Suzuki Escudo Pikes Peak: O monstro subiu a montanha

Quem é fã de games de corridas, fatalmente já se deixou escravizar pela série “Gran Turismo”, que há  mais de 20 anos é uma das grandes franquias da linha de videogames PlayStation. E quem jogou “Gran Turismo 2” em diante, certamente cobiçou ter um Suzuki Escudo Pikes Peak Version na garagem virtual.
O estranho carro vermelho, com enormes asas dianteira e traseira e visual estranho, parecia ser um devaneio do fabricante japonês, mas, na verdade, foi o carro que devorou o Pikes Peak International Hill Climb (corrida de subida de montanha disputada no estado norte-americano do Colorado) no ano de 1995 e ajudou a tornar o piloto e preparador Nobuhiro Tajima numa lenda, mesmo que poucos tenham testemunhado.


Metamorfose

Do Escudo, que por aqui é conhecido como Vitara, só aproveitaram o nome e alguns elementos da primeira geração do jipinho, já que era um protótipo que utilizava chassi tubular e uma carenagem em material leve para dar forma.

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O conjunto mecânico também não tinha nenhuma semelhança com o carro de rua. Afinal, o primeiro Escudo projetado por Tajima utilizava dois motores turbo 1.6 de 450 cv cada. Montados à frente e atrás, cada um tracionava o seu próprio eixo. Pode parecer estranho, mas na década de 1930, Enzo Ferrari, quando trabalhava para a Alfa Romeo, desenvolveu o Bimotore que também colocava o piloto entre os propulsores, mas isso é assunto para outra ocasião.
Tajima, que além de correr chefiava um time na Suzuki Sports, já tinha vencido a prova nos anos de 1992 e 1993 com um protótipo que “imitava” as linhas do simpático Swift, mas foi derrotado pelo neozelandês Rod Millen em 1994. O pior é que o rival, que corria pela Toyota, subiu os 20 quilômetros da montanha em 10m04s06, marca que Tajima só iria desbancar em 2007, também à bordo de um Suzuki.
Com mudanças no regulamento e extensão encurtada, o Escudo não deu chances para ninguém e venceu o trajeto em 7m53s00, em 1995. Mas ainda não era o ideal, pois a extensão não tinha os mesmos 20 quilômetros que Millen cravou seu recorde.
E, para o ano seguinte, era preciso correr trajeto longo. A equipe voltou para a prancheta e substituiu os motores 1.6 por uma unidade V6 turbo 2.5, que debitava nada menos que absurdos 995 cv e 95 mkgf de torque ao protótipo que não pesava mais que 900 kg.

A carenagem também foi aperfeiçoada e as enormes asas (fundamentais para manter o carro grudado ao pouco aderente piso de terra) também foram redesenhadas para dar ao Escudo mais estabilidade e tração nas rodas.
Mesmo assim, mais uma vez, Rod Millen azedou os planos de Tajima e a Suzuki, ganhando pela segunda vez a prova. E repetiu o feito ainda nos anos 1997, 1998 e 1999.
Ao final das contas, o Escudo entrou para história não por ter sido segundo colocado numa prova com poucas testemunhas e, sim, por ser o carro mais poderoso de um game. Já Nobuhiro Tajima se tornaria entre 2006 e 2011 o rei absoluto na insana prova norte-americana, com nove vitórias.
O Suzuki de Tajima tornou-se uma lenda que foi reforçada não só em “Gran Turismo”, mas também em outras produções como “Sebastien Loeb Rally Evo”, onde o Escudo voador também é homenageado.




Marcelo Jabulas é Jornalista e Designer Gráfico.

Está na área desde 2003, atualmente é o editor do caderno HD Auto, do jornal Hoje em Dia, de Belo Horizonte. Figura presente em todos os lançamentos, salões do automóvel e eventos da indústria automobilística.
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