Niki Lauda: 5 corridas marcantes do tricampeão mundial de Fórmula 1

Niki Lauda: 5 corridas marcantes do tricampeão mundial de Fórmula 1

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Um dos maiores pilotos da história do automobilismo mundial foi disputar corridas noutro plano. No início desta semana, Niki Lauda morreu, aos 70 anos, em um hospital em Zurique, na Suíça. O austríaco deixou mulher, cinco filhos (de três relacionamentos diferentes) e um vasto acervo de corridas marcantes. Em 1971, Niki, a contragosto dos familiares, pagou para ingressar na Fórmula 2. Não demorou muito para que o resiliente piloto fosse promovido ao pelotão de elite. Na Fórmula 1, conquistou três títulos e 25 vitórias. Em homenagem ao legado do homem que quase recebeu extrema-unção e menos de dois meses depois já estava sentado num cockpit, elencamos cinco de suas performances espetaculares na F1.

 

Grande Prêmio da Áustria de 1984

Esta foi a última vitória de Niki no ano do tricampeonato mundial. À época na McLaren, ele fez o quarto melhor tempo nos treinos classificatórios — ficando atrás de Elio de Angelis (Lotus), Alain Prost, seu companheiro de equipe, e de Nelson Piquet (Brabham). Na largada, por conta de um problema nas luzes, Piquet e Lauda hesitaram e causaram um “salseiro” na pista. De Angelis cortou para a direita, ficando à frente do austríaco, e trouxe com ele as Renault de Patrick Tambay e Derek Warwick. Outro beneficiário foi Ayrton Senna, que largou em décimo com a Toleman e pulou para a quarta posição.

Com muita frieza, Niki manteve sua McLaren no prumo e viu seus concorrentes sofrerem com problemas. Senna, De Angelis, Warwick, Tambay e Prost acabaram abandonando a prova. Sofrendo com os pneus, Piquet não segurou o ímpeto do austríaco. Mesmo com a caixa de marchas danificada, Niki conduziu a McLaren à bandeira quadriculada, mais de 23 segundos à frente do brasileiro. Esta foi a primeira e única vitória de um austríaco no GP. Além disso, o triunfo em casa se mostrou providencial. Niki tomou a primeira posição do companheiro de equipe no mundial de pilotos. O austríaco terminaria o campeonato com apenas meio ponto de vantagem sobre Alain Prost.

 

Grande Prêmio da Espanha de 1974

Era o primeiro ano de Niki na Ferrari. O austríaco havia chegado ao time de Maranello por meio de Clay Regazzoni, seu companheiro de equipe na BRM. Apesar de ter deixado Il Commendatore Enzo Ferrari um tanto irritado por conta de suas críticas ao bólido da Scuderia, o austríaco logo o acalmou, conquistando sua primeira vitória no quarto Grande Prêmio da temporada. E que vitória. Niki dominou a prova e mostrou o quão impressionante era a sua perícia em pista molhada. O GP foi encerrado faltando seis voltas para o final, com o austríaco tendo dado uma volta em todos os pilotos exceto Regazzoni.

 

Grande Prêmio de Mônaco de 1975

Tendo abandonado o GP de Mônaco nos dois anos anteriores, Niki estava obstinado a enfim conquistar uma vitória no tradicional circuito. Como bom estrategista, o austríaco lutou para ficar com a pole position em Monte Carlo. Conseguiu, mas quase foi surpreendido pelo britânico Tom Pryce e sua Shadow. Largando na dianteira, em pista molhada, abriu quase 16 segundos de vantagem para a McLaren de Emerson Fittipaldi. Lauda foi, como de costume, dominante. Ele liderou todas as voltas do Grande Prêmio menos a de número 24, quando teve de parar nos boxes. Conforme o asfalto foi secando, Emerson se aproximou, mas não obteve sucesso na tentativa de tirar o triunfo das mãos de Niki.

A vitória foi a primeira da Ferrari em Monte Carlo desde 1955 e, mais importante, abriu caminho para o primeiro título de construtores da Scuderia desde 1964. O austríaco venceria mais quatro corridas na temporada e conquistaria pela primeira vez o campeonato de pilotos graças à técnica e ao monstruoso 312T. Desenhado por Mauro Forghieri, o bólido tinha câmbio transversal que ia de encontro ao padrão longitudinal existente na Fórmula 1.

 

Grande Prêmio da Itália de 1976

Este Grande Prêmio foi o que alçou Niki ao status de lenda. Apenas 42 dias após o terrível acidente em Nürburgring que o deixou à beira da morte lá estava ele, sentado num cockpit novamente. O título ainda estava em jogo. Com o rosto coberto de bandagens, o austríaco largou na quinta posição e, mesmo depois de uma péssima largada, conseguiu terminar a corrida em quarto. James Hunt, da McLaren, seu grande adversário na disputa pelo campeonato, acabou rodando e não completou a prova.

Os três pontos conquistados em Monza deixaram Niki com cinco de vantagem para o britânico. No entanto, Hunt acabou ficando com o título mundial após Lauda dirigir sua Ferrari para os boxes no GP do Japão, o último da temporada, alegando que as condições meteorológicas deixavam a pista muito perigosa. Os brasileiros Emerson Fittipaldi e José Carlos Pace, bem como o australiano Larry Perkins, fariam o mesmo. O ano de 1976 na Fórmula 1 e a rivalidade entre os amigos Niki Lauda e James Hunt são o centro da trama de Rush – No Limite da Emoção, filme dirigido por Ron Howard.

 

Grande Prêmio da Holanda de 1985

O ano da “última aposentadoria” da Fórmula 1 — o austríaco havia se retirado da categoria em 1979 para retornar em 1982 — não foi lá muito amigável para Niki. Pela McLaren, ele completou apenas três das 16 etapas da temporada, que terminou com título de pilotos para Alain Prost, seu companheiro de equipe. Na Holanda, o francês ainda disputava o campeonato ponto a ponto com Michele Alboreto, da Ferrari, e uma vitória era fundamental. Já para Lauda as chances de um tetracampeonato eram inexistentes. No entanto, o austríaco tinha um ponto a provar. Niki fechou a prova com um carro de vantagem para Prost, impedindo que o francês abrisse maior vantagem para Alboreto. Esta foi a vigésima quinta (e última) vitória de Niki Lauda na Fórmula 1.

 

 

Vídeos: YouTube

Fotos:   Wikimedia Commons/ Wikipedia (exceto “Monaco.jpg” – Crédito: John Millar).

 


Marcus Celestino é Jornalista e Cineasta
Já foi repórter do Estado de Minas e do Jornal do Brasil. Também atuou como editor do Auto Papo. Já cobriu os principais salões do automóvel do mundo e zerou, quando criança, todas as versões de Top Gear para Super Nintendo. Atualmente trabalha como analista de dados. Nas horas vagas tenta destronar Lewis Hamilton no modo carreira de F1 2018.

 


 

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Emilio Camanzi

Emilio Camanzi

Emilio Camanzi  é um jornalista experiente e formador de opinião, com mais de 56 anos de trabalho dedicados a área automobilística. Seu trabalho sempre foi norteado pela busca da seriedade e credibilidade da informação. Constrói suas matérias de forma técnica, imparcial e independente, com uma linguagem de fácil compreensão. https://www.instagram.com/emiliocamanzi/ 🙋 PARCERIAS: comercial@carroscomcamanzi.com.br