Peugeot 408 Griffe
Se há um segmento no mercado brasileiro onde a disputa é das mais acirradas, esse é o dos sedãs médios. Os japoneses Toyota Corolla, Honda Civic e Nissan Sentra subiram, nessa ordem, ao podium no acumulado de vendas do ano passado, deixando mais 14 modelos para trás. Nesse ranking, a Peugeot, com o 408, acumulou um amargo 13o lugar, com apenas 1.427 unidades, bem longe das 66.934 do líder e até de seu primo Citroën C4, com o qual divide a plataforma e mecânica, que fechou o ano em 8o lugar, com 6.003.
Para melhorar essa situação, a Peugeot deu uma repaginada no 408. Mas, como atração principal para disputar melhor no segmento, os executivos ousaram mais. Deram ao modelo uma boa lista de equipamentos de série e preços tentadores nas duas versões disponíveis, tornando-o um dos sedãs médios com melhor relação custo/benefício do segmento.
As diferenças externas, em relação ao modelo anterior, estão na frente, que ostenta uma nova grade com o leão símbolo da marca no centro; faróis mais estreitos; para-choque redesenhado e novas molduras dos faróis de neblina, além de luzes diurnas em LED. Um conjunto que deixa o 408 com o novo DNA da marca. Dos lados, a única alteração são as rodas de aro 17 polegadas com novos desenhos, enquanto que na traseira as lanternas ganharam uma nova distribuição interna, com iluminação em LED para se tornarem mais visíveis, e o para-choque foi levemente modificado para dar uma maior sensação de robustez. No todo, ficou mais bonito.
No interior, além de novos revestimentos, os bancos foram modificados na estrutura, deixando-os mais confortáveis, principalmente em viagens. Para um maior requinte na versão Griffe, como essa que testei e que é a topo de linha, tem algumas partes do revestimento em couro perfurado, detalhe que dá mais sofisticação. O painel recebeu novo material, mais agradável ao toque, do tipo emborrachado e um acabamento em black-piano no console. Para o conforto e melhor posição de dirigir do motorista, novos volante e coluna de direção com regulagens de altura e profundidade. Sem falar de outros mimos, como teto solar, sensores de estacionamento dianteiro e traseiro, além dos de chuva e crepuscular. Tudo de série.
Entre as melhorias, estão o ar-condicionado automático de duas zonas, recalibrado para esfriar mais com menos ruído, e todo o isolamento da cabine melhorado para tornar o interior também mais silencioso. A suspensão foi recalibrada com o mesmo objetivo, recebendo novas buchas, mais rígidas nas articulações e amortecedores mais macios. O resultado disso é perceptível logo que se anda com o novo 408, que ficou mais silencioso, principalmente em pisos irregulares, já que a suspensão consegue filtrar melhor as imperfeições.
Nesta versão Griffe, uma nova central multimídia com tela de 7 polegadas sensível ao toque, com Bluetooth, GPS, câmera de ré, além da possibilidade de espelhar a tela de Smarthphones, garante a conectividade e o entretenimento dos ocupantes. Aliás, o interior continua sendo uma das atrações do 408, já que cinco adultos se acomodam com conforto. Além disso, é o típico carro família, pois com os 526 litros de capacidade do porta-malas, pode levar muita bagagem.
Novidades mecânicas
Elas vieram só nesta versão Griffe, que passa a utilizar o novo motor turbo 1.6 THP Flex. São 173 cavalos à disposição quando abastecido com etanol e 166 com gasolina. Com sistema de injeção direta de combustível e uma bomba de alta pressão de 200 bar, ele dispensa o uso de tanque auxiliar de gasolina para a partida a frio, com etanol.
O câmbio automático continua o mesmo de seis marchas. Mas, foi atualizado. Como o motor tem mais potência e aproveitando o fato do torque máximo de 24,5 kgfm surgir já a 1.400 rotações por minuto, a Peugeot alongou a relação do diferencial em 11%, beneficiando o consumo. Foi mudado, também, o conversor de torque, que permite engates mais rápidos e três modos de condução: Normal, Sport e ECO. Na última opção, tanto o motor como o câmbio passam a trabalhar com um gerenciamento que visa a redução do consumo de combustível, com as marchas sendo trocadas a baixas rotações.
