Kombi: o SUV mais porreta de todos os tempos (aos olhos do Inmetro)
Outro dia escrevi nesse espaço sobre como automóveis compactos e monovolumes ganharam o status de utilitários-esportivos (SUV). Ford Ka Trail, Honda WR-X e Renault Kwid (e, desde ontem, o Chery Tiggo 2) são vendidos como SUV`s. Mas, não é apenas uma conversa mole das diretorias de marketing… Bom, na verdade, tem um pouco de “lorota” sim. Acontece que quem dá respaldo aos fabricantes é o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia, que conhecemos popularmente como Inmetro.
O Inmetro publicou uma portaria em 2013, a 552, que, entre outras considerações, define que automóveis que oferecem altura livre do solo acima de 20 cm e ângulos de ataque e saída de 23 e 20 graus podem ser enquadrados como utilitários-esportivos. Assim, diante dos olhos sagrados do Inmetro, um automóvel popular, com motor 1.0 e torque de cortador de grama é praticamente um bólido habilitado para atravessar as dunas do Saara.
O amigo pode estar pensando, agora, que é um exagero. Mas tanto Honda, Renault e Ford fazem valer a imagem de robustez de seus modelos. E o consumidor compra na crença de que está levando um Mercedes-Benz Classe G para casa. Sendo assim, podemos afirmar categoricamente que a Kombi é o um dos mais qualificados SUV`s já produzidos. E vamos justificar com base na portaria do Inmetro.
Pela Norma
A Kombi tem mais de 20 centímetros de altura livre do solo. A veterana também tem ângulos de entrada e saída que atendem aos requisitos, na ordem dos 25 graus. Diante disso, a Kombi é um utilitário-esportivo (SUV). Pois é executivos da VW, vocês tiveram um SUV durante décadas e nunca se deram conta disso!
Tração
Ao contrário do WR-X, Ka Trail, Kwid e Tiggo 2, a Kombi conta com outros recursos que fazem com que até mesmo jipinhos de madame morram de vergonha. A velha guerreira tem tração traseira. Numa subida de ladeira, ter um eixo motriz atrás garante tração para seguir adiante, ao contrário de um veículo com tração dianteira em que o peso pende para o eixo traseiro e as rodas dianteiras tendem a patinar.
Pneus e suspensão
A Kombi, em toda sua existência, sempre foi vendida com pneus de banda estreita e ombros largos. Os chamados pneus linguiça. Em terrenos lamacentos e arenosos, esse tipo de pneu reduz as chances de atolar. Além disso, ela conta com suspensão independente nas quatro rodas, com braços arrastados na frente e na traseira, atributos que facilitam a transposição de terrenos acidentados já que deixa a parte inferior lisa e livre de obstáculos.
Motor
O motor da Kombi, em seus últimos anos, abandonou a unidade 1.6 refrigerada a ar em função de um motor 1.4 de 80 cv e 12,5 kgfm de torque. Ele está longe de ser um halterofilista, assim como o dos quatro que citei, que também não demonstram virilidade de pugilista.
E para concluir que a Kombi é o SUV mais porreta de todos os tempos, ela conta com espaço para levar um monte de passageiros ou bagagem. Tente fazer isso no Kwid e no Ka Trail?
Assim, quem for um feliz proprietário de um Kombão, estufe o peito e leve seu SUV (sob as bênçãos do Inmetro) para passear no estacionamento do shopping, pois lá se tornou o habitat natural de 99% dos jipinhos, sejam eles faz de conta ou não!
É vida que segue!
Fotos: divulgação
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Marcelo Iglesias Ramos é Jornalista e Designer Gráfico.
Está na área desde 2003, atualmente é o editor do caderno HD Auto, do jornal Hoje em Dia, de Belo Horizonte. Figura presente em todos os lançamentos, salões do automóvel e eventos da indústria automobilística. Para relaxar, tem como hobby escrever para seu blog de games, o “GameCoin” (www.gamecoin.com.br).
Contato: (31) 99245-0855
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