Chegou a vez da nova Ranger FX4 ser testada no nosso circuito pelo Camanzi. Olha aí:
Se a indústria automobilística está cada vez mais enxugando as versões de um mesmo modelo pra simplificar a produção e a compra pelo cliente, a Ford está na contramão. Agora ela tem nada menos do que nove versões da Ranger pra você escolher. A mais nova delas é esta, a FX4, inspirada na prima americana Maverick. Vamos ver qual é a dela.
A FX4, com motor turbodiesel e tração 4×4, faz parte de uma estratégia que a Ford chama de subsegmentação do mercado para atender a diferentes perfis de consumidores. Coisa que ela já fez com as versões Black, mais urbana, e Storm, mais radical.
Segundo a Ford, a FX4 oferece uma pegada mais off-road, sem abrir mão do requinte de uma topo de linha. Será que consegue?
Segundo a marca, a sigla FX4 é uma associação do nome Ford com o 4×4, algo como Ford by four, e identifica as versões com a pegada off-road. Detalhes em preto são a característica, como a grade exclusiva e aplique na parte inferior do para-choque. Os faróis full-LED e de neblina são de série. De lado, faixa exclusiva e retrovisores, maçanetas, rodas aro 18, molduras dos para-lamas, estribo e santantônio em preto, bem como o para-choque na traseira, que é complementada com o nome Ranger, lanternas escurecidas e logotipo FX4.
Um visual que eu achei bem legal. Agora vamos lá dentro. O revestimento dos bancos é em couro sintético com costuras em vermelho. Mesmo material usado no volante, alavanca de seleção e apoios de braço central e das portas. No restante, plástico rígido. Entre os equipamentos, quadro de instrumentos com duas telas em LCD configuráveis, banco do motorista elétrico; ar-condicionado automático de duas zonas; sensor de chuva e crepuscular; central multimídia de oito polegadas sensível ao toque com espelhamento de celular; câmera de ré; e sensores traseiros de estacionamento.
Mas por ser um carro que se diz de luxo e pelo que custa, faltam alguns detalhes importantes.
Ranger FX4: R$ 292.890 (maio 2022)
Não tem saídas de ar-condicionado para o banco traseiro; no volante falta regulagem de profundidade; a chave não é presencial; tem quatro tomadas na frente, duas USB e duas de 12V, mas atrás apenas uma de 12V; e na boa caçamba de 1.180 litros, tanto o protetor como a capota marítima são opcionais. A capota marítima tudo bem ser opcional, afinal tem várias opções, inclusive elétrica, e alguém pode não querer. Mas não ter o protetor de caçamba é o fim da picada. Pelo menos a pesada tampa tem assistência para abrir e fechar, o que facilita seu uso.
Protetor de caçamba R$ 1.492
Capota marítima R$ 1.850
(Sem instalação – maio 2022)
E como toda picape cabine dupla tem seus probleminhas. Tem espaço para cinco, mas só quem vai na frente viaja com conforto. Atrás o espaço é bom, mas por causa do assento baixo, os joelhos ficam muito dobrados, o que causa desconforto. E quem vai ao meio sofre com o fim do console e o túnel da transmissão.
Em segurança também fica devendo. Tudo bem, tem sete airbags; controles de tração, estabilidade e auxiliar de partida em rampa; controle automático de descida; sistema anti-capotamento e controles de oscilação de reboque e adaptativo de carga.
Mas eu acredito que, novamente, pelo que custa, deveria ter ao menos um sensor de ponto cego e alerta de colisão, vocês também não acham?
Na mecânica usa o mesmo bom motor 3.2 turbodiesel de 200 cavalos. A novidade é que para atender às novas normas antipoluição do Proconve 7, agora foi recalibrado para o uso do Arla 32 e sem perda de potência ou torque.
Motor
3.2 Turbodiesel – 5 cil. – 20V
Potência: 200cv
Torque 47,9 kgfm
O reservatório de 20 litros, de acordo com a Ford, permite rodar de 10 a 14 mil quilômetros. E é acoplado ao câmbio automático de seis marchas das versões topo de linha.
Um conjunto que permite boas acelerações e retomadas de velocidade, mesmo quando está carregada, tornando-a gostosa de dirigir”.
Desempenho
0 a 100 km/h 11,2 s
80 a 120 km/h 8,9 s
Vel. máxima 175 km/h
(Corte eletrônico)
Além disso o câmbio permite trocas manuais sequenciais na alavanca, para uma tocada mais esportiva ou reduzir mais rapidamente para melhores retomadas de velocidade. Apesar da velocidade máxima ser um pouco menor do que outras versões, por causa dos pneus todo terreno, de uma maneira geral, o desempenho pode ser considerado bom. No quesito consumo também não fez feio com a média de 9,6 km/l de diesel S10 em nosso circuito padrão cidade/estrada.
Consumo médio (circuito cidade/estrada)
Diesel S10 9,6 km/l
E no fora de estrada se sai bem. Além da tração nas quatro rodas e reduzida engatadas eletricamente, têm também recursos para facilitar a vida no off-road: diferencial traseiro com bloqueio e o controle automático de descida. Além dos 23 centímetros de vão livre, bons ângulos de entrada e saída, capacidade de imersão de 80 cm, maior do que a do Jeep Wrangler, e pneus todo terreno.
Altura livre do solo 23,5 cm
Ângulo de entrada 28,0º
Ângulo de saída 26,0º
Capacidade de imersão 80 cm
Se quiser, tem como opção pneus mais agressivos com rodas de aro 17 polegadas.
Na hora de andar, porém, é aquela velha história… Quando está vazia e o piso não é liso, pula como um cabrito. Como quase todas as picapes médias do nosso mercado que podem levar uma tonelada.
Capacidade de carga: 1.014 kg
Por outro lado, surpreende pelo silêncio ao rodar. Em estabilidade não compromete, mas não dá para fazer peripécias por causa da altura e dos pneus todo terreno. Freios competentes e direção elétrica com o peso adequado, complementam a Ranger FX4. // Enfim, com um visual bacana e na moda, ela cumpre a proposta de oferecer a quem quer um bom desempenho em aventuras mais radicais, mas com algum requinte.
Seu maior pecado? O preço, claro.
Ranger FX4: R$ 292.890(Maio 2022)
Mas me conta, hoje qual picape desse tipo é barata? Até a próxima, tchau.
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Notas do Emilio
Desempenho 8
Consumo 8
Segurança 8
Estabilidade 7
Acabamento 8
Espaço interno 7
Caçamba 9
Custo/benefício 6
Informações técnicas da Ford Ranger FX4:
FichaTécnica – Ford Ranger FX4 2023
Lista de equipamentos – Ford Ranger FX4 2023
Texto e apresentação: Emilio Camanzi
Imagens: Camila Camanzi
Edição: Guilherme Carmo
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