A montadora chinesa Neta Auto enfrenta uma tempestade de problemas financeiros em seu mercado doméstico, mas garante que seus projetos para o Brasil seguem inalterados. Em meio a protestos de concessionários na China e uma queda abrupta nas vendas no país asiático, a empresa reafirma seu compromisso com o mercado brasileiro, onde iniciou operações recentemente.
Crise na China e Protestos de Concessionários
A situação na China tem se agravado nas últimas semanas. Na segunda-feira, 14, representantes de aproximadamente 300 concessionárias da Neta realizaram protestos em frente à sede da empresa. Os manifestantes alegam que a montadora não tem entregado veículos que já foram pagos e, em muitos casos, até mesmo negociados com clientes finais, desde meados do segundo semestre do ano passado.
A crise financeira da Neta Auto, parte do Grupo Hozon New Energy Automobile, atingiu níveis alarmantes, praticamente paralisando suas operações comerciais na China neste ano. Os números são reveladores: a empresa registrou uma queda de 98% nos licenciamentos, comercializando apenas 487 veículos nos meses de janeiro e fevereiro.
O impacto se estende às concessionárias, que enfrentam um cenário caótico após quitarem veículos nunca entregues. Para realizar essas compras, muitos revendedores recorreram a empréstimos bancários que agora se transformaram em ações judiciais movidas por bancos e clientes insatisfeitos.
Relatos na imprensa chinesa apontam para uma situação interna igualmente preocupante, com diversas demissões e cortes salariais. Além disso, a empresa estaria inadimplente com fornecedores desde meados de 2024, agravando ainda mais seu quadro financeiro.


CEO Reafirma Compromisso com o Brasil
Apesar do cenário turbulento, o CEO da Hozon New Energy, Fang Yunzhou, emitiu uma nota oficial reafirmando os planos traçados para o Brasil e buscando acalmar os ânimos dos concessionários já nomeados no país.
“Em primeiro lugar, admitimos o período de reformas da matriz da Neta e ajustes organizacionais importantes. Estamos próximos de anunciar que a Neta conta com novos investimentos e está no caminho da recuperação passo a passo”, afirmou o executivo, destacando que o Brasil continuará sendo prioridade nas ações internacionais da marca.
Yunzhou reiterou o cronograma de expansão que prevê 30 concessionárias no Brasil em 2025, além da constituição de 20 centros de atendimento aos clientes em 13 estados brasileiros, sendo que os primeiros já foram inaugurados no primeiro trimestre deste ano.
Em declaração enfática, o CEO ressaltou: “Não há razão para desistir do mercado brasileiro. Vale lembrar que a empresa tem cerca de 49% de ações estatais , ou seja, a Neta existirá por muito tempo”.
Operações no Brasil Ainda em Fase Inicial
A Neta oficializou sua entrada no mercado brasileiro em maio de 2024. Embora o início das vendas estivesse inicialmente previsto para setembro, as operações comerciais efetivamente começaram em novembro. Para além da comercialização, a empresa anunciou planos ambiciosos de produzir seus veículos no Brasil a partir de 2026.
Desde sua fundação em 2016, a montadora afirma ter comercializado aproximadamente 400 mil veículos no mercado chinês e já está presente comercialmente em 29 países.
No Brasil, a empresa comercializa atualmente apenas os modelos elétricos Aya e X. Os números de vendas ainda são modestos: no primeiro trimestre, foram licenciadas 36 unidades, distribuídas entre as primeiras lojas em shopping centers de cinco estados (abertas no final do ano passado) e a primeira concessionária convencional, inaugurada no Rio de Janeiro em janeiro deste ano.
“O varejo no mercado brasileiro está apenas começando”, afirmou Yunzhou, mencionando também a implementação de estratégias para negociações diretas com empresas frotistas, buscando ampliar sua presença no mercado corporativo.
Perspectivas Futuras
Embora a empresa reconheça os desafios enfrentados em sua matriz, a mensagem transmitida aos parceiros e consumidores brasileiros é de continuidade e compromisso. A participação estatal significativa na composição acionária da empresa é apresentada como um fator de estabilidade que garantiria a longevidade da operação.
O contraste entre a situação crítica na China e o otimismo para o mercado brasileiro levanta questões sobre a viabilidade dos planos anunciados. No entanto, o respaldo do Governo Chinês mencionado pela empresa poderia, de fato, representar um diferencial importante para sua recuperação financeira e para a sustentabilidade de suas operações internacionais, incluindo o Brasil.
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