Ao dar a partida e começar a andar com o 408, logo se nota a validade das melhorias. Além de ter ficado mais silencioso e confortável ao rodar, como já disse, ele continua fazendo jus à fama de estabilidade dos carros franceses. Faz curvas muito bem, mantendo a trajetória original mesmo quando se abusa um pouco, o que se traduz em maior segurança. Sente-se, porém, a falta de um auxiliar de partida em rampas. Ao arrancar em uma subida, ele retorna um pouco, o que incomoda. Pela categoria do carro, não poderia faltar o sistema.
Com os 8 cavalos a mais no motor, praticamente não se sente o alongamento do diferencial. Consegue acelerar de 0 a 100 km/h em 8,1 segundos, quando abastecido com etanol, e só perde 2 décimos quando queima gasolina. A velocidade máxima é de 215 km/h, com ambos os combustíveis. Tanto com o câmbio na posição Sport ou Normal, as trocas e reduções são rápidas, facilitando e dando mais segurança nas retomadas de velocidade. Dá, também, para fazer as trocas manualmente, na alavanca de seleção. Para um sedã familiar, não dá para reclamar do desempenho. Andando normalmente, as trocas são suaves e a menor rotação do motor, em função da caixa mais longa, contribui para o silencio interno, especialmente na estrada.
Interessante é a posição ECO. Ao ser acionada por meio de um botão no console, a redução no consumo é logo percebida no computador de bordo. Com ela acionada, chegamos a médias de 9,5 km/l de gasolina e 6,8 km/l de etanol, razoáveis para um carro automático e melhores do que a versão antiga conseguia fazer. Mas, é preciso ficar um pouco mais atento ao desempenho. Todas as respostas ao acelerador, bem como as reduções, são mais lentas, deixando o carro também mais lento. Porém, se houver necessidade de uma aceleração ou retomada mais rápida, basta pressionar o pedal do acelerador até o fundo para acionar o chamado “kick down”, que o sistema entende a necessidade, reduz a marcha e o conjunto responde normalmente.
De ruim nesse sistema é a luz de aviso dentro do conta-giros, muito pequena e difícil de ser visualizada, principalmente durante o dia. Sem falar que toda vez que se desliga o carro, o sistema é desativado, obrigando a lembrar de acioná-lo ao dar a partida novamente. Deveria ficar ativo e só ser desligado intencionalmente, pois, no dia a dia, a gente acaba esquecendo e a economia vai embora…
Conclusão: espaçoso, confortável e com um bom desempenho, esta versão Griffe mostrou que as evoluções aplicadas lhe fizeram bem. Além disso, tem na chamada relação custo/benefício, na boa lista de equipamentos de série, nos três anos de garantia e nas revisões com preço fixo, outro grande atrativo, tornando-o uma opção muito interessante para quem procura um sedã médio.
Preços:
408 Allure R$ 77.590
408 Griffe R$ 88.590
Pintura branco marquise R$ 590
Pintura metálica R$ 1.190
Pintura perolizada R$ 1.590
Fichas técnicas e equipamentos de série
Notas do Emilio para o Peugeot 408
Fotos: Camila Camanzi/Emilio Camanzi/Divulgação Peugeot
Ver comentários (2)
Sem dúvidas, as avaliações feitas por você, Emílio, transmitem muita confiabilidade! Os carros da Peugeot são excelentes, em especial o 408 Griffe THP.
Tenho um 2013 que comprei 0 km e amo este carro.
Com as inovações feitas neste modelo 2016 e informadas por você, como a opção ECO e a recalibragem da suspensão, o carro deve ter ficado ainda mais gostoso de dirigir e econômico.
No quesito desempenho, ele é fantástico. Um carro equilibrado, seguro e veloz.
Gostaria apenas de contar com aletas para troca de marchas atrás do volante, mas isso, deve ficar mais para a frente, quando vier o modelo baseado no Novo 308 Europeu.
Uma pena é este modelo 2016 não contar com os excelentes faróis bi-xénon direcionais, que equipam o modelo anterior, igual ao meu.
Emílio, parabéns pela matéria e por trazer as novidades sobre este excelente carro, que é um dos melhores sedãs com um ótimo custo/benefício, porém ignorado por boa parte da imprensa, que só se importa com os modelos mais vendidos.
Já tive carros da Peugeot e deixaram saudades pelos bons carro que são, manutenção muito cara e pelo pós venda que não melhora. Dificilmente eu trocaria um sedã japonês por um francês ou da GM.