SUV Elétrico ou diesel?

Tecnologia ou tradição? É uma briga de titãs, onde impera a alta tecnologia, o luxo, conforto e preços bem salgados. Mas, para quem tem família grande, esses dois SUVs de sete lugares deixam dúvidas sobre qual escolher quando o assunto é design e estilo: o Jeep Commander TD380 4×4, que apela para um conjunto de motor turbodiesel com tração nas quatro rodas convencional, é mais sisudo e quadrado, enquanto o outro, BYD Tan EV está mais para algo esportivo e fluído, isso sem falar na última palavra de tecnologia elétrica automotiva. O fato é que os dois, dentro de suas particularidades, são bonitos e atraentes.

Mas vamos focar no bom e velho comparativo de conceitos mecânicos, assim como já fiz com elétrico vs. híbrido e elétrico vs. combustão (clique nos links para ler). Estive com o Commander e Tan simultaneamente, e como os dois são de categorias próximas, SUVs grandes de sete lugares, me serviriam perfeitamente para a pauta: agora é a vez de saber, elétrico ou turbodiesel?

Para aqueles mais tradicionalistas, o Jeep Commander TD380 é equipado com motor turbodiesel de quatro cilindros, 1.998 cm³ (famoso 2.0 litros), com injeção direta eletronicamente comandada, com ótima configuração construtiva de quatro válvulas por cilindro e duplo comando de válvulas no cabeçote e alta performance: desenvolve bons 170 cv de potência, destacando-se aí o seu torque que supera os 38 mkgf em baixas rotações, a apenas 1.750 rpm.

Acoplado a um câmbio automático de nove marchas, feito pela ZF, permite um dirigir bem agradável: a multiplicação do bom torque do motor pela transmissão faz com que os 1.900 kg do Jeep passem despercebidos ao motorista, que tem sempre uma sensação de leveza do veículo. Na eletrônica, utilidades como o controle eletrônico de descidas e seletor inteligente de terrenos cumprem suas funções. Muito bom!

E como todo bom Jeep turbodiesel, esse Commander dá opção ao motorista, além da tração dianteira normal, de transferir a força para as quatro rodas (4×4), além de contar com reduzida, ajudando e muito na hora de trafegar no fora-de-estrada. Um SUV familiar confortável, seguro, potente e robusto, ideal ainda para enfrentar aventuras de final de semana. Um legítimo utilitário esportivo que, para efeito de comparação, não é dos mais rápidos: vai de 0 a 100 km/h em 11,6 segundos. Alta performance não é o seu forte.

BYD interior
Commander interior
Commander interior

 

Veja também:

 

Agora não podemos nos furtar de falar da nova tecnologia elétrica automotiva, como a que a BYD oferece no Tan EV (Electric Vehicle). Outro SUV grandalhão de sete lugares, ele tem outra proposta dentro de uma mesma categoria: troca a robustez e tradicionalismo do turbodiesel pela novíssima e moderna propulsão elétrica, sem emissão de poluentes nem consumo de combustíveis líquidos.

São dois motores refrigerados, um para o eixo dianteiro e outro para o traseiro. Um legítimo AWD (All Wheel Drive, ou tração integral). O que move o eixo dianteiro, sozinho, entrega 245 cv e um torque máximo de 33,6 mkgf. No traseiro, a unidade de potência é um pouco mais forte, gerando 272 cv e 35,7 mkgf. Combinados, ambos os propulsores entregam para o Tan EV, 517 cv e quase 70 mkgf de força imediata. O interessante é que a força deles surge logo nas primeiras rotações do motor. Tecnicamente, costuma-se dizer que ela vem “a zero rpm”.

Na prática, isso quer dizer que, no primeiro toque do acelerador, os dois motores entregam sua força máxima, permitindo um arranque digno de admiração. Pudera, o luxuoso chinês Tan EV com seus 2.500 kg de peso, parece um carro leve e fácil de se movimentar. Pisando fundo, sem se preocupar com o consumo, anda tanto quanto um Ford Mustang V8. A verdade sobre esse fato está nos números de desempenho: de 0 a 100 km/h, esse BYD faz em apenas 4,6 segundos. Pra fazer inveja a muito esportivo metido a besta que anda por aí.

