Agora em julho de 2024, o Passat fez exatos 50 anos, mudando a história da Volkswagen brasileira. Ele foi o primeiro da marca com motor arrefecido a líquido e tração dianteira, características técnicas jamais utilizadas pela VW no nosso país. Na realidade, o lançamento do Passat marcou o início do fim da era dos obsoletos modelos a ar, aqueles que tinham em comum a plataforma com direção, suspensão e freios muito semelhantes aos do Fusca. Literalmente, há 50 anos iniciou-se, dentro da marca alemã, uma mudança de era: do ar para a água, da tração traseira para a dianteira, com mecânicas ainda mais eficientes, econômicas e duráveis.
O primeiro Passat era oriundo do antigo Audi 80 de 1966, que utilizava a plataforma B1, mesma que o nosso carro de 1974 foi lançado. Basicamente, o Passat era um Audi com carroceria desenhada pela VW, inovando o mercado nacional inclusive na disposição do motor dentro do cofre: ele estava bem na porção dianteira do carro, com radiador instalado na lateral, e eletroventilador acionado automaticamente sempre que a temperatura do motor subisse para além do normal. Com isso, não se utilizava uma parte da potência para alimentar a ventoinha ininterruptamente.
E o 1.5 do Passat, também emprestado do Audi e desenvolvido com pitadas de Mercedes (proprietária da Auto Union antes da VW), era longitudinal e inclinado com relação a simetria da carroceria. Inovações que surpreendiam, ainda mais no período em que os motores eram colocados simetricamente alinhados no cofre, com radiador frontal e ventilador acionado por correia. A instalação completa da mecânica na dianteira, incluindo as rodas de tração, era uma primazia que só o Passat e o Ford Corcel traziam na época.
O 1.5, chamado de BR, utilizava um carburador de corpo simples e mostrava-se valente, potente e com bom torque em baixa, agradando de cara o consumidor brasileiro com aproximadamente 65 cv líquidos. Ainda que não fosse dos mais rápidos, o carro comportava com conforto quatro ocupantes e suas bagagens, já que passava dos 360 litros de porta-malas. Havia ainda no conjunto uma direção precisa, tipicamente alemã, e leve, não precisando de assistências na condução, e um câmbio de quatro marchas robusto, apesar do trambulador um tanto “borrachudo” e impreciso após algum tempo de uso. Esse problema, aliás, foi resolvido em 1977 com o novo trambulador, muito mais preciso, direto e justo, sem mexer na caixa.
E, na dinâmica, vantagens: na geometria da suspensão dianteira, a particularidade do raio de rolagem negativo, permitindo que o carro mantivesse a trajetória, sem perda de controle, no caso do estouro de um pneu, por exemplo. Pneus, aliás, que no caso dele já eram radiais, um dos primeiros carros brasileiros de grande produção com tal modernidade.
O Passat foi lançado no Brasil em duas versões, L (Luxo) e LS (Luxo Super), em uma época que ar-condicionado, direção assistida e vidros ou travas elétricas inexistiam no segmento. E, tempos depois, além da LM intermediária, chegou a tão falada TS (Touring Sport), versão esportiva que utilizava a variação 1.6 do motor do lançamento, equipada ainda com carburador de corpo duplo e sistema de escape 4 em 2. Com cilindrada aumentada, alimentação caprichada e exaustão mais livre, chegavam em cerca de 80 cv líquidos.
O TS dava trabalho aos grandões seis-em-linha e V8 (Charger, Opala, Maverick…), especialmente nas curvas, onde o VW mostrava melhor comportamento e estabilidade. Era fácil reconhecê-lo: só o Passat esportivo tinha quatro faróis redondos e uma faixa lateral decorativa. Internamente, um enorme volante esportivo de três raios, bem ao estilo alemão, console central e instrumentação completa (conta-giros, manômetro e termômetro do óleo). O Passat TS era bem mais caro que os demais, mas serviu bem para firmar a imagem do carro da VW como um modelo de alta performance e dinamicamente acertado, fazendo sucesso inclusive nas pistas de corrida.
O Passat durou bastante no Brasil sem trocar de geração: até o finalzinho de 1988, quando era fabricado apenas na versão GTS Pointer 1.8. Nesses 14 anos de produção, quase 900 mil carros deixaram as linhas da VW em São Bernardo do Campo (SP), inclusive aqueles exportados para o Oriente Médio, África, América Latina e afins. Um marco para a Volkswagen brasileira, que usou o conceito construtivo do Passat na maioria dos seus modelos dali em diante. 50 anos depois, ainda um belo e moderno carro!
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