Logan e Sandero de corações novos
Emilio Camanzi, de Curitiba, PR (*)
Gastar pouco combustível e ainda dar prazer ao dirigir, hoje em dia, é a meta na indústria automobilística brasileira. E a Renault fez a lição de casa direitinho! Apresentou no Salão do Automóvel e lançou oficialmente agora, dois novos motores flex: o três cilindros 1.0 SCe, sigla de Smart Control Efficiency, para o Sandero e o Logan, e o quatro cilindros 1.6 SCe, para Sandero, Logan, Duster e Oroch.
Sandero e Logan já estão à venda com as novas motorizações. Duster e Oroch passam a ser equipados com a novidade a partir da segunda metade deste mês.
Eles foram desenvolvidos pela Renault Tecnologia Américas (RTA) e estão sendo produzidos na fábrica de motores do Complexo Ayrton Senna, do grupo Nissan/Renault, no Paraná. Estão sendo lançados primeiro no Brasil e, a partir do ano que vem, na Europa. Deixaram os modelos mais econômicos e melhoraram o desempenho. Por enquanto, só serão usados nos modelos da marca francesa. Porém, é de se supor que em pouco tempo também sejam utilizados nos modelos produzidos pela Nissan.
Modernos, com bloco e cabeçote em alumínio, o grande destaque fica para o 1.0 SCe de três cilindros com 12 válvulas, que tem duplo comando variável na admissão e no escape e é 20 kg mais leve que o seu antecessor. Já o 1.6 SCe, de quatro cilindros e 16 válvulas, é uma evolução do motor Nissan e também tem duplo comando de válvulas, mas só o de admissão é variável. E é 30 kg mais leve. Segundo a Renault, a tecnologia ESM (Energy Smart Management) e a bomba de óleo com vazão variável, que reduzem o consumo de combustível, vieram das pistas de corrida. Outra evolução é a utilização de corrente de distribuição no lugar de correia dentada, que dispensa a troca e garante baixo custo de manutenção.
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Entre as novidades para reduzir o consumo e melhorar a eficiência dos motores, está a adoção da direção eletro-hidráulica, alternador com gerenciamento inteligente para não “roubar” potência desnecessariamente e uso de óleo de menor viscosidade em todas as versões. Nos motores 1.0 SCe também foi colocada uma bomba de óleo variável, que ajusta automaticamente o fluxo do óleo enviado de acordo com a rotação e carga do motor, diminuindo o desperdício de energia. E, só nos modelos equipados com o motor 1.6 SCe, o sistema Stop&Start, que desliga o automóvel automaticamente em semáforos ou paradas, que a Renault diz permitir uma economia de até 5%. O sistema pode ser ativado/desativado, conforme a necessidade do motorista, por meio de um botão à esquerda do volante. Segundo o fabricante, o motor 1.0 SCe também já está predisposto para receber o sistema Start&Stop, mas não foi colocado pois o motor atingiu as metas de redução de consumo de combustível sem ele e, assim, permitiu reduzir o custo do propulsor.
Outras alterações, foram: uma nova relação de diferencial mais longa para os modelos equipados com motor 1.6, enquanto que freios a disco dianteiros ventilados e novo seletor de marchas – agora com cabos no lugar das antigas varetas – estão em todas as versões. Já os modelos equipados com o câmbio automatizado Easy’R passam a oferecer controle de estabilidade e tração, além de auxiliar de partida em rampas.
Segundo a fábrica, o novo motor 1.0 SCe deixa Sandero e Logan até 19% mais econômicos, enquanto que com o 1.6 SCe, a economia chega até 21%. Hatch e sedã equipados com os novos motores e câmbio manual receberam a nota “A” no Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular (PBEV).
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Se os números de consumo melhoraram, os de desempenho também não ficaram atrás. O 1.0 SCe é mais potente que o seu antecessor, entregando 82 cv de potência quando abastecido com etanol e 79 cv com gasolina, 2 cv a mais que o antigo quatro cilindros, seja com qual for o combustível. Além disso, como oferece 90% do torque máximo (10,5 kgfm) já a 2.000 rpm, houve um bom ganho nas retomadas de velocidades, que se tornaram até 6% mais rápidas (80 a 120 km/ em 14,1 segundos), enquanto que a aceleração de 0 a 100km/h está 8% melhor, com a marca de 13,0 s (etanol).
Logicamente, o destaque maior do motor 1.6 SCe é o desempenho que permite, já que saltou de 106 cv para 118 cv com etanol em relação ao antigo motor 1.6 da Renault. Com gasolina, a potência saltou de 98 cv para 115 cv, um aumento de 17,3%. O torque também é maior no novo motor: 16,0 kgfm, tanto com gasolina como com etanol. Com ele, o Sandero, por exemplo, acelera de 0 a 100 km/h em 10,3 segundos (ganho de 3,7s em relação ao antigo motor).
Como andam
A Renault disponibilizou para test-drive apenas o Sandero e o Logan com o novo motor 1.0 SCe de três cilindros. O tempo nos permitiu andar apenas no Sandero, o mais vendido. Mas, como praticamente têm o mesmo peso, pode-se dizer que são iguais no desempenho.
Num bom circuito, que tinha 2/3 do percurso dentro da cidade de Curitiba e o restante em estrada, deu para sentir a melhora no desempenho deles. O que mais chamou a atenção, foi dirigir sem aquele estresse que era característico dos carros com motor de 1 litro, principalmente nas arrancadas em subida. Com duas pessoas a bordo, é possível sair acompanhando o fluxo normal, sem fazer os que estão atrás buzinar. Detalhe que se tornou possível com a entrega de 90% do torque do motor já a 2.000 rpm, que permite ainda acelerações mais constantes e passa a impressão de um motor de cilindrada maior. Sem preocupação com economia de combustível, conseguimos boas médias de 10,2 km/l na cidade.
Engraçado é o barulho típico do motor de três cilindros, como se fosse um pequeno triturador em funcionamento, e uma ligeira vibração quando se estica um pouco mais as marchas. Mas nada que chegue a incomodar. Na estrada, mantendo as velocidades permitidas, em quinta marcha e acompanhando o movimento, as reduções de marcha de tornaram menos necessárias.
Ponto positivo também para o freio: com os novos discos ventilados na frente se mostrou mais eficiente em alta velocidade. Com relação à direção, agora do tipo eletro-hidráulica, também houve melhora, permitindo uma percepção maior do que acontece com as rodas dianteiras. O melhor, porém, foi com o câmbio. Agora com o novo sistema de cabos, em vez de hastes, o engate das marchas ficou mais preciso, facilitando a troca e, consequentemente, aumentando o prazer ao dirigir.
Enfim, custando R$ 600 a mais em relação aos modelos anteriores, quando equipados com motor 1.0 SCe, e R$ 800, com o motor 1.6 SCe, todas as melhorias justificam o aumento de preço pelo benefício que trazem. Porém, apesar de tanta modernidade, o que não dá para entender é como os novos motores ainda vem com o jurássico tanque auxiliar de gasolina para a partida a frio com etanol.
Fotos e vídeo: divulgação Renault
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(*) o jornalista viajou a convite da Renault