A crise dos semicondutores e demais insumos foram responsáveis diretos pela retração dos emplacamentos em setembro. Segundo a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), os licenciamentos de automóveis e comerciais leves caíram 10,2%, em relação a agosto.
E dessa vez, a lata esvaziou em Betim. A Fiat viu seus números encolherem consideravelmente no período. Para ser mais preciso, o volume de carros emplacados da italiana caiu um terço. Em agosto, a marca emplacou 39 mil unidades e no mês passado foram 29 mil.
Um dos motivos é a falta de insumos, que fez com que modelos encolhessem suas vendas. A Strada despencou de 9 mil para 5,7 mil carros. Argo e Mobi também registraram retração. A dupla que no mês anterior licenciou na casa dos 7 mil unidades, encolheu para menos de cinco mil.
A situação é tão séria, que desde a segunda-feira (4), está suspenso o terceiro turno na planta mineira. Assim 1.800 funcionários ficarão em casa por 90 dias, até que o abastecimento se normalize.
Mas a retração não impactou só a Fiat. A maioria dos modelos vendidos no país tiveram desempenho inferior que em agosto. Em números setembro anotou 142.354 veículos emplacados, enquanto o mês anterior registrou 158.501.
No entanto, o quadro é ainda pior quando se compara com setembro de 2020, em que a queda é de 28,4%. No ano passado foram quase 200 mil licenciamentos no período.
Além da Fiat
Antes da fábrica da Stellantis, às margens da rodovia Fernão Dias, General Motors, Renault, Honda, Hyundai e Volkswagen tiveram queda de produção pela falta de insumos.
Com o cenário tão conturbado, a Fenabrave alterou suas projeções para o ano pela segunda vez. Em janeiro, a estimativa era de que o ano fechasse com 2,25 milhões de carros de passeio e comerciais leves emplacados.
Com a falta de componentes, a entidade reviu a planilha e, em julho, baixou de 15,8% de crescimento sobre 2020, para 13,6%. Em unidade, correspondia a uma perda de quase 100 mil carros.
Agora o otimismo é ainda menor e a projeção de crescimento encolheu para 11,1%, que corresponde a 2 milhões de unidades. Lembrando que 2020 já tinha sido o pior período da década.
“Estamos diante de muitas incertezas e da maior crise de abastecimento de veículos já vivida nos últimos anos. Isso nos fez reduzir as expectativas de crescimento para o ano, infelizmente”, alerta o presidente da Fenabrave, Alarico Assumpção Júnior.
E se não bastasse, metalúrgicos da General Motors, que trabalham na fábrica de São Caetano do Sul (SP), estão em greve desde o dia 1º de outubro. Sindicato e montadora não chegaram a um acordo sobre reivindicações salariais, o que gerou nova parada na linha do SUV Chevrolet Tracker e do monovolume Spin. A greve acontece logo após a GM ter anunciado a duplicação da produção do utilitário compacto.
No mundo
Mas a crise não é exclusividade brasileira. A falta de componentes tem afetado fábricas ao redor do mundo todo. Europa, Estados Unidos e México também assistem suas linhas tropeçando na escassez de peças, que vão além dos semicondutores. Segundo fabricantes e representantes do setor, a crise no abastecimento só deverá se normalizar no segundo semestre de 2022.
Fotos: Fiat/Divulgação
Marcelo Jabulas é Jornalista.
Está na área desde 2003, atualmente é o editor do caderno HD Auto, do jornal Hoje em Dia, de Belo Horizonte. Figura presente em todos os lançamentos, salões do automóvel e eventos da indústria automobilística. https://www.youtube.com/garagemdojabulas
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