O que vai mudar nos carros com o Proconve L8?

Regulamentações Rígidas Aceleram a Eletrificação e Impõem Mudanças Significativas nos Veículos Nacionais Produzidos a Partir de 2025

O Proconve L8, nova fase do Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores, entrou em vigor em 1º de janeiro de 2025. Esta fase traz mudanças substanciais para a indústria automotiva no Brasil, com o objetivo de reduzir drasticamente as emissões de poluentes e alinhar o país aos padrões internacionais. Baseadas na Resolução 492 de 2018 do Conama, essas normas impactam diretamente o desenvolvimento de novos veículos, exigindo tecnologias avançadas para atender às metas de sustentabilidade e controle ambiental.

Redução de Emissões: O Coração do Proconve L8

O Proconve L8 estabelece uma redução rigorosa nos limites de emissão de poluentes, aproximando-se das normas europeias. Esta nova regulamentação ocorrerá em três etapas: a primeira começou agora, com as próximas previstas para janeiro de 2027 e janeiro de 2029. Houve uma redução substancial nos limites para a emissão de gases orgânicos e óxidos de nitrogênio (Nmog + Nox) em cerca de 37% e monóxido de carbono (CO) em cerca de 40%. Desde 2022, o Brasil exigia um limite de 80 mg/km de Nmog + Nox para carros de passeio, mas com o PL8, esse número cai para 50 mg/km.

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Impactos na Indústria Automotiva

As novas diretrizes exigem que todos os carros zero-quilômetro produzidos a partir de 2025 estejam de acordo com as regras do PL8. Veículos fabricados até 31 de dezembro de 2024 podem ser vendidos sob as normas antigas até 31 de março de 2025. Essas mudanças forçam a aposentadoria de motores que eram referência em eficiência energética, como o motor 2.0 Multijet turbodiesel da Stellantis, que será substituído pelo 2.2 turbodiesel nas Fiat Toro e Titano. Além disso, novas tecnologias como o motor híbrido leve flex do Fiat Pulse e Fastback e soluções aerodinâmicas do Volkswagen Nivus 2025 surgem em resposta às exigências.

Testes de Emissões e Real Drive Emissions

Um dos avanços mais importantes do Proconve L8 é a introdução dos testes de emissões em condições reais de tráfego, conhecidos como Real Drive Emissions (RDE). A partir de 2025, as emissões em condições reais não poderão exceder o dobro das medidas laboratoriais, e a partir de 2027, esse limite será reduzido para 1,5 vez. Clayton Barcelos Zabeu, professor de Engenharia Mecânica do Instituto Mauá de Tecnologia, explica que isso representa um grande desafio para as montadoras, que precisarão ajustar sua produção para cumprir essas normas mais rigorosas.

Aceleração do Investimento em Híbridos e Elétricos

A adaptação às novas regras exigirá investimentos expressivos das montadoras. Até 2032, os limites de emissões serão reduzidos a cada dois anos, oferecendo previsibilidade para fabricantes e fornecedores. Será necessário o uso de tecnologias de pré e pós-tratamento e eletrificação para atender aos requisitos, o que aumentará os custos de desenvolvimento e, por consequência, também o dos veiculos. As montadoras terão que ajustar laboratórios, adquirir novos equipamentos de teste e investir em tecnologias avançadas. A expectativa é que o Brasil veja quase 60 lançamentos de carros híbridos e elétricos em 2025.

Cálculo por Média da Frota e Impacto nos Preços

O Proconve L8 prevê o cálculo de emissões de uma marca com base na média das vendas de todos os seus produtos, o chamado “limite corporativo”. Isso permite que um carro que emita acima do teto continue à venda, desde que outro modelo compense esse excesso. Esta flexibilidade pode ajudar a mitigar os aumentos de preço associados às novas tecnologias. 

Os veículos deverão incorporar tecnologias mais avançadas, impactando diretamente os custos, mas  a demanda global por inovações pode atenuar o impacto nos preços. Além disso, o novo modelo de tributação “IPI verde” pode influenciar os preços finais.

Carros e Motores Atingidos

Modelos como Toyota Yaris e Citroën C4 Cactus, devem sair de linha devido às novas normas. Motores como o Audi 1.4 TFSI e o Fiat 1.0 Fire também serão descontinuados. Essas mudanças refletem a necessidade de adaptação a uma legislação mais rigorosa e a busca por soluções mais sustentáveis.

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