mesclando classe e esportividade, e tinha 150 cv de potência e demorava apenas 8,5 segundos para ir de 0 a 100 km/h, segundo a marca. Era outro integrante do clube dos 200: chegava até 210 km/h. A grande virtude do Vectra sobre o Gol era o fato de ele ter as vantagens de espaço e conforto de um sedan quatro portas, o que garantia comodidade a todos os passageiros, enquanto não deixava de lado o enorme prazer de dirigir e a tocada esportiva. Quase roubou o lugar do principal…

300x250

 

E, mesmo chegando no finalzinho da década, mereceu o espaço como melhor conceito o Mercedes-Benz Classe A, de 1998. Apesar do fracasso de produção nacional e de vendas, o MB brasileiro apresentava soluções modernas, como o assoalho vincado, que melhor absorvia os impactos frontais e laterais, controles eletrônicos de estabilidade e tração de série, opção da transmissão com embreagem automática, além de bastante espaço interno e modularidade. No início, tinha apenas versões 1.6, mas depois ganhou uma opção maior, de 1.9 litro. Lembro que, além de muito seguro e prático, o Classe A conquistava pelo visual diferente, conforto e posição de dirigir ereta e elevada.

Anos 2000

Desse, gostava tanto que quase comprei um zero km. Seguindo a ideia do Vectra GSI e Gol GTI 16v, a Honda fez o mesmo em 2007, importando um motor 2.0 16v e a transmissão manual de seis marchas do seu famoso S2000 japonês para serem instalados no Civic Si nacional. Era uma fera de três volumes com 192 cv de potência a altíssimos 7600 rpm, e um modesto torque máximo de 19,2 mkgf que ocorria a mais de 6 mil giros. O motor era “agudo”, mas delicioso de ser ouvido, especialmente trabalhando com aquela transmissão manual. Até o ronronar da máquina mudava nas rotações acima de 5.000 rpm.

 

Aqui temos outro coadjuvante que quase ficou para a próxima década: o VW Polo Bluemotion, lançado em 2009. Apesar de “comum”, me convenceu já no lançamento pela avançada tecnologia, tendo como principal objetivo a redução no consumo de combustível. Para isso, recebia reprogramações da eletrônica do motor 1.6 8v, uma nova relação das cinco marchas manuais (mais longa) e uma série de apêndices aerodinâmicos para reduzir seu arrasto. Até as rodas, com menos resistência ao ar no movimento, grade mais fechada, e os pneus “verdes”, de baixo atrito, contribuíam para deixá-lo mais econômico. Lembro que, na época, essas soluções me deixavam maravilhado, ainda mais quando analisava suas médias de consumo pelo computador de bordo.

 

Numa mesma década, dois Honda: como conceito dos anos 2000, não poderia deixar de falar do Fit, monovolume lançado em 2003 e produzido em Sumaré (SP). Compacto e com alguns predicados que citei no Classe A (altinho, espaçoso, com posição de guiar ereta), tinha ainda como atrativos a robustez mecânica e o baixo consumo de combustível. Era um carrinho ímpar também na modularidade: podia-se, por exemplo, levantar o assento traseiro e dobrar o encosto, permitindo que todo o habitáculo ficasse livre para acomodar objetos grandes. Outro carro muito prático e macio, especialmente nas versões com câmbio CVT acoplado aos seus pequenos motores. Só não era tão bom assim no desempenho…

Anos 2010

Perdi minha visão em 2012, então ranquear essa década já foi mais complicado para mim. Mas, um que me lembro ter sido muito divertido ao volante, fazendo merecer a liderança da década, é o Fiat Bravo T-Jet, hatch médio esportivo que chegou na metade de 2011. Com um motor 1.4 turbo que foi um dos promissores na era do downsizing, acoplado a seis marchas manuais do câmbio, era um carro de mais de 150 cv e excelentes 23 mkgf de torque, com força de sobra já nas menores rotações por conta do turbo. Para 2011, lembrando, já era moderno, com sete airbags, faróis de xenon e direção elétrica que endurecia conforme a velocidade.

 

O coadjuvante eu não cheguei a ver nas ruas, mas acompanhava seu projeto antes de nascer: Hyundai HB20 (Hyundai Brasil, e 20 com relação ao seu porte). Os coreanos aprenderam muito rápido o que o brasileiro queria, e fizeram algo à altura no segmento de hatches compactos, um dos que mais crescia na época, segundo semestre de 2012. Junto do design unânime, bons equipamentos e o primeiro motor 1.0 de três cilindros nacional, que segue em linha até hoje, o carro rodava macio, com boas respostas ao comando do volante e, para não perder a fama de hatch mais popular, tinha economia e confiabilidade como palavras de ordem. Um tiro certeiro dos coreanos, que até hoje vende bem.

 

Alguns anos mais tarde, em 2015, veio meu campeão no quesito conceito: foi a primeira picape nacional com quatro portas e carroceria monobloco, sem a utilização das pesadas e antiquadas longarinas de chassi. Basicamente, um SUV com caçamba, o que significava também um melhor aproveitamento de espaço interno, caçamba, com maior conforto e dinâmica. Os franceses da Renault apostaram, ousaram e acertaram no monobloco resistente que já existia no Duster, melhorando-o com as suspensões traseiras também independentes e maiores reforços na estrutura traseira, para suportar o peso das cargas da caçamba. Tanto deu certo que, depois, outras picapes no mesmo esquema vieram: Fiat Toro, Ford Maverick, Chevrolet Montana, Ram Rampage etc.

Na próxima semana, não perca os melhores importados listados por mim na mesma fórmula: por décadas, e divididos entre campeão, coadjuvante e conceito mais interessante. Não perca!

 

Veja também:

 

 

 

DEIXE SEU COMENTÁRIO

Douglas Mendonça

Douglas Mendonça

Douglas Mendonça é jornalista na área automobilística há 46 anos. Trabalhou na revista Quatro Rodas por 10 anos e foi diretor de redação da revista Motor Show até 2016. Formado em comunicação pela Faculdade Cásper Líbero, estudou três anos de engenharia mecânica na Faculdade de Engenharia Industrial (FEI) e no Instituto de Engenharia Paulista (IEP). Como piloto, venceu a Mil Milhas Brasileiras em 1983 e a Mil Quilômetros de Brasília em 2004. 🙋 PARCERIAS: comercial@carroscomcamanzi.com.br