Pisca Alerta: O que faz seu carro ser SUV?

Não é surpresa para ninguém que os utilitários-esportivos (SUVs) dominaram o planeta Terra. Esse tipo de carroceria corresponde a mais de um terço de todos os carros de passeio vendidos no mundo. E para chegar a tamanho volume, a indústria fabrica SUV de tudo quanto é tamanho e forma, e muitas vezes tem muito aspirante a Land Rover que não chega nem perto de ser um escoteiro.

No entanto, há diretrizes que podem atestar que o carro seja classificado com SUV ou não. No Brasil, a portaria 522, de 2013, do Inmetro é uma espécie de tábua sagrada para definir se um carro pode ser chamado de SUV ou não.

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No documento, que disserta sobre diferentes temas, há um trecho específico para classificar uma automóvel como SUV. Segundo Inmetro, se o carro cumprir com três especificações, já pode ser chamado de utilitário-esportivo. São eles: Altura livre mínima, ângulo de ataque mínimo, ângulo de saída mínimo e ângulo de transposição de rampa.

Os valores mínimos são:

  • Altura livre do eixo dianteiro 200 mm (com tolerância de 20 mm a menos).
  • Altura livre do eixo traseiro 180 mm (com tolerância de 20 mm a menos).
  • Ângulo de ataque mínimo de 23º (com tolerância de 1º a menos).
  • Ângulo de saída mínimo de 20º (com tolerância de 1º a menos).
  • Ângulo de transposição de rampa mínimo de 10º (com tolerância de 1º a menos).

E a partir daí, modelos como Renault Kwid, For Ka Trail, Fiat Pulse, VW Nivus, Land Rover Defender, Jeep Wrangler e Hummer H1 fazem parte do mesmo clube da aventura. É uma lorota técnica que dá argumento para que fabricantes possam vender qualquer carro como SUV e ter a portaria como documento que ratifique. Um jeito maroto de colocar trigo e joio no mesmo balaio.

Sob essa ótica, a finada Kombi é um SUV, basta ler um artigo que produzi em 2018. A Velha Guerreira era fogo na roupa!

No entanto, o que o amigo deve ficar atento é que ser denominado SUV não faz qualquer automóvel ser habilitado para aplicação off-road. Tentar enfrentar um lamaçal com um compacto asmático 1.0 e tração dianteira é quase garantia de parar num atoleiro.

Muito pior é acreditar que ele dá conta de atravessar um riachinho, pois o coletor pode sugar água e provocar calço hidráulico no motor. São exemplos que podem parecer absurdos, mas o consumidor leigo pode ser levado a acreditar que seu “SUV” é capaz de fazer o mesmo que um Troller T4.

A parte boa é que o para-choque de seu SUV de jardim não vai sofrer com saídas de rampa e quebra-molas. Mas se chover, não invente de querer fazer um Camel Trophy.

 

 


Foto: Marcelo Jabulas


 

Marcelo Jabulas é Jornalista.

Está na área desde 2003, atualmente é o editor do caderno HD Auto, do jornal Hoje em Dia, de Belo Horizonte. Figura presente em todos os lançamentos, salões do automóvel e eventos da indústria automobilística.  https://www.youtube.com/garagemdojabulas

 


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