Só isso já seria suficiente para colocar as motos na categoria de mesquinhas, mas, agora, ainda contam com injeção eletrônica em larga escala, o que trouxe uma economia ainda maior. Porém, exige uma pilotagem um pouco diferente da praticada nas motos com carburador.
A minha geração aprendeu a pilotar em motos carburadas, que tinham características bem específicas. Só para exemplificar, no carburador a marcha lenta era regulada por meio de parafusos e o próprio motociclista aumentava ou diminuía conforme a temperatura ambiente ou a qualidade da gasolina. Hoje é tudo feito por uma central eletrônica e raramente se consegue mexer sem equipamentos sofisticados.
Outra diferença era nas desacelerações. No motor carburado, quando o piloto descia uma ladeira com o acelerador fechado, o carburador continuava mandando gasolina na rotação de marcha lenta. Hoje, a injeção corta a alimentação e economiza gasolina. Por isso motores injetados não devem rodar na “banguela”, ou seja, em ponto morto.
Veja a seguir mais algumas dicas valiosas para melhorar ainda mais a economia da moto:
1) Mantenha os pneus calibrados. Pelo menos uma vez a cada 15 dias confira a calibragem, usando a medida recomendada pelo fabricante da moto. Pneus murchos aumentam o atrito e forçam o motor, que vai gastar mais combustível para compensar.
2) Mantenha a transmissão (coroa, corrente e pinhão) lubrificados e a corrente ajustada. Corrente seca, muito esticada ou frouxa também causa esforço e aumento do consumo. Pelo mesmo motivo verifique periodicamente os rolamentos das rodas.
3) Regule os freios. Pelo menos uma vez por mês, verifique se os freios não estão “pegando”. Coloque a moto no cavalete central e gire as rodas para sentir se os freios estão prendendo. Esse atrito gera superaquecimento do sistema, além de acelerar o consumo de gasolina.
4) Não use a “banguela”. Moto com injeção eletrônica não economiza quando roda em ponto-morto ou com a embreagem puxada. Para economizar é preciso desacelerar e deixar o motor reduzir com a marcha engatada. Dessa forma a injeção corta o combustível e o motor fica mais econômico.
5) Não acelere a moto parada! Quando estiver parado deixe a moto em ponto morto. Acelerar com a moto parada só faz gastar mais gasolina e superaquecer o motor. Se a moto ou scooter contar com Idling Stop, sistema que desliga o motor em paradas para economizar combustível, deixe sempre ligado porque funciona mesmo.
6) Mantenha o filtro de ar limpo. Pelo menos a cada 2.000 km verifique o filtro de ar e limpe (ou troque), se for necessário. A sujeira impede a perfeita “respiração” do motor e aumenta o consumo. Também não retire o filtro de ar, porque a sujeira pode acelerar o desgaste do motor, especialmente de pistão e anéis.
7) Não “estique” as marchas. Graças à injeção não é mais preciso ficar levando os giros do motor lá nas alturas. Pode-se rodar com marcha alta, acelerar e deixar que os sensores eletrônicos mandem apenas a gasolina necessária para aquela velocidade. Em motos com contagiros, pode-se usar a regra de trocar as marchas com 1/3 da rotação de potência máxima. Por exemplo, se o motor tiver potência máxima a 9.000 RPM pode trocar as marchas com 3.000 RPM. Se a moto tiver só velocímetro, calcule 10 km/h para cada troca. Assim o piloto sai de zero em primeira, coloca segunda a 20 km/h, terceira a 30 km/h, quarta a 40 km/h e assim por diante. E nem precisa manter o acelerador na “casquinha”, pode abrir o gás que não terá desperdício.
8) Faça revisão periódica. Certos componentes precisam ser trocados ou pelo menos revisados periodicamente. As velas de ignição evoluíram muito e duram bastante, mas compensa manter o intervalo de troca sugerido pelo fabricante porque a centelha da vela pode melhorar ou piorar a queima da mistura. É relativamente barato e faz diferença na ponta do lápis.
9) Pesquise os postos de gasolina. Se o seu percurso for rotineiro, faça um rodízio de posto de gasolina até encontrar um que apresente o melhor custo/benefício. A injeção eletrônica, por vezes, aceita até coquetéis malucos, mas é possível perceber alguma adulteração quando a marcha-lenta fica irregular ou quando o motor morre do nada.
10) Por último, saiba que a forma de pilotar representa o grande vilão do consumo. Motos são veículos feitos para não perder tempo, por isso não é preciso ganhar tempo! Basta rodar no ritmo normal que já está no lucro em relação aos automóveis. Falando em lucro, se a sua motor for flexível (aceita etanol e gasolina), faça as contas de proporcionalidade entre o valor e o aumento de consumo. Com etanol o motor consome em média 30% a mais e essa deve ser a diferença de valor para a gasolina para compensar. O preço do litro do etanol deve ser até 70% do valor do litro de gasolina para compensar. Já existem aplicativos que fazem essa conta. E não acredite em postagens de fóruns: não precisa intercalar os combustíveis. Use aquele que for mais conveniente para seu bolso, obedecendo as recomendações do manual do proprietário.
Tite Simões – Jornalista e instrutor de pilotagem dos cursos SpeedMaster e ABTRANS. Contato pelo tite@speedmaster.com.br
Fotos: Tite Simões, divulgação e Internet
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Eu sou um pão duro. É tem a vantagem de conseguir sair de engarrafamento mais rápido e estacionamento 0800