Quem viveu os inebriantes e laqueados anos 1980, certamente deve se lembrar do longa-metragem “Highlander”, filme que levou o ator Christopher Lambert ao estrelato. Na película, Lambert encarnava um sujeito com poder da vida eterna e só podia ser morto se alguém que tivesse o mesmo dom lhe cortasse a cabeça. Na máxima do filme só poderia haver um ser eterno. Bom, mas o que isso tem a ver com este espaço dedicado a automóveis? Nada, apenas justifica a frase do título.
Brincadeira, na verdade o bordão do filme se aplica a algumas coisas mundanas, entre elas a Ferrari P38, que foi a sensação da marca no Concorso d’Eleganza Villa d’Este, que ocorre todos os anos às margens do Lago di Como, na Itália, perto da fronteira com a Suíça. A P38 foi um carro criado para ter apenas um exemplar.
Foi desenvolvido para um cliente “dedicado”, como afirma a própria a Ferrari, que não revela quem é esse freguês tão seleto. Construído sobre a base da 488 GTB, a P38 tecnicamente é o mesmo carro, mas com uma carroceria totalmente redesenhada.
Não é a primeira vez que a marca do Cavallino Rampante atende aos anseios extravagantes de seus consumidores mais assíduos. Em 2012, ela produziu a SP12 EC para o guitarrista Eric Clapton. O músico inglês é um habitue da marca de Maranello e pediu um carro com estilo que remetesse à 512 BB. Numa outra ocasião, um 599 GTB Fiorano serviu de base para um conversível exclusivo para um colecionador japonês, a P540. E, para fechar, em 2014 a Ferrari homenageou o desenhista Sergio Pininfarina com um modelo único que levava seu nome.
Voltando ao P38, seus faróis horizontais rompem com um estilo de conjunto ótico vertical adotado em 2002 com a excêntrica Enzo e que deu sequência na 430, 456 Italia, 488 GTB, FF, F12 e por aí vai. Na lateral, a P38 não ostenta tomada de ar nos para-lamas traseiros. Há apenas uma entrada junto às “janelas espia”, o que nos deixa uma dúvida de como o V8 biturbo 3.9 de 670 cv “respira”.
Mas, a peculiaridade mais marcante desse carro exclusivo é seu capô traseiro. Em todas as Ferraris em que o motor traseiro não é protegido por um revestimento plano, como nos modelos 512 BB, Testarossa, F50, 308, 348 e 355, há uma espécie de para-brisa traseiro para garantir a visibilidade. Na F40 é assim, tal como nas demais V8 posteriores, a partir da 360 Modena e até mesmo a poderosa LaFerrari.
A P38 por sua vez, utiliza um capô fechado que segue a cadência. Há apenas filetes que formam uma espécie de persiana para ajudar na saída do ar quente do cofre, como nas versões de competição da Lamborghini Huracan e Lotus Exige. É um estilo intimidador e futurista, que cria certo desconforto de não ser possível ver o motor, que é a grande joia de qualquer Ferrari.
Estes elementos fazem dessa Ferrari um carro único, não apenas em sua tiragem, mas também num estilo de design que se difere de tudo que a marca italiana já fez. A Ferrari não revela os números de desempenho da P38 e nem detalhes de conjunto mecânico. O que se sabe é que usa o mesmo conjunto da 488 GTB, que tem um V8 turbo de 3,9 litros com 670 cavalos de potência, que a credencia chegar aos 330 km/h km/h, como se espera de qualquer Ferrari moderna.
Mas, quem se importa? O que importa é que quando olhamos para a P38, temos a certeza de que só pode haver uma!
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Marcelo Iglesias Ramos é Jornalista e Designer Gráfico.
Está na área desde 2003, atualmente é o editor do caderno HD Auto, do jornal Hoje em Dia, de Belo Horizonte. Figura presente em todos os lançamentos, salões do automóvel e eventos da indústria automobilística. Para relaxar, tem como hobby escrever para seu blog de games, o “GameCoin” (www.gamecoin.com.br).
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