Honda e Nissan Anunciam Negociações de Fusão
A Aliança pode ser a Salvação da Nissan, que estaria em sério risco de encerrar suas atividades
Honda e Nissan confirmaram estar em negociações para uma possível fusão, que promete transformar o cenário da indústria automotiva global. O anúncio foi feito em uma coletiva de imprensa conjunta em Tóquio, destacando a ameaça crescente que as montadoras chinesas de veículos elétricos representam para as marcas tradicionais. Se concretizada, a fusão criaria o terceiro maior grupo automotivo do mundo em vendas de veículos, logo atrás da Toyota e do grupo Volkswagen, marcando a maior mudança na indústria automobilística desde a fusão da Fiat Chrysler Automobiles com a PSA em 2021.
O anúncio vem cerca de um mês após uma reportagem do periódico Financial Times segundo a qual, de acordo com um executivo de alto escalão da Nissan, a montadora teria um prazo de 14 meses para atrair um investidor-âncora que possa garantir a continuidade de suas operações, correndo o risco de encerrar suas atividades.
A fusão pode salvar a Nissan, além de fortalecer a Honda e, possivelmente, a Mitsubishi.
Objetivos e Benefícios Esperados da Fusão
A união das montadoras visa aumentar a escala e compartilhar recursos para enfrentar a intensa competição de empresas como Tesla e BYD. A Honda, a segunda maior montadora do Japão, e a Nissan, a terceira, esperam alcançar vendas combinadas de 30 trilhões de ienes (cerca de R$ 116 bilhões) e um lucro operacional superior a 3 trilhões de ienes. A Honda será responsável por nomear a maioria dos diretores da nova holding, que deverá ser estabelecida até 2026. A Mitsubishi, que já possui uma aliança com a Nissan, está considerando se juntar à fusão e deve anunciar sua decisão até o final de janeiro de 2025. Se a Mitsubishi participar, as vendas globais do grupo japonês poderiam ultrapassar 8 milhões de carros.
Cronograma e Sinergias da Integração
O cronograma para a fusão inclui etapas importantes: a resposta da Mitsubishi em janeiro de 2025, a definição do plano de transferência de ações em junho de 2025, assembleias em abril de 2026 para aprovação da transferência de ações, e a criação da holding em agosto de 2026.
As empresas identificaram sete sinergias principais que a fusão pode proporcionar, incluindo a padronização de plataformas de veículos, melhoria da capacidade de desenvolvimento, otimização das fábricas, e melhores condições de compras. A estratégia também visa integrar sistemas e operações administrativas, aumentando a eficiência operacional e as vantagens de escala em finanças de vendas. Elas esperam que essas ações resultem em produtos mais fortes, custos reduzidos e uma maior eficiência de desenvolvimento e investimentos.
Desafios e Reações do Mercado
Apesar do otimismo em torno da fusão, desafios significativos permanecem, como superar diferenças culturais e operacionais entre as empresas. Carlos Ghosn, ex-presidente da Nissan, expressou dúvidas sobre a viabilidade da aliança, afirmando que as empresas não são complementares. Ghosn é procurado como fugitivo no Japão por ter fugido sob fiança para o Líbano. Sua prisão em 2018 por irregularidades financeiras colocou a Nissan em uma crise.
O mercado, entretanto, reagiu positivamente ao anúncio, com as ações da Honda subindo 3,8%, da Nissan 1,6% e da Mitsubishi 5,3%, enquanto o índice de referência Nikkei – que mede o desempenho de 225 grandes empresas de capital aberto no Japão em uma ampla gama de setores da indústria – fechou em alta de 1,2%.
Posição da Renault e Outras Parcerias
A Renault, principal acionista da Nissan, afirmou estar ciente das negociações e avaliará suas opções com base nos interesses do grupo e de seus stakeholders. A Foxconn, de Taiwan, que havia abordado a Nissan com uma oferta, decidiu pausar sua iniciativa após discussões preliminares com a Renault.
Impacto no Mercado e Futuro da Indústria
A fusão é vista como uma necessidade estratégica para as montadoras japonesas, que têm perdido terreno no mercado chinês para fabricantes locais de carros elétricos e híbridos. A Honda e a Nissan têm explorado maneiras de reforçar sua parceria, incluindo a cooperação em eletrificação e desenvolvimento de software. As duas empresas já conduzem pesquisas conjuntas e ampliaram a colaboração para a Mitsubishi em agosto. Se concretizada, a fusão poderá redefinir a indústria automotiva, criando uma base sólida para enfrentar os desafios futuros e explorar novas oportunidades de crescimento.
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