Roma: Uma Ferrari para os filhos da loba

A Ferrari, ao longo de sua história prestou homenagem às pistas, cidades, estados, países, continentes e personalidades vinculadas à marca. América, Itália, Califórnia, Maranello, Portofino e Fiorano, Scaglietti, Pininfarina, Zagato, Sérgio (Pininfarina) e Enzo  já batizaram alguns dos cavallinos do comendador. Mas nessa conta faltava um carro que rendesse congratulações ao berço da Itália: Roma, a cidade fundada por Rômulo e Remo, os gêmeos que foram amamentados pela Lupa Capitolina. Faltava, no passado, pois a fabricante acaba de revelar a Ferrari Roma, que chega para suceder a GTC4 Lusso, modelo da linhagem de quatro assentos. Na verdade é um 2+2, configuração clássica dos Gran Turismo, em que há dois pequenos bancos aptos a levar passageiros, mas sem nenhum compromisso com o conforto. A não ser que você tenha menos de 1,20 metro, peso abaixo dos 40 quilos e articulações maleáveis de quem ainda não entrou na puberdade. Experimente se acomodar nos banquinhos traseiros de um Porsche 911. Depois de 15 minutos você me conta…

Mas, fato é que os GT’s 2+2 são carros para viajar a dois. Eles têm um capô imenso para acomodar seus motores volumosos e suas transmissões, para liberar espaço para o porta-malas que, em geral, acomodam quantidade razoável de bagagem. E os “banquinhos”? Bom, eles são uma forma delicada de dizer que caronas não são bem-vindas. Se vir um casal num 2+2, não insista para dar uma volta.

A máquina

Capô longo, traseira curta, como manda a cartilha dos Gran Turismo. A Ferrari Roma tem desenho limpo, sem os excessos de vincos que dominaram o design das Ferraris atuais. Ela tem um toque retrô, claramente inspirada nos carros da década de 1960, em especial à 365 GTB/4 “Daytona”, devido ao desenho do conjunto ótico que remete às grandes luzes de direção que avançam até o pára-lamas. As lanternas duplas também são elementos que sinalizam para a Daytona, ainda mais atualmente, período em que a marca tem optado por conjuntos singulares.

Por dentro, painel e console formam dois cockpits (nada romântico), em que os passageiros tem à sua frente uma tela que exibe funções multimídia e climatização. Já o motorista tem todas as funções no volante: partida, Manettino (seletor de tração), entretenimento e troca de marchas não exigem que as mãos larguem o volante.

Motor

A Ferrari Roma é mais uma que abre mão do motor V12 aspirado para receber um bloco V8 auxiliado por uma dupla de turbinas. A unidade 3.9 litros é a mesma que equipa os modelos Portofino e F8 Tributo. A transmissão adota sistema de dupla embreagem e oito marchas. Trata-se da mesma caixa que equipa a híbrida SF90 Stradale.

Sua potência foi ajustada para 620 cv, que pode parecer modesta diante da F8, mas o torque de 76 mkgf não faz dela um carro mais lento. Segundo a Ferrari, o bólido acelera de 0 a 100 km/h em 3,4 segundos e atinge máxima de 320 km/h. O pico de potência surge abaixo dos 6 mil rpm, enquanto toda força está disponível entre 3.000 e 5.700 giros. Ou seja, a meio pedal ela entrega seu máximo, sem a necessidade de elevar o giro a rotações altíssimas, só para dizer a todo mundo que você está passando com sua Ferrari.


Marcelo Jabulas é Jornalista e Designer Gráfico.
Está na área desde 2003, atualmente é o editor do caderno HD Auto, do jornal Hoje em Dia, de Belo Horizonte. Figura presente em todos os lançamentos, salões do automóvel e eventos da indústria automobilística. https://www.youtube.com/garagemdojabulas

 

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