BYD critica Anfavea por defender fim da isenção para carros elétricos

Anfavea quer volta do imposto de importação para frear marcas chinesas. Conselheiro da BYD no Brasil diz que empresa não é aventureira e terá fábrica no país

A montadora chinesa BYD criticou a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), que torce pelo fim da isenção de impostos para carros elétricos. Na semana passada, a entidade disse que o Governo Federal vai, ainda neste mês, anunciar o fim da isenção do imposto de importação para carros elétricos e declarou como “perigosa” a invasão de carros chineses na América Latina.

“É descabido imaginar que o presidente de uma entidade dessa envergadura (Anfavea) possa colocar palavras na agenda de um governo que lutou tanto para trazer a COP 30 para o Brasil e dizer que vai haver uma taxação de carros elétricos que visam justamente contribuir para a proteção ao meio ambiente”, disse o conselheiro especial da BYD no Brasil, Alexandre Baldy, em entrevista à Reuters. A Anfavea não se manifestou.

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Baldy já foi ministro do governo Temer, deputado e secretário de estado em Goiás e entrou recentemente para o conselho da empresa chinesa. O executivo revelou na entrevista que a BYD não teve qualquer discussão com o governo federal sobre o fim da isenção, e que o início das obras de construção da fábrica de veículos do grupo na Bahia, previsto para outubro, está mantido.

O executivo da BYD comparou a declaração do presidente da Anfavea ao que foi feito no Brasil em 2013. Na época, as montadoras conseguiram convencer o governo federal a criar o programa Inovar-Auto. A ideia era proteger o mercado nacional contra um boom de importações de veículos chineses. A elevação do imposto prejudicou sobretudo JAC, Chery, Lifan e a Kia. Posteriormente o programa foi questionado na Organização Mundial do Comércio (OMC).

“O apelo daqueles que querem proteger os seus mercados, sem dúvida, é semelhante. Agora, diferentes são as empresas…Hoje estamos falando da maior empresa do mundo no seu setor. Não é um aventureiro e não é um grupo qualquer”, afirmou o conselheiro da BYD no Brasil.

A empresa chinesa é a segunda maior vendedora de veículos eletrificados no Brasil, atrás apenas da Toyota. As vendas de carros eletrificados no país têm crescido nos últimos meses, e a BYD espera que a fábrica na Bahia comece a produzir entre o final de 2024 e início de 2025.

Análise

A declaração da BYD é um contraponto à da Anfavea, que vem defendendo o fim da isenção do imposto de importação para carros elétricos. A associação alega que a medida é necessária para proteger o setor automotivo nacional, que tem sido impactado pela concorrência de veículos importados.

O governo federal ainda não se manifestou sobre o assunto. A decisão sobre o fim da isenção, caso seja tomada, deve ser anunciada no âmbito da segunda fase da política automotiva Rota 2030, prevista para ser divulgada neste mês.

A decisão sobre o fim da isenção terá impacto direto no mercado de carros elétricos no Brasil. A medida, caso seja aprovada, deve encarecer os veículos elétricos importados, o que poderia reduzir a sua competitividade frente aos modelos de combustão interna.

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