Enquanto o mercado europeu recebe uma gêmea de luxo da Ranger, o mercado sul-americano receberá uma versão mais acessível, feita sobre a plataforma da chinesa Maxus T90 da Saic
A Volkswagen confirmou o investimento de US$ 580 milhões (R$ 3,3 bilhões) na fábrica de General Pacheco, Argentina, para a produção da nova geração da picape média Amarok a partir de 2027. O projeto, conhecido como Patagonia, promete uma renovação completa da picape, incluindo uma nova plataforma chinesa, design reformulado e motorização híbrida. A produção será concentrada na fábrica de General Pacheco, na Argentina.
Há, todavia, um porém: a Amarok sul-americana é baseada na chinesa Maxus T90 enquanto a Europa recebe uma versão mais refinada com a plataforma da Ford Ranger, a mesma que já roda na África do Sul e outros mercado ha algum tempo. A estratégia da Volkswagen de adotar plataformas distintas para diferentes mercados suscita preocupações sobre a qualidade e o valor do produto oferecido aos consumidores da região.
Plataformas Distintas para Mercados Distintos
Enquanto os países da Europa e outros mercados considerados “desenvolvidos” receberão uma nova Amarok construída sobre a plataforma da Ford Ranger, resultando em uma picape mais robusta, luxuosa e moderna, a América do Sul terá uma versão com plataforma chinesa da Maxus T90, da Saic.
Essa escolha estratégica pode ser interpretada como uma tentativa de otimizar custos e maximizar lucros na América do Sul, um mercado sensível a preços, mas também levanta questionamentos sobre o compromisso da Volkswagen em oferecer um produto de alta qualidade e valor percebido aos consumidores da região. A diferenciação de plataformas cria uma hierarquia implícita, com a Amarok sul-americana posicionada como uma opção de “segunda classe” em relação à versão europeia.
A grande mudança estrutural da nova Amarok é a adoção da plataforma de carroceria sobre chassi da Maxus T90, uma picape chinesa fabricada pela Saic, parceira da Volkswagen em uma joint venture na China. Essa decisão, que segue a mesma estratégia da Fiat com a Titano, visa otimizar custos e acelerar o desenvolvimento do projeto.
A Volkswagen, entretanto, enfatiza que a colaboração com a Saic se restringe à plataforma. Todo o design e a engenharia da nova Amarok estão sendo liderados pela equipe sul-americana da marca, sob a batuta do designer brasileiro José Carlos Pavone, responsável por moldar o visual da picape para atender aos gostos e às exigências do consumidor local. O objetivo é evitar o que aconteceu com a Fiat Titano, garantindo uma identidade própria e um produto alinhado com as expectativas do mercado.
No entanto, a questão central permanece: o design e a motorização, por mais atraentes que sejam, serão suficientes para neutralizar a percepção de que a Amarok sul-americana é inferior à versão europeia? A resposta dependerá da qualidade da execução do projeto, da confiabilidade da plataforma da Maxus T90 e da capacidade da Volkswagen em entregar um produto que atenda às expectativas dos consumidores em termos de desempenho, conforto e segurança. Inclusive para manter seu lugar de uma das picapes com melhor desempenho do nosso mercado.
Dimensões Ampliadas
Embora o design final esteja sob sigilo, o teaser divulgado pela Volkswagen sugere uma picape com linhas modernas e robustas. As dimensões da nova Amarok devem ser generosas, seguindo a receita da Maxus T90: 5,37 metros de comprimento, 3,16 m de entre-eixos, 1,90 m de largura e 1,85 m de altura. Em comparação com a Toyota Hilux, a nova Amarok será 4 cm mais comprida, 8 cm mais alta e 5 cm mais larga, com um entre-eixos 8 cm maior. O porte é similar ao da Ford Ranger, indicando que a Volkswagen pretende competir no segmento de picapes médias mais robustas.
Motorização Híbrida e Opções Diesel
A Volkswagen ainda não revelou todos os detalhes sobre a motorização da nova Amarok, mas a expectativa é que a picape ofereça uma gama de opções para atender a diferentes perfis de consumidores. É quase certo que o motor V6 turbodiesel de 258 cv e 59,1 kgfm, já conhecido da geração atual, seja mantido, assim como o câmbio automático de oito marchas da ZF. Para as versões mais acessíveis, um motor 2.0 turbodiesel de quatro cilindros e câmbio manual de seis marchas podem ser oferecidos.
A grande novidade, confirmada pelo sindicato dos metalúrgicos da região de Buenos Aires, é a introdução de uma versão com motorização híbrida, alinhada com as tendências globais de eletrificação.
Tração Inteligente e Tecnologias
A adoção da plataforma da Maxus T90 traz consigo a possibilidade de implementar um sistema de tração 4×4 sob demanda, que otimiza o consumo de combustível e melhora a dirigibilidade em diferentes condições de terreno. Essa mudança atende a uma antiga demanda dos consumidores da Amarok, que criticavam a falta de robustez da tração integral permanente da geração anterior.
Além disso, a arquitetura eletrônica da Maxus T90 permite a incorporação de tecnologias avançadas, como reconhecimento de voz, estacionamento por controle remoto e equipamentos de segurança ativa (ADAS), incluindo frenagem autônoma de emergência, controle de cruzeiro adaptativo (ACC) e assistente de permanência em faixa. Esses recursos devem estar presentes na nova Amarok sul-americana.
Geração Atual Continua em Produção
Para garantir uma transição suave e atender à demanda do mercado, a Volkswagen informa que a geração atual da Amarok continuará sendo produzida normalmente até a chegada da nova geração em 2027.
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