Volvo S60 e o visto chinês para os EUA

 

Um dos destaques dos últimos dias foi o lançamento da terceira geração do Volvo S60, que o amigo conferiu aqui. O sedã sueco chega apinhado de tecnologias, assim como os demais modelos da marca como o S90, o XC90 e o XC60. Isso quer dizer que ele conta com sistemas de condução semiautônoma, uma gama de motores moderna, acabamento de primeira e tudo mais que se espera de um sedã premium. Mas o pulo do gato foi outro.

O S60 é o primeiro Volvo fabricado fora da Suécia. Ele é construído numa novíssima planta erguida na Carolina do Sul, Estados Unidos, onde a BMW também fabrica seus jipões desde os anos 1990. Transferir parte da produção para os EUA foi uma jogada de mestre. Não da Volvo em si, mas de seus proprietários, os chineses da Geely.

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Marcas chinesas tentam cavar espaço no mercado norte-americano há um bom tempo. Este ano, marcas da terra dos pandas montaram vários estandes no Salão de Detroit, enquanto fabricantes europeus começaram a declinar do NAIAS. Talvez tenha sido a maior presença das marcas mandarins na feira de Michigan. No entanto, os carros chineses ainda são vistos com desdém pelo consumidor norte-americano e também pela imprensa local.

Usar a Volvo como passaporte para entrar no mercado norte-americano foi um gol de placa. Aliás, comprar a Volvo foi uma jogada inteligente por parte dos chineses. Eles não compraram apenas um emblema de luxo, e sim um grande centro de desenvolvimento de tecnologia automotiva. Coisa que a Ford não soube aproveitar enquanto foi proprietária da Volvo.

Muito pelo contrário. Quando a norte-americana adquiriu a sueca, assim como Land Rover e Jaguar, o que ela fez foi aplicar a velha estratégia da indústria de Detroit que era de embalar um mesmo carro com marcas diferentes, ao invés de utiliza-las para desenvolver novas tecnologias para melhorar seus produtos. Daí o que foi visto foi um monte de “fordinhos” travestidos de Volvos: C30, V50, S40, que eram derivações do Focus. Não precisamos lembrar que não deu certo.

Por outro lado, a Geely está injetando rios de dinheiro na Volvo, pois sabe que está investindo em tecnologia de ponta e capital humano que pode ser aplicado em outras operações de maior volume que a Volvo. A marca sueca deu um grande salto tecnológico nos últimos anos. Sua referência em segurança também se faz em condução semiautônoma, conjunto motor eletrificado, dentre outros.

Injetar essa grana não tem sido problema para a Geely. Ela ganha muito dinheiro vendendo seus carrinhos modestos na China e em inúmeros mercados ao redor do globo. Modelos que não tiveram adesão no mercado brasileiro, mas vendem bem em vários mercados latinos. Quem já visitou Uruguai, Chile, Colômbia, Peru e Argentina já se deparou com algum Geely pelas ruas.

Aqui não pegou, muito em função do programa Inovar Auto que estrangulou a entrada dos chineses até o ano passado. Mas o brasileiro também não viu vantagem nos Geely, Sejamos francos, o que foi vendido aqui não merece aplausos. Os americanos também não veem, mas adoram Volvo. E foi com a Volvo que os chineses entraram nos Estados Unidos, com um visto sem data para expirar.

Afinal montaram uma fábrica lá dentro, para satisfazer o ego de Donald Trump, que iniciou uma cruzada contra as marcas estrangeiras que apenas importavam automóveis e não geravam empregos para os norte-americanos. Foi um investimento inteligente, pois os modelos suecos são garantia de boa liquidez por lá.

Como diz o bordão da bola: Não existe mais bobo no futebol!

 

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Marcelo Iglesias Ramos é Jornalista e Designer Gráfico.

Está na área desde 2003, atualmente é o editor do caderno HD Auto, do jornal Hoje em Dia, de Belo Horizonte. Figura presente em todos os lançamentos, salões do automóvel e eventos da indústria automobilística. Para relaxar, tem como hobby escrever para seu blog de games, o “GameCoin” (www.gamecoin.com.br).

Contato: (31) 99245-0855

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Ver comentários (1)

  • Isso mesmo Marcelo! Do jeito que a coisa vai os chineses vão dominar o mundo e não só o automotivo.

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