ESP: a diferença entre o susto e a tragédia
Por Marcelo Iglesias
A cada dia os automóveis têm incorporado mais e mais componentes eletrônicos, muitos projetados para auxiliar a condução e reduzir riscos de acidentes. O Controle Eletrônico de Estabilidade (ESP), ou programa eletrônico de estabilidade, é um deles e é considerado como o equipamento de segurança mais importante, depois do cinto de segurança.
O ESP é um sistema extremamente engenhoso e atua em conjunto com o módulo ABS, o sistema que impede que as rodas travem numa frenagem, para manter o automóvel controlável em situações críticas. Ele é capaz de monitorar o comportamento das rodas, aceleração e inclinação da carroceria e “perceber” se o automóvel está prestes a sair de sua trajetória. Caso isso ocorra, ativa os freios em cada uma das rodas de forma independente e sem a necessidade do motorista acionar o pedal, com a intenção de estabilizar o automóvel e não deixar que o motorista perca o controle da direção. É uma espécie de “anjo da guarda”, pronto para entrar em ação ao menor deslize do carro. Muito útil principalmente em pisos molhados, quando os riscos de derrapagens são muito maiores.
No Brasil, o ESP já está presente em diversos modelos fabricados localmente. Até mesmo populares como o Ford Ka já contam com o sistema. A partir de 2020 todos os modelos novos deverão vir equipados com a tecnologia e em 2022 todos os automóveis produzidos terão que ter o ESP. Trata-se de um movimento escalonado do governo, semelhante ao adotado para a obrigatoriedade do duplo airbag e freios ABS.
Um exemplo do bom uso do ESP é o do Renault Sandero R.S. O hatch franco-romeno recebeu um banho de loja e motor mais potente, com direito a um ajuste de suspensão elaborado pela Renault Sport, lá na França, que faz dele um carro muito estável e com uma capacidade de fazer curvas de dar inveja a muito carro dito esportivo. No entanto, mesmo com essa capacidade, ele vem equipado com o ESP, pois, caso haja algum excesso, ele ajuda a controlar as derrapagens automaticamente, ajudando o motorista a por a casa em ordem. O motorista pode até desabilitar o ESP, mas terá que ser muito mais habilidoso na hora que quiser exibir seus dotes de piloto, pois sem o sistema controlando as pinças de freio, de forma independente, é muito provável que a Força Centrífuga prevaleça na manobra radical.
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Seja como for, o ESP é um equipamento que deveria ser um fator de compra para o consumidor, muito mais importante do que uma roda de liga leve ou bancos em couro. E não estamos pontuando quem busca uma direção arrojada, mas qualquer motorista, em qualquer situação. Que seja desviar de um cachorro ou derrapar em uma curva molhada e conseguir voltar à trajetória ao invés de protagonizar uma tragédia.
Vale lembrar que o controle de estabilidade se popularizou depois que o Mercedes-Benz Classe A, quando foi lançado na Europa em 1997, quase capotou ao ser submetido ao chamado Teste do Alce, realizado pela revista sueca de automóveis “Teknikens Värld”. A prova consiste em manter o carro em uma velocidade constante de 64 a 68 km/h e, repentinamente, provocar um desvio e voltar à trajetória normal como se fosse para desviar de um alce, animal muito comum por aquelas bandas. A Mercedes chegou a negar o problema no início, mas depois fez um recall de todas as unidades vendidas e suspendeu a distribuição, até que o problema fosse resolvido com a colocação do ESP em todos os carros. Isso marcou a estreia mundial dos controles de estabilidade em pequenos automóveis.
Enfim, seja no “teste do alce”, no teste do cachorro, no teste do buraco, no teste do entulho ou de qualquer outra necessidade de desviar de um obstáculo, ou de evitar a derrapagem em uma curva molhada e continuar a viagem com segurança, nada melhor do que contar com a ajuda do ESP.
Fotos: divulgação montadora e internet
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