F1 GTR – Clássico precoce
O que faz um carro se tornar um clássico? Essa é uma indagação que permite algumas respostas, mas é definitiva quando todas as possiblidades se convergem numa só. Entre as respostas estão: volume de produção, idade, preço, números de desempenho, histórico, conservação e até mesmo quem foi seu proprietário. Afinal, um Cadillac de Elvis Presley, mesmo aos pedaços, vale bem mais do que qualquer outro impecável de um pacato cidadão de Memphis.
Voltando ao assunto, fato é que a McLaren fez suas contas e considera que o F1 já figure entre os clássicos. Nada mais justo, afinal se trata de um dos automóveis mais notáveis já fabricados até hoje. Das suas 106 unidades fabricadas, menos de 30 foram da versão GTR, desenvolvida para uso em pista. E os GTR`s tiveram vida dura, disputaram campeonatos de longa duração por anos, se envolveram em colisões, pegaram fogo, conquistaram títulos e até venceram as 24 Horas de Le Mans. E para não deixar que essa história se desmanchasse, a marca de Woking lançou um serviço de restauração para os F1 e o primeiro projeto foi a unidade de chassi número 25 do F1 GTR Longtail. O carro que hoje pertence a um dos acionistas da marca, foi construído em 1997 para compor o trio da equipe Gulf-Davidoff.
Ele correu as 24 Horas de Le Mans daquele ano comandado pelo trio formado pelos britânicos Ray Bellm, Andrew Gilbert-Scott e o japonês Masanori Sekiya, mas abandonou a prova após 326 voltas devido a um vazamento de óleo que o deixou em chamas. Depois do acidente, o F1 foi vendido para uma equipe japonesa, onde correu até 2005. Ele ainda integrou o acervo de um colecionador japonês, até voltar ao Reino Unido em 2016 para as mãos de um dos acionistas da marca inglesa.
Batizado de F1 GTR Longtail 25R para identificar a restauração e o número do chassi, o time da MSO precisou substituir um grande volume de componentes, muitos deles fabricados nos anos em que o F1 esteve em linha, de 1993 a 1998. Outras tiveram que ser fabricadas exclusivamente para o processo de restauração. No entanto, seguiram as especificações de produção da época de fabricação. Ou seja, não seria admitido um componente modificado para 1998, para garantir a originalidade.
O bólido recebeu novos painéis de carroceria e foi aplicada a mesma pintura utilizada pela equipe em 1997, assim como os adesivos dos patrocinadores e até mesmo as etiquetas de identificação com o número 39. Assim o F1 GTR Longtail ganhou status de carro novo, como se tivesse saído ontem da fábrica e sem cicatrizes, mas com histórico de quase dez anos de corridas, que fazem dele um bólido de valor inestimável.
Marcelo Iglesias Ramos é Jornalista e Designer Gráfico.
Está na área desde 2003, atualmente é o editor do caderno HD Auto, do jornal Hoje em Dia, de Belo Horizonte. Figura presente em todos os lançamentos, salões do automóvel e eventos da indústria automobilística. Para relaxar, tem como hobby escrever para seu blog de games, o “GameCoin” (www.gamecoin.com.br).