Sua alta tecnologia construtiva exige até mesmo um sistema de arrefecimento a líquido que resfria os dois motores elétricos e até mesmo seu conjunto de baterias de 86,4 kWh, que a BYD chama de Blade. Basicamente, essa é uma forma mais eficiente de construir as baterias motrizes, que são divididas em placas, ocupando menor espaço físico e conseguindo melhor eficiência energética. Por enquanto só a BYD tem, mas outras grandes fabricantes já tem interesse. Além disso, ele oferece freios a disco ventilados nas quatro rodas produzidos pela italiana Brembo.

No geral, tanto o BYD Tan EV quanto o Jeep Commander TD380 são bem similares, com estrutura monobloco, suspensões independentes nas quatro rodas, eixo traseiro tipo multibraço, freios a disco na frente e atrás e direção elétrica. Por dentro, mantém a concepção de dois bancos na primeira fileira, um inteiriço para três pessoas na segunda fileira e dois individuais no fundo, na terceira fileira.

A grande diferença está nos pontos de manutenção, consumo ou recarga/reabastecimento. Em que pese o fato do modelo elétrico não exigir trocas de óleo do motor e câmbio, que inclusive não existe, o custo de manutenção previsto desse Tan EV não é dos mais baratos: até 100 mil km, em intervalos a cada 10 mil km, o custo total beliscou os R$15 mil! No caso do Jeep, com intervalo de 20 em 20 mil km, até os 100 mil km é preciso desembolsar aproximadamente R$7,7 mil. Quase metade do preço…

Além de não trocar óleo de motor e não ter câmbio, o carro elétrico não exige serviços preventivos nos motores elétricos e não tem correias, filtros ou velas. Basicamente, no caso do Tan EV, os serviços são para trocar o lubrificante dos eixos dianteiro e traseiro, revisar ou substituir componentes do freio, cuidar do sistema de refrigeração, além de suspensões e, ocasionalmente, trocar a bateria 12V e fazer serviços de alinhamento ou balanceamento. A tão temida troca das baterias motrizes, que custam algumas centenas de milhares de Reais, não é preocupante, afinal a BYD dá garantia de 8 anos para elas.

Outras diferenças aparecem no consumo e alcance: o Commander diesel pode ser reabastecido com diesel S-10 em diversos autopostos, e geralmente é capaz de rodar mais de 800 km com um tanque. Já o Tan EV tem até 472 km de autonomia em percurso urbano ideal, segundo a fabricante. A recarga em eletropostos de corrente contínua, aqueles super rápidos, pode ser feita em cerca de 1h30min.

Na corrente alternada esse número sobe para, pelo menos, 11 horas, mas é possível ter certa regeneração durante a condução, em frenagens, por exemplo. E quem compra um Tan EV na rede de concessionarias BYD ganha um wallbox residencial, daqueles carregadores particulares.

 

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O quesito final que os distancia

 

Apesar da similaridade entre Tan EV e Commander como produtos (SUVs, de sete lugares, luxuosos, modernos e muito bem equipados), um ponto onde os dois estão muito distantes é no preço de venda. Claro, o Commander é feito aqui no Brasil (no nordeste), e atua em uma categoria inferior, que abrange carros de R$300 a 450 mil, enquanto o BYD vem da China para roubar clientes de Audi, Mercedes, BMW, Porsche e Volvo, todos custando entre R$600 e R$850 mil. Ainda assim, na ponta do lápis, o Commander TD380 não passa dos R$320 mil e o Tan EV é tabelado em R$530 mil. Praticamente R$200 mil de diferença entre eles.

No quesito preço e manutenção, é difícil não olharmos para Jeep Commander TD380 com seus atraentes custos de aquisição e revisões. O Tan EV tem como público-alvo aquele consumidor ávido por tecnologia de ponta, requinte sem maior e performance digna de um esportivo, em que pese sua manutenção mais cara e limitações de recarga ou alcance. No Brasil, ainda não dá para ter um carro elétrico para longas viagens, apenas para percursos menores ou até urbanos. Diesel ou elétrico? Aí é você que vai ver suas necessidades para fazer a melhor escolha.

 

 

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