Os super cupês alemães na terra dos muscle cars

Os anos 1980 foram um período de recuperação de “fôlego” no segmento de esportivos que foram “sufocados” pela Crise do Petróleo de 1973 e demais conflitos no Oriente Médio, que se arrastaram até o início da década seguinte. Por outro lado, aquele momento obrigou os fabricantes norte-americanos a repensarem a máxima de que “nada substitui as polegadas cúbicas” e também abriu um leque para que marcas europeias ganhassem espaço no mercado de esportivos, além de exóticos Ferrari, Porsche, Lotus e Lamborghini. 
Marcas como BMW e Mercedes-Benz enxergaram a possibilidade de oferecer modelos de alto desempenho, alinhados a padrões de acabamento e refinamento que já faziam parte de sua estratégia comercial. Elas já eram marcas de luxo no mercado norte-americano (como no resto do mundo), mas poderiam ir muito além. E foi nessa época que surgiram os cupês BMW 635 CSi e o Mercedes 560 SEC AMG, que foi a estrela de maior grandeza na constelação da Mercedes-Benz.
Derivado da geração W126 do sedã SEL, de 1979, que hoje conhecemos como Classe S, o cupê surgiu em 1980, nas versões 500 SEC e posteriormente 380 SEC. Em 1985 chegou a versão topo de linha 560 SEC, com o imenso motor M117. Tratava-se de um V8 5.5 litros que entregava 300 cv.


A versão era a resposta para o 635 CSi, lançado em 1983. O BMW era equipado com uma versão nervosa de seu tradicional seis cilindros em linha, com 3,5 litros de deslocamento e 289 cv. Apesar de mais potente, o Mercedes carecia de esportividade. Era um cupê senhoril, enquanto o Série 6 tinha panca de carro de bandido de cinema. Ainda mais na versão M6, que tinha elementos aerodinâmicos que o deixavam ainda mais agressivo.

AMG

Para deixar o modelo mais invocado, a preparadora AMG, que naquela época ainda não tinha sido incorporada ao grupo Daimler-Benz, resolveu aplicar uma dose extra de veneno no 560 SEC. A primeira coisa feita foi dar um “passe” no V8, que passou por uma extensa revisão e teve a potência elevada para 386 cv, a mesma da Ferrari Testarossa. 
Entre as mudanças, foram instalados cabeçotes com duplo comando de válvulas, que aumentaram o fluxo da mistura ar/combustível nas câmaras. Pneus mais largos e ajuste nas bitolas demandaram um alargamento dos para-lamas. A inclusão de saias e um discreto aerofólio, além de acentuar o visual esportivo, também contribuíram para o melhor comportamento dinâmico do gigante de quase cinco metros e duas toneladas. 
No entanto, poucas unidades foram preparadas pela AMG. Há quem defenda que não chegaram a dez carros, mas há quem garanta que foram quase 30. No entanto, não faltam 560 SEC “convertidos” em AMG, com os elementos visuais da versão da preparadora alemã. 
Seja como for, tanto o 635 CSi, como o 560 SEC AMG, muito além de exemplificar a rivalidade entre as duas marcas alemãs, abriram caminhos para o crescimento de suas divisões esportivas. Hoje siglas como M e AMG se tornaram fundamentais nos negócios de ambas, assim como estimularam marcas como Audi, Jaguar, Volvo e VW a planejaram linhas de alto desempenho dentro de seus portfólios.


Marcelo Jabulas é Jornalista e Designer Gráfico.

Está na área desde 2003, atualmente é o editor do caderno HD Auto, do jornal Hoje em Dia, de Belo Horizonte. Figura presente em todos os lançamentos, salões do automóvel e eventos da indústria automobilística. Para relaxar, tem como hobby escrever para seu blog de games, o “GameCoin” (www.gamecoin.com.br).

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