GP de Nazareth de 1995 da Indy Car World Series

GP de Nazareth de 1995 da Indy Car World Series

Sabe aquela corrida épica que só você e mais um punhado de gente guardou para sempre na memória? Então, o Grande Prêmio de Nazareth, da temporada de 1995 da Indy, para mim, é uma dessas. Até hoje me lembro, com impressionantes detalhes, de vários momentos das 200 voltas e 321.860 km da prova disputada no dia 23 de abril. Quer um dado bizarro? Lembro que os dois bólidos da Ganassi Target, pilotados por Bryan Herta e Jimmy Vasser abandonaram o GP por causa de superaquecimento do motor. Outra: teve uma hora no pit lane que Gil de Ferran disputou roda a roda a dianteira com Christian Fittipaldi. Atrás deles estava Maurício Gugelmin.

É, é bem por aí.

Naquele ano de 1995, as corridas da Indy eram transmitidas pelo SBT. Fico imaginando o estrago que o Silvio Santos faria durante as transmissões se já rolassem as “mensagens subliminares” da Jequiti e do Baú da Felicidade. Seria igualmente irritante e genial. A narração dos GPs ficava por conta do competente Téo José. Se não me engano (não quis recorrer ao “São Google”), os comentários eram do Celso Miranda.

O GP de Nazareth foi o quinto da temporada da Indy. Quatro pilotos diferentes venceram as primeiras quatro corridas, mas Jacques Villeneuve já demonstrava favoritismo para levar o caneco ao fim da temporada. No entanto, na Pensilvânia, o canadense não largou muito bem e foi surpreendido por Michael Andretti logo na primeira curva. Além de Andretti, quem se deu bem foi Robby Gordon, que saiu na pole e manteve a ponta.

Mas me lembro também da excepcional primeira volta de Paul Tracy. Ele largou em 15º com sua Newman-Haas e saltou rapidamente para a oitava posição, logo atrás de Bobby Rahal. Logo na segunda volta ele ultrapassou Rahal com facilidade e foi para o encalço dos brasileiros Emerson Fittipaldi e André Ribeiro, à época novato na categoria.

Lá pela vigésima volta Michael Andretti ultrapassou Robby Gordon e assumiu a liderança. Não demorou muito para que Gordon fosse também facilmente batido por Jimmy Vasser, Villeneuve, Paul Tracy e Emerson.

A Indy é assim mesmo. Da glória ao fracasso rapidamente.

O Téo José começou a comentar sobre os problemas no carro do Gordon. Ele precisaria de um milagre para não abandonar a corrida antes da volta de número 50.

E o milagre aconteceu.

Jimmy Vasser e Paul Tracy, que travavam duelo com Emerson e Villeneuve, acabaram se chocando  Para a “felicidade” de Robby Gordon, Vasser jogou o carro de Tracy no muro. Isso fez com que a bandeira amarela entrasse na jogada. Assim, Gordon conseguiu levar seu bólido para o pit e identificar qual era o problema que estava afetando o desempenho do Reynard.

Na relargada, Andretti manteve a ponta seguido por Villeneuve e Emerson. Logo atrás vinham André Ribeiro e Bobby Rahal brigando pelo quarto lugar. Vale frisar que passei a prestar atenção na condução do Ribeiro no GP de Nazareth. Apesar de ter terminado em 11º, ele fez uma prova extraordinária com sua Tasman. O brasileiro venceria sua primeira corrida na elite no fim da temporada, em New Hampshire.

Ribeiro chegou a ser ultrapassado pelo experiente Rahal, mas, na volta 35, retomou o quarto lugar. Nesse ínterim Jacques Villeneuve havia tomado a primeira posição de Robby Gordon. O canadense liderou até a volta 93, quando teve de fazer uma parada nos boxes.

A corrida estava naquele período moroso. Na dianteira nada de muito absurdo, bem como no pelotão intermediário e no fundão. No entanto, as coisas mudaram na volta 105. Maurício Gugelmin rodou na última curva, mas conseguiu manter o carro no prumo. Mesmo assim, mais uma bandeira amarela.

A essa hora rolou meio que um momento mágico. Com muita gente nos boxes, o novato Christian Fittipaldi assumiu a ponta. Na relargada, teve de segurar a Penske do tio Emerson. O fez até ter de parar para reabastecer.

Na volta 162 Villeneuve, que vinha liderando até então, teve problemas nos pneus. Com isso Eddie Cheever tomou a dianteira. Daí em diante só deu Cheever. Faltando menos de 40 voltas para o final, parecia que seu A.J. Foyt Copenhagen o levaria à vitória. Ledo engano!

A duas voltas da bandeira quadriculada, o motor do carro de Cheever começou a fumegar. Perdendo velocidade, viu Emerson Fittipaldi e Jacques Villeneuve — que fizeram uma corrida impecável — o ultrapassarem com tranquilidade. Stefan Johansson e Robby Gordon também deixariam Cheever para trás. Por sorte, o piloto ainda conseguiu pontuar. Seu bólido só parou de vez após a última volta.

No fim da corrida, Emerson teve de segurar o ímpeto de Villeneuve. As últimas voltas foram sensacionais. Fittipaldi tinha o melhor acerto para Nazareth, mas o canadense tinha o carro mais equilibrado. Emmo se defendeu como pode e conquistou sua primeira vitória na temporada de 1995. A margem de diferença entre ele e Villeneuve foi de apenas 0.3s.

Que corrida aleatória, meus amigos!

 

Imagens: Internet


 

Marcus Celestino é Jornalista e Cineasta
Já foi repórter do Estado de Minas e do Jornal do Brasil. Também atuou como editor do Auto Papo. Já cobriu os principais salões do automóvel do mundo e zerou, quando criança, todas as versões de Top Gear para Super Nintendo. Atualmente trabalha como analista de dados. Nas horas vagas tenta destronar Lewis Hamilton no modo carreira de F1 2018.

 


 

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Emilio Camanzi

Emilio Camanzi

Emilio Camanzi  é um jornalista experiente e formador de opinião, com mais de 56 anos de trabalho dedicados a área automobilística. Seu trabalho sempre foi norteado pela busca da seriedade e credibilidade da informação. Constrói suas matérias de forma técnica, imparcial e independente, com uma linguagem de fácil compreensão. https://www.instagram.com/emiliocamanzi/ 🙋 PARCERIAS: comercial@carroscomcamanzi.com.br