Um touro que pisa leve

[su_heading size=”20″]Fiat Toro Freedom[/su_heading]

Se há uma coisa que a picape Fiat Toro consegue fazer muito bem, é ser macia como um automóvel, quando está descarregada. Um diferencial importante quando comparada a outras picapes que, pela necessidade de também transportarem peso, acabam pulando quando estão vazias devido à suspensão reforçada. No caso da Toro, o “milagre” foi o projeto de uma suspensão traseira sofisticada, do tipo multilink, que permite que tenha praticamente o mesmo comportamento, carregada ou vazia, no quesito conforto ao rodar. Um detalhe que, certamente, vai agradar a muita gente.

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Mas, ela não se resume só a isso. Muito pelo contrário. Com um design ousado, inspirado no conceito FCC4, mostrado no Salão de 2014, chama a atenção por onde passa. E consegue reunir características de um utilitário esportivo, de picape e de automóvel, permitindo que atenda a uma freguesia mais ampla e que procura algo a mais no mesmo veículo. Até no tamanho! Com exatos 4,915 metros de comprimento, fica entre as picapes compactas e as médias, o que ainda lhe dá a agilidade de um automóvel no conturbado trânsito de nossas cidades. Com a possibilidade de carregar até 1.000 quilos, incluindo os ocupantes, a capacidade de carga é de picapes maiores.

Ela foi desenvolvida e criada no Brasil sobre a plataforma global do Renegade, que a Fiat chama de Small-Wide, ampliada para poder utilizar uma carroceria maior e com caçamba. Aliás, detalhe interessante e que caracteriza bem a finalidade de veículo multiuso, de fácil manuseio, que a Fiat quis dar à Toro, é a inédita tampa da caçamba bi-partida. Leves e simples de serem abertas, como se fossem duas portas, as “tampas” facilitam o acesso à boa caçamba, com 820 litros de capacidade. Volume que pode ser ampliado em mais 405 litros com um inédito e exclusivo extensor, que é vendido como opcional. O único inconveniente da caçamba é sua altura que atrapalha, e bem, a visibilidade traseira, especialmente em manobras.

Por dentro

Com uma boa altura do solo, acaba agradando também a quem gosta da posição alta de dirigir dos SUVs. Com carroceria monobloco, quatro portas e uma boa distância entre-eixos (2,98 m), ela tem lugar para cinco pessoas. Mas, o bom espaço se resume a quatro adultos, já que quem vai no meio do banco traseiro fica espremido e, ainda, tem o final do console e túnel no assoalho para atrapalhar. De qualquer maneira, a segurança não foi esquecida: todos têm cintos de três pontos e apoios de cabeça, além de sistema Isofix para prender cadeirinhas infantis. E completa esse quesito com controles eletrônicos de estabilidade e tração, além de auxiliar de partida em rampa.

São quatro as versões para escolha, com motor 1.8 flex ou 2.0 turbodiesel, câmbios automáticos de 6 ou 9 marchas ou, ainda, manual de 6, com trações 4×2 e 4×4. Segundo a Fiat, as equipadas com motor diesel, câmbio manual e tração 4×4, como esta Freedom do teste, são as que deverão ter a preferência do público.

A primeira impressão que se tem ao entrar na Toro é positiva, passando a mesma sensação de robustez do exterior. O revestimento, que pode ser em couro, os bons bancos e o design do painel e quadro de instrumentos, apesar de terem personalidade própria, não escondem a origem Jeep e agradam. Porém, em um exame mais profundo, a Toro deixa um pouco a desejar, já que usa muito material plástico duro no painel e cobertura das portas, os puxadores apresentam algumas arestas e alguns arremates poderiam ser melhores. Em termos de praticidade, apesar de contar com um bom vão sob o assento do banco do carona, também fica devendo. Os porta-objetos nas laterais não são dos maiores e o console central, com uma caixa sob o apoio de braço, tem apenas lugar para uma garrafa.

Desde a versão de entrada, a Toro vem equipada de série com direção elétrica, radio com Bluetooth, computador de bordo, ar-condicionado, lanterna traseira de neblina, sensor de estacionamento traseiro, piloto automático e trio elétrico. Mas, a lista de opcionais é extensa. Por exemplo, roda 17 polegadas, teto solar, revestimento em couro, sistema multimídia, capota marítima, faróis de neblina e tapetes acarpetados, como neste carro do teste, são pagos à parte, o que acaba subindo bastante o preço final.

Mecânica

Para quem curte picapes cabine dupla, o motor diesel é quase uma obrigação. Por isso, na mecânica, não houve “invenções”. É tudo igual ao Jeep Renegade. Nesta Freedom, o motor é o 2.0 turbodiesel, que entrega 170 cavalos e bons 35,7 kgfm de torque, capazes de, segundo a Fiat, fazer a Toro acelerar de 0 a 100 km/h em 9,5 segundos e chegar aos 188 km/h, um bom desempenho em se tratando de uma picape cabine dupla.

