Seja pão duro!

Sim, nós sabemos que moto é um veículo que consome bem pouco, principalmente pela menor massa em movimento, mas também porque os motores tem pouco deslocamento volumétrico (cm3) em comparação com os motores de carro. Um motor de 125/150 cm3 de cilindrada, por exemplo, representa de 10% a 15% da capacidade volumétrica dos carros populares, a maioria com motores de 1.000 cm3. Porém a potência dos motores de carros é proporcionalmente menor.

Só isso já seria suficiente para colocar as motos na categoria de mesquinhas, mas, agora, ainda contam com injeção eletrônica em larga escala, o que trouxe uma economia ainda maior. Porém, exige uma pilotagem um pouco diferente da praticada nas motos com carburador.

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A minha geração aprendeu a pilotar em motos carburadas, que tinham características bem específicas. Só para exemplificar, no carburador a marcha lenta era regulada por meio de parafusos e o próprio motociclista aumentava ou diminuía conforme a temperatura ambiente ou a qualidade da gasolina. Hoje é tudo feito por uma central eletrônica e raramente se consegue mexer sem equipamentos sofisticados.

Outra diferença era nas desacelerações. No motor carburado, quando o piloto descia uma ladeira com o acelerador fechado, o carburador continuava mandando gasolina na rotação de marcha lenta. Hoje, a injeção corta a alimentação e economiza gasolina. Por isso motores injetados não devem rodar na “banguela”, ou seja, em ponto morto.

Veja a seguir mais algumas dicas valiosas para melhorar ainda mais a economia da moto:

1) Mantenha os pneus calibrados. Pelo menos uma vez a cada 15 dias confira a calibragem, usando a medida recomendada pelo fabricante da moto. Pneus murchos aumentam o atrito e forçam o motor, que vai gastar mais combustível para compensar.

2) Mantenha a transmissão (coroa, corrente e pinhão) lubrificados e a corrente ajustada. Corrente seca, muito esticada ou frouxa também causa esforço e aumento do consumo. Pelo mesmo motivo verifique periodicamente os rolamentos das rodas.

3) Regule os freios. Pelo menos uma vez por mês, verifique se os freios não estão “pegando”. Coloque a moto no cavalete central e gire as rodas para sentir se os freios estão prendendo. Esse atrito gera superaquecimento do sistema, além de acelerar o consumo de gasolina.

4) Não use a “banguela”. Moto com injeção eletrônica não economiza quando roda em ponto-morto ou com a embreagem puxada. Para economizar é preciso desacelerar e deixar o motor reduzir com a marcha engatada. Dessa forma a injeção corta o combustível e o motor fica mais econômico.

5) Não acelere a moto parada! Quando estiver parado deixe a moto em ponto morto. Acelerar com a moto parada só faz gastar mais gasolina e superaquecer o motor. Se a moto ou scooter contar com Idling Stop, sistema que desliga o motor em paradas para economizar combustível, deixe sempre ligado porque funciona mesmo.

6) Mantenha o filtro de ar limpo. Pelo menos a cada 2.000 km verifique o filtro de ar e limpe (ou troque), se for necessário. A sujeira impede a perfeita “respiração” do motor e aumenta o consumo. Também não retire o filtro de ar, porque a sujeira pode acelerar o desgaste do motor, especialmente de pistão e anéis.

7) Não “estique” as marchas. Graças à injeção não é mais preciso ficar levando os giros do motor lá nas alturas. Pode-se rodar com marcha alta, acelerar e deixar que os sensores eletrônicos mandem apenas a gasolina necessária para aquela velocidade. Em motos com contagiros, pode-se usar a regra de trocar as marchas com 1/3 da rotação de potência máxima. Por exemplo, se o motor tiver potência máxima a 9.000 RPM pode trocar as marchas com 3.000 RPM. Se a moto tiver só velocímetro, calcule 10 km/h para cada troca. Assim o piloto sai de zero em primeira, coloca segunda a 20 km/h, terceira a 30 km/h, quarta a 40 km/h e assim por diante. E nem precisa manter o acelerador na “casquinha”, pode abrir o gás que não terá desperdício.

8) Faça revisão periódica. Certos componentes precisam ser trocados ou pelo menos revisados periodicamente. As velas de ignição evoluíram muito e duram bastante, mas compensa manter o intervalo de troca sugerido pelo fabricante porque a centelha da vela pode melhorar ou piorar a queima da mistura. É relativamente barato e faz diferença na ponta do lápis.

9) Pesquise os postos de gasolina. Se o seu percurso for rotineiro, faça um rodízio de posto de gasolina até encontrar um que apresente o melhor custo/benefício. A injeção eletrônica, por vezes, aceita até coquetéis malucos, mas é possível perceber alguma adulteração quando a marcha-lenta fica irregular ou quando o motor morre do nada.

10) Por último, saiba que a forma de pilotar representa o grande vilão do consumo. Motos são veículos feitos para não perder tempo, por isso não é preciso ganhar tempo! Basta rodar no ritmo normal que já está no lucro em relação aos automóveis. Falando em lucro, se a sua motor for flexível (aceita etanol e gasolina), faça as contas de proporcionalidade entre o valor e o aumento de consumo. Com etanol o motor consome em média 30% a mais e essa deve ser a diferença de valor para a gasolina para compensar. O preço do litro do etanol deve ser até 70% do valor do litro de gasolina para compensar. Já existem aplicativos que fazem essa conta. E não acredite em postagens de fóruns: não precisa intercalar os combustíveis. Use aquele que for mais conveniente para seu bolso, obedecendo as recomendações do manual do proprietário.

 

Tite Simões – Jornalista e instrutor de pilotagem dos cursos SpeedMaster e ABTRANS. Contato pelo tite@speedmaster.com.br

 

Fotos: Tite Simões, divulgação e Internet

 

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Ver comentários (1)

  • Eu sou um pão duro. É tem a vantagem de conseguir sair de engarrafamento mais rápido e estacionamento 0800

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