Dicas para economizar combustível
por Marcelo Iglesias
Em dias de combustível a peso de ouro
O preço dos combustíveis decolou nos últimos meses e o motorista já sentiu no bolso. As alegações para as altas são as mais diversas: mercado internacional, aquecimento da economia, greve de motoristas de distribuidoras, a chuva, a falta da chuva, um meteoro… e por aí vai.
A verdade é que os preços estão em ascensão e não demonstram sinais de retrocesso. Ainda mais que a produção sucroalcooleira está entrando na entressafra, o que reduz a oferta e, também, ajuda a empurrar o preço da gasolina, já que o álcool vai misturado a ela. Diante disso, quem depende do automóvel no dia-a-dia precisa encontrar uma forma de economizar. Então, vamos a um pequeno exercício de práticas que podem ajudar o amigo a não ter que entregar as vísceras para o frentista.
Pneus
O mais simples e também um dos recursos mais negligenciado pelos motoristas para economizar combustível. Pneus com a calibragem abaixo da recomendação do fabricante tendem a elevar o gasto de combustível e a razão é muito simples: quando a pressão está abaixo da indicada, o peso do automóvel comprime os ombros dos pneus. Consequentemente, isso aumenta a área de contado entre borracha e asfalto. Logo, eleva o atrito e, naturalmente, demanda mais esforço para deslocar o automóvel.
Ou seja, é preciso pisar mais, o que se traduz em maior consumo. Há especialistas que calculam que, para cada libra abaixo do recomendado, há um gasto de 0,2% a mais. Pode parecer pouco, mas cinco libras a menos correspondem a 1% de aumento no consumo, que ao longo do mês pode significar alguns litros a mais na conta.
Há também os chamados pneus verdes, que contém composto a base de sílica, que é mais leve que a borracha e diminui o atrito de rolamento, consequentemente reduzindo o esforço do motor. Fabricantes estimam uma economia de até 10% na redução do gasto de combustível com o uso desses pneus, que já saem como item de série em vários carros. Assim, na hora da reposição dos pneus, leve a opção em consideração.
Velas e cabos
O processo que faz um motor do ciclo Otto (gasolina, álcool ou flex) depende da detonação da mistura ar/combustível provocada por uma faísca emitida pelas velas de ignição. Essa centelha, por sua vez, depende de eletricidade que sai da bateria por meio dos cabos de vela.
Com o passar do tempo, os cabos e as velas tendem a perder eficiência. Ou seja, passam a gerar faíscas mais fracas, que por sua vez provocam uma detonação menos eficaz. O resultado é a perda de rendimento do motor. E a reação natural do motorista é afundar mais o pé no acelerador. A consequência é o aumento de consumo. Daí, a dica é verificar no manual do proprietário os prazos de substituição declarados pelo fabricante dos cabos e das velas, para manter o sistema de ignição sempre em ordem.
Refrigeração do motor
Um dos grandes ladrões de energia do motor é o calor. Muita gente não sabe, mas, mais de 60% da energia gerada pela detonação da mistura ar/combustível é desperdiçada como calor do motor. É por essa razão que os fabricantes passaram a adotar unidades menores, como os propulsores três cilindros, que eliminam cerca de 25% dos componentes móveis e da massa do bloco.
Mas, como não dá para arrancar um cilindro do motor, a solução é manter o sistema de arrefecimento sempre em dia; substituir o fluido do radiador uma vez por ano; assim como, verificar se há vazamentos nas mangueiras, radiador e braçadeiras. Tudo isso provoca vazamentos, que tendem a fazer com que o motor trabalhe numa temperatura acima do ideal e, portanto, gastando mais combustível.
Também é preciso verificar a válvula termostática. Ela tem a função de fazer com que o motor atinja a temperatura certa no menor tempo possível e mantê-la igual durante todo funcionamento. Caso fique sempre aberta, o motor demorará a se aquecer e, consequentemente, haverá um consumo maior de combustível. Como no caso das velas, o motorista descontará no acelerador.
Peso do pé
Eis uma questão fácil de ser resolvida, mas que demanda uma reeducação. Muitos motoristas têm o hábito de ficar acelerando o carro no sinal fechado, ou seguir de um semáforo ao outro como se disputasse uma prova de arrancada. No entanto, quanto mais se acelera o motor, maiores serão suas rotações. Logo, ele terá mais ciclos de admissão, compressão, queima e escape, que, em bom português, corresponde a mais injeções de combustível e maior consumo em situações de baixa demanda de força. Para economizar, procure acelerar o mais suavemente possível e de forma progressiva.
Seleção de marchas
Já percebeu que os automóveis modernos estão vindo cheios de marchas? São caixas manuais com seis marchas e automáticas com sete, oito, nove e até dez velocidades. A razão disso é eficiência. Como já foi dito, quanto menor a rotação, menor será a queima de combustível.
Atualmente, até modelos populares já saem de fábrica com indicadores de momento correto para a troca de marcha. Esse recurso busca uma faixa de rotação do motor que oferece um bom percentual de torque sem comprometer o consumo. Dirigir orientando-se por essas indicações é economia de combustível na certa. Então, busque ser racional com seu automóvel. Desenvolva as marchas, aproveite a inércia para deslocar o automóvel e só reduza para uma marcha forte quando realmente for necessário.
Marcelo Iglesias Ramos
Jornalista | Designer Gráfico
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