Cadeirinhas salvam vidas

Cadeirinhas salvam vidas

O presidente Jair Bolsonaro encaminhou projeto de lei ao Congresso Nacional que, além de dobrar o limite de pontuação e estender a validade da Carteira Nacional de Habilitação, elimina multa para motoristas que transportarem crianças fora das cadeirinhas. Depois de muitas críticas à proposta, Bolsonaro minimizou e disse que “nem precisava de lei” para regular essa questão.

O projeto de lei veio na esteira de uma decisão tão risível quanto a do presidente. Recentemente, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) não pode definir punições aos condutores. Assim Executivo e Judiciário caminham de mãos dadas trabalhando contra a segurança dos jovens brasileiros.

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De acordo com a ONG Criança Segura, desde 2010, quando o uso das cadeirinhas se tornou obrigatório, mortes e internações de jovens tiveram queda considerável. Até 2017, o número de fatalidades no grupo de crianças com nove anos baixou 19%. Mortes de jovens nessa idade representam 40% dos óbitos dentro dessa faixa etária. E mais: segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), as cadeirinhas reduzem mortes de crianças no trânsito em até 60%.

No entanto, parece que a matemática foi desconsiderada. Talvez casos concretos sensibilizem o nosso mandatário. Para simplificar, optei por selecionar cinco de inúmeros exemplos que demostram a capacidade das cadeirinhas de salvar vidas.

1- Em 2015, na cidade de Itapetininga, em São Paulo, uma criança de sete meses sobreviveu a um capotamento na Rodovia Francisco da Silva Pontes (SP-127). Segundo a Polícia Rodoviária, a cadeirinha foi fundamental para evitar um maior desastre. O bebê sofreu apenas ferimentos leves. 

2- Júlia, de seis meses, estava dentro de um Chevette que se envolveu em uma colisão com um caminhão na BR-381, em Ibirité, Minas Gerais. O ano era 2006. Os pais da menina, infelizmente, não sobreviveram, mas ela — com a proteção da mãe e, claro, da cadeirinha — ficou firme e forte. O bebê sofreu apenas uma luxação no pé.

3- Tudo bem que o presidente tem certa resistência aos programas de Rede Globo, mas este incidente, além de ter sido divulgado no Jornal Nacional, teve espaço em emissoras pelas quais o capitão tem mais apreço. Segundo o noticiário global, uma criança de dois anos sobreviveu justamente por causa da cadeirinha. O carro em que ela estava bateu de frente num caminhão. A criança ficou um dia no hospital em observação e foi logo liberada.

4- A menina Laura Gibosky esteve num engavetamento gravíssimo em 2011, no perigoso Anel Rodoviário, em Belo Horizonte, Minas Gerais. A prima da menina, de dois anos, infelizmente, não sobreviveu. Ela, no entanto, graças à cadeirinha, resistiu aos ferimentos e, após seis meses internada, recebeu alta.

5- No início deste ano, em março, uma mulher morreu em capotamento na BR-277. Ela não usava cinto de segurança. Sua filha de sete meses, contudo, estava no banco traseiro, acomodada em uma cadeirinha. Sobreviveu.

São muitos os casos em que a cadeirinha fez toda a diferença na segurança da criançada. E você pode dizer: “Ah, mas não multar não significa não usar mais as cadeirinhas”. Porém nós sabemos muito bem que, no nosso país, sem fiscalização as pessoas não seguem as regras e, sem mexer no bolso, muita gente não vai investir em uma cadeirinha, mesmo que isso signifique brincar com a segurança de uma criança.

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Veja no link abaixo vídeo que mostra a diferença entre usar e não usar a cadeirinha para crianças no carro:
https://g1.globo.com/carros/noticia/2019/06/05/cadeirinha-pode-reduzir-acidentes-em-ate-60percent-veja-diferenca-entre-usar-e-nao-usar.ghtml

Marcus Celestino é Jornalista e Cineasta
Já foi repórter do Estado de Minas e do Jornal do Brasil. Também atuou como editor do Auto Papo. Já cobriu os principais salões do automóvel do mundo e zerou, quando criança, todas as versões de Top Gear para Super Nintendo. Atualmente trabalha como analista de dados. Nas horas vagas tenta destronar Lewis Hamilton no modo carreira de F1 2018.

 


 

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Emilio Camanzi

Emilio Camanzi

Emilio Camanzi  é um jornalista experiente e formador de opinião, com mais de 56 anos de trabalho dedicados a área automobilística. Seu trabalho sempre foi norteado pela busca da seriedade e credibilidade da informação. Constrói suas matérias de forma técnica, imparcial e independente, com uma linguagem de fácil compreensão. https://www.instagram.com/emiliocamanzi/ 🙋 PARCERIAS: comercial@carroscomcamanzi.com.br