O câmbio, na Freedom, é manual de seis marchas, com engates macios e, principalmente, precisos. Ou seja, não deixa dúvidas das marchas engatadas. Nesta que testamos, a tração é 4×4. Um sistema interessante e que tem três modos de operação, que podem ser selecionadas por meio de um botão no console: Auto, 4WD e4WD Low

Na posição Auto, a tração nas quatro rodas é sob demanda. Ou seja, normalmente a picape roda só com a tração dianteira, melhorando o consumo de combustível. Por meio de sensores nas rodas, caso o sistema sinta a necessidade, consegue transferir até 40% do torque para as rodas traseiras, incrementando a tração e a estabilidade. Para manter a tração constante nas quatro rodas, é preciso girar o botão para a posição 4WD.

Se a situação for um pouco mais severa do que uma estrada de terra enlameada, ela tem o recurso 4WD Low. Não é uma reduzida, mas a ativação de um software na central eletrônica que “prepara” o veículo para essa situação, adequando o sistema ABS dos freios e os controles de tração e estabilidade, para uma situação off-road. Além disso, e mais importante, muda o mapeamento eletrônico do motor, para que ele tenha mais torque em baixas rotações. Junto com os 20,6 centímetros de vão livre, a Toro enfrenta um fora de estrada com competência.

Como anda

De uma maneira geral, pode-se dizer que o desempenho da Toro é bom. Mas, nessa versão com câmbio manual, é preciso ficar esperto na hora de arrancar. É que, abaixo de 2.000 rpm, o motor tem pouco torque, obrigando a aumentar a rotação mais que o normal e fazer um “controle de embreagem” para não deixar o motor morrer. Essa situação é agravada se você estiver em uma subida, dificultando tira-la da inércia. Claro que você pode colocar a tração no modo 4WD Low que o torque aparece e diminui o problema. Mas, ficar “engatando e desengatando” a todo momento não é muito prático, principalmente no trânsito congestionado. Por isso, um pouco mais de torque do motor em baixa rotação na condição Auto, ou pelo menos uma primeira marcha com relação mais curta, seriam desejáveis.

Depois que sai do lugar e pega um pouco de velocidade, a Toro não se ressente mais disso e torna-se prazerosa de dirigir. As acelerações são boas e, mesmo com seis marchas, não é preciso ficar reduzindo a todo momento para ter boas retomadas de velocidade. Uma coisa que chama a atenção é a maciez dos engates, coisa rara em picapes cabine dupla com motor a diesel e que, certamente, vai agradar ao público feminino. Outro detalhe na mesma linha é a pouca força que se deve fazer na direção elétrica em manobras, e a precisão que tem em velocidade. O único transtorno fica por conta do pequeno diâmetro de giro (12,9 m), por causa da grande distância entre-eixos (2,99 m), o que obriga a fazer muitas manobras para, por exemplo, fazer o retorno em uma via de mão única.

A suspensão independente nas quatro rodas filtra muito bem as irregularidades do solo, com ou sem carga, e impressiona por se tratar de uma picape. A sensação é a de estar em um automóvel. O baixo nível de ruídos proveniente do motor também torna o conforto a bordo muito bom. A estabilidade também é boa. Mesmo em curvas mais fechadas, o comportamento da Toro é previsível. Mas, por ser alta e ter pneus de uso misto, não é recomendável abusar nessa hora. Na hora de frear, apesar de ter freios a disco só nas rodas dianteiras (atrás, são a tambor), ela também se comporta bem, parando em linha reta, mesmo em pisos escorregadios.

Outra coisa interessante é o consumo de combustível: 11,3 km/l de diesel no circuito cidade/estrada. Um resultado muito bom considerando-se os 1.788 quilos que pesa.

Enfim, com um design atraente e a possibilidade de ser usada para várias finalidades, a Toro tem tudo para arrebatar seguidores de outros segmentos, especialmente aqueles que curtem as picapes, mas acham as compactas pequenas demais e não tinham outra opção, a não ser as de tamanho médio. Porém, se você for partir para a versão a diesel, faça um esforço e compre aquela com câmbio automático e, aí, todos aqueles problemas na hora de arrancar sumirão e ela ficará mais agradável de dirigir.

 

Preço:

  • Fiat Toro Freedom 2.0 Turbodiesel 4×4, a partir de: R$ 101.900
  • Com todos os opcionais, como a do teste: R$ 121.052

 

Outras versões:

  • Fiat Toro Freedom 1.8 flex (câmbio automático de 6 marchas, 4×2): R$ 76.500
  • Fiat Toro Openning Edition 1.8 flex (câmbio automático de 6 marchas, 4×2): R$ 84.400
  • Fiat Toro Freedom 2.0 diesel (manual de 6 marchas, 4×2): R$ 93.900
  • Fiat Toro Volcano 2.0 diesel (automático de 9 marchas, 4×4): R$ 116.500

 

Notas do Emilio para o Fiat Toro Freedom 2.0 Turbodiesel 4×4

 

Ficha Técnica Fiat Toro Freedom 2.0 Turbodiesel 4×4

Lista de equipamentos de série e opcionais Freedom 2 0 Turbodiesel 4×4

 

Fotos: Emilio Camanzi, Vania Camanzi e divulgação Fiat

 

 

 

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