A Renault encerra silenciosamente a produção do Logan no Brasil, marcando o fim de uma história que durou 17 anos no mercado nacional. A retirada do sedã compacto, que foi um dos pilares da marca francesa no país, reflete mudanças importantes na estratégia da montadora e pode ser o início do fim dos modelos derivados da Dacia (divisão romena de baixo custo da Renault) no Brasil.
As informações são do AutoEsporte.
Últimos Momentos no Mercado
O encerramento da produção do Logan foi comunicado internamente pela Renault às suas concessionárias neste mês de outubro de 2024. Durante suas últimas semanas no mercado, o modelo estaria restrito apenas a vendas diretas, com produção limitada na fábrica de São José dos Pinhais, Paraná, focando principalmente no atendimento a contratos corporativos e locadoras.
Os números de vendas dos últimos meses revelam esta tendência: em setembro de 2024, das 1.978 unidades comercializadas, 1.961 foram destinadas a vendas corporativas. O cenário de agosto foi ainda mais revelador, quando apenas 4 das 373 unidades vendidas foram adquiridas por pessoas físicas.
Trajetória de Vendas e Concorrência
A história do Logan no mercado brasileiro teve seu ponto alto em 2014, quando o lançamento da segunda geração impulsionou as vendas para mais de 46 mil unidades. No entanto, os anos seguintes testemunharam um declínio gradual nas vendas, culminando em apenas 4.559 unidades comercializadas em 2023.
Este desempenho contrasta significativamente com seus principais concorrentes no segmento. Enquanto o Chevrolet Onix Plus registrou 74.887 unidades vendidas, o Fiat Cronos alcançou 50.755 unidades, e o Volkswagen Virtus comercializou 27.094 unidades no mesmo período.
Configurações Finais e Especificações
Em sua reta final no mercado brasileiro, o Logan manteve duas versões: a Life, com preço de R$ 97.500, e a Zen, por R$ 101.000. Ambas compartilhavam o mesmo conjunto mecânico, composto por um motor 1.0 flex aspirado SCe, que entregava 82 cv de potência e 10,5 kgfm de torque, sempre associado a um câmbio manual de cinco marchas.
Ao longo de sua história, o modelo também ofereceu configurações mais robustas, incluindo versões com motor 1.6 de quatro cilindros e 16 válvulas, que desenvolvia 118 cv, além de opções com transmissão automatizada e automática CVT.
Logan no Brasil
O Logan, lançado globalmente em 2004 e introduzido no Brasil em 2007, foi o pioneiro da linha Dacia no mercado nacional, pavimentando o caminho para a chegada do Sandero e do Duster. Seu projeto focava em aspectos práticos que conquistaram o consumidor brasileiro: amplo espaço interno, generoso porta-malas de 510 litros e reconhecida robustez mecânica.
Estas características fizeram do Logan uma escolha popular especialmente no mercado de frotas e táxis, onde construiu uma reputação sólida baseada em sua praticidade e confiabilidade.
Mudança Estratégica da Renault
A descontinuação do Logan representa mais que o fim de um modelo específico; é parte de uma transformação mais ampla na estratégia da Renault para o mercado brasileiro. A marca está gradualmente se afastando dos produtos de origem Dacia, sua subsidiária romena focada em veículos de baixo custo.
Esta tendência começou com o fim da produção do Sandero em 2022, seguida agora pelo Logan em 2024. O Duster permanece como único sobrevivente desta era, embora seu projeto seja o mais antigo entre os SUVs compactos comercializados no Brasil. O espaço na linha de produção será ocupado pelo novo SUV Kardian, sinalizando a nova direção da marca rumo a produtos mais sofisticados.
Com sua descontinuação e sem um substituto direto anunciado, a Renault parece indicar uma reestruturação de seu portfólio no mercado brasileiro, possivelmente focando em segmentos mais premium e lucrativos. Esta mudança reflete tanto a evolução nas preferências dos consumidores quanto a necessidade da marca de se reposicionar no mercado.
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