TESTE – Novo Uno Evolution 1.4, no liga e desliga da economia

Desde que chegou em 2010, o novo Uno praticamente não mudou a cara e manteve o mesmo conceito de seu antecessor e inspirador: o Uno. O que aconteceu nos modelos 2015/2016, pode-se dizer, foi uma evolução do que a Fiat batizou de “round square”, ou cantos arredondados, tema que é aplicado em vários detalhes. Ganhou, também, um novo interior que o deixou mais sofisticado. Porém, a melhor das evoluções é o sistema Start&Stop, de série na versão 1.4 Evolution (como esta da avaliação), o primeiro a ser aplicado em carros nacionais, que desliga o motor em paradas e o religa automaticamente ao tirar o pé da embreagem.

Por fora, apesar de manter o mesmo estilo, são novos os faróis, lanternas dianteiras e traseiras, capô, grade, para-lamas e para-choque dianteiro e traseiro, pormenores que o deixaram com uma aparência mais robusta e mantiveram a jovialidade do projeto.

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Internamente, a evolução foi maior. Começou nas laterais das portas com um novo desenho; os bancos receberam uma nova estrutura que os deixou mais confortáveis; e o banco traseiro agora é do tipo bipartido, permitindo ampliar o espaço para a bagagem. Porém, essas mudanças não interferiram no espaço, que continua bom para quatro adultos e uma criança. Uma coisa bacana é que nessa versão, além do apoio de cabeça central, finalmente tem, também, o cinto de três pontos nesta posição. Uma pena é que ambos ainda são opcionais e os importantes controles de estabilidade e tração ainda passem longe de serem aplicados.

O painel, agora texturizado, tem um toque mais agradável, enquanto que o quadro de instrumentos conta com um interessante display central de LCD de alta resolução que, além de computador de bordo, permite a visualização de várias configurações do carro. O mais interessante, porém, é o sistema Start&Stop, que você pode ativar ou desativar por meio de um botão no centro do painel, que ajuda a economizar combustível e a poluir menos quando se anda na cidade, já que desliga o motor nas paradas. Para recebe-lo, vários componentes foram modificados, como motor de arranque, uma bateria de maior capacidade e incluído um gerenciamento eletrônico que só deixa o Start&Stop funcionar se a bateria estiver com mais de 75% de carga.

Uma surpresa agradável é sentir que o sistema do Novo Uno 1.4 Evolution atua como os melhores que já tive oportunidade de testar em carros importados. Para que funcione ao parar, basta colocar o câmbio manual em ponto morto e pisar no freio que o motor desliga. Uma luz no quadro de instrumentos acende informando que está ativo. Ao apertar a embreagem, o motor entra rapidamente em funcionamento, sem trancos ou vibrações que incomodem, levando para arrancar o mesmo tempo do carro que não é equipado com este sistema. E faz isso tanto com etanol, como com gasolina. Ou seja, praticamente não se percebe nada.

Para maior segurança e preservação da carga da bateria, o sistema obedece a uma série de parâmetros para agir (veja abaixo no link Start&Stop – Condições de funcionamento), fazendo com que não interfira na maneira normal de dirigir. A única coisa a fazer é mudar o modo de parar em um semáforo ou congestionamento, com a primeira engatada e o pé na embreagem. Ele só funciona com o câmbio em ponto morto e com o pé fora da embreagem. Obedecendo essa regra, combinada com as indicações do momento de troca ideal de marcha que aparece no quadro de instrumentos, os resultados da diminuição do consumo na cidade aparecem rapidinho. No circuito cidade/estrada que faço as medições, chegou a ótimas médias de 10,4 km/l com etanol e 14,8 com gasolina, graças aos valores conseguidos no trecho urbano.

Porém, nem tudo é uma maravilha. O motor 1.4 dessa versão, apesar de também ter o nome de EVO, deixa um pouco a desejar. Tudo bem, é econômico, mas apesar da cilindrada, não é dos mais potentes. Tem apenas 85 cavalos com gasolina e 88 com etanol, bem próximo dos modernos motores de três cilindros e de apenas 1 litro de cilindrada usados pelos concorrentes, que têm potências que vão dos 75 aos 85 cavalos. O que salva um pouco a pátria é o maior torque em função da cilindrada (12,4 kgfm com gasolina e 12,5 com etanol) que permite ao Novo Uno 1.4 Evolution um desempenho um pouco melhor (0 a 100 km/h em 10,8/11,1 segundos e máxima de 170/172 km/h, respectivamente, com gasolina e etanol). Também por conta do torque, as retomadas não exigem tantas reduções.

De qualquer maneira, deveria ser melhorado. Afinal, dentro da própria gama da Fiat tem motor 1.4 com 100 cavalos de potência (Fiat 500) e que é tão econômico quanto. Sem falar que, apesar do nome EVO, ainda mantém o jurássico tanquinho de gasolina para as partidas a frio com etanol, já eliminado em vários concorrentes por um sistema mais moderno.

No restante, sem novidades. A suspensão cumpre bem o trabalho de filtrar as irregularidades do terreno, deixando o Novo Uno 1.4 Evolution com um rodar confortável e silencioso, sem esquecer a estabilidade. A boa altura do solo permite que enfrente as lombadas, valetas e buracos do dia a dia de nossas ruas e estradas com mais tranquilidade. Os freios também são corretos, parando bem mesmo em pisos escorregadios. A ressalva fica para a direção que, apesar de precisa, é um pouco pesada, especialmente em manobras.

De qualquer maneira, mostrou ser um carro bem equilibrado. O ideal seria que o Start&Stop estivesse disponível também com o câmbio robotizado Dualogic, já que tudo seria feito automaticamente, sem necessidade de desengatar, pisar na embreagem e engatar de novo. Quem sabe, essa não seja uma nova “evolução”.

 

Preços:

R$ 41.290 (de série)

R$ 47.370 (com todos os opcionais)

 

Notas do Emilio para o Fiat Novo Uno Evolution 1.4

Ficha Técnica Novo Uno Evolution 1.4

Lista Equipamentos de Série e Opcionais – Novo Uno Evolution 1.4

Start&Stop – Condições de funcionamento

 

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Ver comentários (6)

  • Como sempre, sua análise é muito bem balizada. Parabéns.
    Sugiro uma matéria com testes de impacto dos nossos carros pela Latin- NCAP.
    Algo tb que gostaria de saber é se há teste de impacto traseiro, sobretudo em carros de 7 lugares, onde, normalmente, o espaço para a deformação é restrito.
    Forte abeaço!

    • Caro Marcelo
      Obrigado pela dica. Quanto aos teste de colisão traseira não são feitos em nenhum lugar. Mas acho que com o advento desses veículos com sete lugares, logo logo também passarão a ser exigidos. Um abraço

  • A Fiat bem que poderia levar o Start-stop ao 1.0 também, quem sabe ele não fica tão econômico quanto o Up?

  • Olá Emílio, mais uma ótima avaliação e gostaria de saber se em seus projetos futuros está a criação de um canal no youtube com sua avaliações, reportagens e tudo mais sobre o mundo automotivo que tanto gostamos ???

    Abraços.

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