Stellantis dá largada na sua estratégia de ser líder em mobilidade

A Stellantis, super grupo que une as marcas PSA e FCA, acaba de ser concluída. O conglomerado, com sede na Holanda, une fabricantes norte-americanos, italianos, franceses, alemão e britânico e chega para buscar a liderança global em mobilidade.

Para se ter uma ideia, a Stellantis abriga em seu guarda-chuvas marcas como Alfa Romeo, Fiat, Lancia, Maserati, Chrysler, Dodge, Jeep, Ram, Peugeot, Citroën, Opel e Vauxhall. A ideia é combinar todas as marcas para reduzir custos de pesquisa e desenvolvimento, que segundo a gigante, corresponde a quase metade dos gastos das empresas.

Fusões são comuns na indústria automotiva. E geralmente as uniões se dão pela necessidade de dividir a conta do jantar. Ou seja, diluir custos de desenvolvimento. Desde o início do século passado, a General Motors aglutinou marcas como Chevrolet, Pontiac, Oldsmobile e Buick, que passaram a fabricar produtos muito similares.

Nas décadas de 1980 e 1990, a Ford foi ao mercado para comprar marcas europeias deficitárias como Volvo, Aston Martin, Land Rover e Jaguar. Os casamentos da Ford ajudaram a desenvolver modelos Volvo e Land Rover, e até mesmo o afamado Jaguar X-Type, que era um Mondeo travestido de felino.

A própria Chrysler se união à Daimler-Benz e acabou faturando uma geração do Grand Cherokee com estrutura mais moderna, assim como ganhou de presente de casamento um motor turbodiesel compacto. Por outro lado, a noiva Mercedes, não teve o casamento dos sonhos, tão triste como a esposa do romance de Balzac. A Fiat também se uniu à GM, com intuito de uma parceria para tornar suas operações mais rentáveis.

E o que a Stellantis busca é exatamente o mesmo. Segundo executivos do conglomerado, as fusões de Fiat com Chrysler, assim como PSA e Opel permitiram ganhos de participação. Segundo Carlos Tavares, presidente do grupo, a Jeep saiu da casa dos 300 mil carros anuais para mais de 1 milhão, após a fusão ítalo-americana.

Para a Stellantis, uma das grandes vantagens competitivas do novo grupo é a diversidade de criação, o que permite o desenvolvimento de soluções para diferentes mercados. Trata-se de um efetivo de 400 mil empregados espalhados em mais de 30 países. Isso é fato, com conhecimento próximo de mais de 150 mercados, é possível desenvolver e entregar produtos que “encaixam” nas peculiaridades de cada praça, como gosto do consumidor, exigências legais, regras e tributações.

Em outras palavras, a Stellantis será capaz de unificar bases de tecnologia e aplicá-las de forma direcionada para cada tipo de mercado. Ao invés de gastar uma fortuna para desenvolver um produto que não é aplicável em outras localidades. Ou seja, mantém o recheio, mas troca apenas a embalagem.

Elétricos

 

Não era novidade para ninguém que a união dos grupos se dava pela necessidade de reduzir os custos de desenvolvimento de automóveis elétricos. Tavares estima que 1/3 dos veículos vendidos na Europa serão elétricos e que até 2030, 60% das vendas no Velho Mundo e China serão de SUV.

“Ter um grupo de grande volume permite diluir os custos de desenvolvimento e garantir escala de produção”, aponta o executivo que acredita que com maior volume poderá fabricar com menor custo, ter preços mais competitivos e maior rentabilidade.

Segundo Tavares, packs de baterias, transmissões elétricas e demais itens serão desenvolvidos por grandes grupos e a Stellantis terá escala para oferecer mobilidade limpa. Ou seja, o power grupo pretende não apenas fabricar elétricos para ele mesmo, mas também para atuar com fornecedor. Segundo a marca, serão 39 modelos eletrificados nos próximos anos.

Carlos Tavares (CEO) e John_Elkann (Chairman), diretores executivos da Stellantis

Brasil

A primeira conferência global da Stellantis teve como pauta um panorama global do grupo. Por hora, o que muda em um primeiro momento é que Peugeot, Citroën, Fiat, Jeep, Ram e Chrysler passam a ficar sob o mesmo guarda-chuvas. Ou seja, a Stellantis passa a ter nada menos que 23,6% de participação de mercado, considerando os volumes anotados em 2020, segundo a Fenabrave.

A curto prazo, cada marca manterá suas operações. Fiat finalizará o projeto do SUV do Argo, enquanto a Jeep trabalha em seu SUV de sete lugares e a Citroën avança em seu novo C3, que não seguirá os passos do 208 (que basicamente segue a receita da versão europeia) e será um projeto regional.

Mas é natural que haja integração de desenvolvimento para novos projetos, de acordo com o que Carlos Tavares deixou claro. Agora é esperar ver no que a união vai dar. Mas certamente não veremos um Peugeot 108 com um V8 Hemi de 700 cv e muito menos uma profusão de elétricos. Tavares deixou claro que não enxerga uma eletrificação plena a curto prazo na América Latina.


Fotos: Divulgação

 


Marcelo Jabulas é Jornalista e Designer Gráfico.
Está na área desde 2003, atualmente é o editor do caderno HD Auto, do jornal Hoje em Dia, de Belo Horizonte. Figura presente em todos os lançamentos, salões do automóvel e eventos da indústria automobilística. https://www.youtube.com/garagemdojabulas

 

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Ver comentários (1)

  • Um só grupo, depois um só governo mundial, depois todos trabalhando e existindo para um só objetivo, com a marca da Besta. Aí será o fim (que está sendo arrumado aos poucos).

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