Qualificação na marra

Por Marcelo Iglesias

O automóvel tem se qualificado no Brasil, o que é bom. Ele tem recebido novos conteúdos e equipamentos de segurança (quase todos sob força da legislação), mas é preciso reconhecer que o carro vendido no Brasil não tem disposto de pacotes mais fartos, até mesmo nos segmentos de entrada. O que é ruim, é que ele tem ficado mais caro.

Essa qualificação tem suas razões e elas não são mera benevolência dos fabricantes em oferecer ao consumidor produtos mais refinados. O que acontece é que nos últimos anos as normas de emissões e segurança brasileiras passaram a acompanhar as exigências semelhantes às do mercado europeu, como a obrigatoriedade do airbag, freios ABS e reforços estruturais.

Isso fez com que modelos populares como Fiat Mille, Volkswagen Gol (G4) e a Kombi, tivessem sua produção encerrada. Não pelo custo das bolsas e ou dos freios, mas por não atenderem às exigências de segurança estrutural.

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No entanto, a inclusão dos equipamentos não foi de graça. O custo do airbag e ABS foram repassados para o consumidor. Tal como o investimento em recursos em carrocerias com uso de aços de maior resistência e áreas de deformação e absorção de energia mais eficazes.

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Percepção de valor

O que acontece é que airbag e célula de sobrevivência não atrai o interesse do consumidor. Afinal, ninguém compra um carro pensando numa suposta colisão. Muita gente compra de olho na futura revenda, mas não no acidente. Daí, os fabricantes tiveram que incluir mais equipamentos para justificar o encarecimento dos produtos.

O amigo que gosta de automóvel já deve ter reparado que modelos de entrada (com exceção de versões básicas de modelos como Fiat Mobi e Renault Kwid) hoje contam com itens como direção hidráulica, ar-condicionado e vidros dianteiros elétricos. Equipamentos que se tornaram itens básicos nos últimos quatro anos. Há 10 anos era a configuração do automóvel dito “completo”.

Conteúdos

Lançamentos recentes têm incluído equipamentos, a grande maioria ainda como opcional, como partida sem chave, sensores de manobra traseiros e dianteiros, ar-condicionado digital e até quadro de instrumentos digital, como no caso da dupla Polo e Virtus. São equipamentos que elevam o preço, mas justificam a inclusão de evoluções com motores mais sofisticados, com uso de turbocompressor, transmissões automáticas modernas com um grande número de marchas. Daí se faz um pacotão de inovações que elevam a percepção do consumidor.

Basta ver o Virtus. O sedã da VW pode ser considerado com dois carros distintos. A versão de entrada (MSI 1.6 de 117 cv e caixa manual) segue a filosofia do “completinho” de outrora, com direção assistida, vidros elétricos e ar-condicionado como itens de série, que também incluem sistema multimídia com conexão Bluetooth. Já as versões Comfortline e Highline  (equipadas com motor três cilindros turbo 1.0 de 128 cv e caixa automática de seis marchas) permitem a inclusão de recursos como quadro de instrumento digital, multimídia com conexão para smartphone, partida sem chave, ar-condicionado digital, dentre outros equipamentos. São conteúdos que acompanham a motorização mais sofisticada e ajudam a diluir o custo do trem de força mais eficiente.

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Seja como for, o automóvel compacto se qualificou. Muito em função do encarecimento descabido dos médios que se tornaram quase proibitivos. Também temos visto o sufocamento dos populares em decorrência da falta de poder de compra das classes mais baixas impactadas pela crise. Com volumes menores, a indústria tem elevado seu ticket médio para manter sua rentabilidade. E vida que segue!

 

Marcelo Iglesias Ramos – Jornalista | Designer Gráfico (31) 99245-0855

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Ver comentários (2)

  • O remédio para esse aumento de preços, é simples....não compre um carro 0km, quem troca a cada 1 ano, passe a trocar a 3 ou 5 anos. Isso vai impactar.... vamos ver quanto tempo as montadoras mantém esses preços absurdos. Os consumidores que compram hoje, em sua grande maioria financiados, fazem por status, vontade de aparecer pro vizinho. O sujeito não aguenta pagar nem o Ipva integral, a cada semana coloca R$50,00 de gasolina/ alcool..... mas anda de CARRO DO ANO..... pensamento/ comportamento ridículo, e que estimula os fabricantes a encarecerem os carros cada vez mais.

  • Boa noite! Estou pesquisando automoveis, que atenda minhas necessidades pessoais e profissionais. Já percorri diversas concessionarias, em Belém - PA, da Ford, da Volkswagen, da Renault, da Nissan, da Citroen, da Fiat, da Toyota, da Honda, da Chevrolet. E os automoveis que me ofertaram, em sua maioria era com cambio automatico. Estou dividido (duvida) entre os Honda Fit ou City, e o Virtus, que ainda nao chegou nesta cidade. Porem, o que preciso realmente saber, quais a diferenças entre os cambios: CVT e o Tiptronic (manutenção e custos). Obrigado!

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