Leia a parte inicial aqui, e a primeira parte aqui. A tecnologia Lubrimat veio nas Vemaguet Rio 1965, série especial que comemorava quatro séculos do estado do Rio de Janeiro. Finalmente, os proprietários não precisavam mais se preocupar em adicionar óleo lubrificante na gasolina: o sistema fazia isso automaticamente, dosando os líquidos de acordo com a carga que o motor recebia pela pressão do acelerador. Economiza-se mais combustível, poluía-se menos o ar e a vida dos motoristas se tornava mais fácil: segundo a DKW-Vemag na época, era possível rodar até 1.000 km com apenas 1 litro de óleo.
Os carros, perua Vemaguet e sedan Belcar, também passavam por várias melhorias: novos frisos e cores, novos estofamentos internos com duas cores e revestimento em napa, ganhavam novas regulagens de inclinação do encosto dianteiro, limpadores de parabrisas maiores, lentes das setas na cor âmbar, mais mantas acústicas para melhorar o nível de silêncio a bordo e um novo filtro de óleo do motor, agora tubular e banhado a óleo. Também regulavam seus feixes de molas traseiros, embreagem e freios, com calibrações mais voltadas ao conforto e segurança.
A sucessora da Caiçara, que durou até 1964, chegou também em 65: era a DKW-Vemag Pracinha, uma clara alusão ao seu uso profissional, na mão dos motoristas de táxi. Essa versão, ainda mais despojada que a antecessora, já integrava o primeiro programa de carros populares do governo brasileiro, que também incluiu o VW Fusca Pé-de-Boi, Simca Profissional e Willys Teimoso.
As evoluções não paravam, e já em 1966 vieram novas forrações dos bancos, um outro volante (em formato de cálice), parachoques atualizados (de lâmina única, sem adornos). O painel também recebia algumas mudanças de acabamento e posição dos instrumentos. Eram novidades que também estreavam no Belcar.
O último suspiro de Vemaguet e do sedan Belcar veio no começo de 1967. Uma nova dianteira, exclusiva para o mercado brasileiro, exibia linhas mais baixas, quatro faróis e uma enorme grade aletada. Diziam os especialistas da época, design de gosto pra lá de duvidoso, que não combinava com a carroceria quadradona e longa da perua Vemaguet. O motivo das mudanças era alinhar a estética de todos os produtos da marca no mercado nacional: essa frente surgiu primeiro no sedan Fissore, modelo mais luxuoso da DKW-Vemag, projetado e desenvolvido por italianos.
A ideia de deixar todos os modelos com a mesma “cara” foi boa, mas a execução, nem tanto. Ao mesmo tempo, a perua mostrava com orgulho as novidades do alternador no lugar do dínamo, do inédito sistema elétrico de 12 Volts e, a partir de setembro de 1967, das evoluções do motor 980 cm³ “S”, também vindo do Fissore. Com maior taxa de compressão (8:1), filtro de ar especial (o motor respirava mais) e novas janelas de admissão e escape dos cilindros, chegaram a 50 hp líquidos com 8,5 mkgf de torque. A Vemaguet 1.0 “S” já era capaz de acelerar de 0 a 100 km/h em cerca de 25 segundos, correndo até os 125 km/h de máxima.
A DKW-Vemag brasileira já vinha em tempos difíceis desde meados dos anos 60, com prejuízos, vendas em baixa, pátios cheios de carros 0 km, problemas operacionais e administrativos. Sem contar que, em 1965, o Grupo VW adquiriu o controle acionário da DKW na Alemanha, complicando bastante a vida da Vemag aqui no Brasil. Os carros em produção não tinham mais evoluções vindas da Europa, e os novos projetos não eram licenciados para produção nacional. Lá no Velho Continente, já existia até o F102, que deu início à marca Audi.
Sobrou muito pouco para fazer pela Vemag, que estava sozinha, sem apadrinhamento no exterior. Como consequência, encerrou a produção de Belcar, Vemaguet, Fissore e Candango em outubro de 1967. Números apontam para pouco mais de 109 mil carros produzidos no total, dos quais a metade era do utilitário familiar Universal/Caiçara/Pracinha/Vemaguet (cerca de 55 mil unidades). Infelizmente o futuro não mostrava bons presságios para os motores de dois tempos, tanto no consumo quanto na emissão de poluentes. Assim acabou a “Decavê”!
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