O mistério do motorista abduzido por ET’s dentro do Karmann-Ghia. Será?
Esse fato ocorreu na segunda metade dos anos 70 e foi protagonizado pelo meu grande amigo Milton Cozzolino Jr., apelidado de Ruivo, e seu saudoso Karmann-Ghia TC ano 1972 da cor amarela. Na época, o carrinho era um charme. Meu amigo Ruivo ganhou o esportivo da Volkswagen, que lembrava em suas linhas um Porsche, do seu pai, um proeminente advogado paulistano. Estávamos, eu e meu amigo, iniciando nosso curso de Engenharia Mecânica na Faculdade de Engenharia Industrial, a FEI, e o Karmann-Ghia era uma das conduções que revezávamos com outros amigos da turma para ir a faculdade em São Bernardo do Campo todos os dias.
O Ruivo, além da dedicação ao curso de Engenharia, também ajudava a cuidar de sua avó por parte de pai, e sempre que a senhorinha precisava de algum cuidado médico, era ele quem a levava, ou então ia buscar e levar o farmacêutico sempre que ela necessitava de cuidados mais especiais, como uma injeção por exemplo. Em uma dessas oportunidades, o Ruivo foi a farmácia buscar o especialista, pois sua avó precisava de uma injeção receitada pelo médico. Meu querido amigo pegou sua vistosa máquina amarela e foi em busca do profissional nas imediações da casa da avó.
Pegou o homem na farmácia como combinado e levou-o para a casa da sua avó. O farmacêutico fez o seu trabalho e, como parte do trabalho, meu amigo foi levá-lo novamente a farmácia, e também fazer o acerto de contas dos serviços prestados por ele. O que esqueci de contar para vocês é que o meu grande amigo também era um cara tremendamente azarado: Se alguém tinha que cair no chão, alguma coisa tivesse que cair em cima de uma pessoa ou uma faca de pão cortar a mão, era sempre com ele que tudo isso acontecia. Chegava a ser impressionante o número de ocorrências azaradas diárias com o Ruivo, por isso ele estava sempre com um curativo novo e tinha uma história estapafúrdia para contar sobre aquele acontecimento.
Chegando com o vistoso Karmann-Ghia amarelo na farmácia localizada em uma esquina, Ruivo ia descer para deixar e fazer o acerto de contas com o farmacêutico, ele saindo pela porta do motorista e o profissional pela porta direita do passageiro. Lembram que eu contei que ele era azarado? Pois bem, e ele parou o carro exatamente ao lado de um bueiro de esgoto aberto, sem a tampa. Para sair do baixinho e acanhado Karmann, Ruivo girava a bunda sobre o banco e pulava com os dois pés para fora, e assim o fez, só que em vez de pular no chão da rua, ele pulou no bueiro…aberto.
O homem da farmácia que descia pela outra porta ao mesmo tempo, quando saiu do carro não viu o Mílton pro lado de fora como era de se esperar, estranhou o fato e imediatamente abaixou e olhou dentro do carro, onde também não viu ninguém. Pensou rapidamente: “Onde foi parar o cara? Será que ele foi abduzido por um ET enquanto desembarcava do carro e eu não vi?” O tal farmacêutico começou olhar para o alto para ver se via alguma nave espacial ou alguma coisa parecida responsável pela abdução. Nada! Nesse meio tempo o Ruivo já havia se agarrado na superfície e pulado para fora daquele bueiro que tinha caído e, para surpresa do farmacêutico, ele reapareceu do mesmo jeito que havia sumido, mas descalço e com barro de esgoto até o meio da canela.
O farmacêutico assustado já perguntava ao meu amigo: “onde você foi parar? Estava descendo do carro, sumiu e agora está de volta sem sapatos e com a perna suja!” Ruivo, muito puto da vida com o ocorrido, dizia ao profissional incrédulo: “você não viu que eu caí dentro do bueiro!? Não sabe que lá dentro é cheio de barro e os meus sapatos ficaram atolados e não vou conseguir encontrá-los no meio daquela meleca?” Ainda incrédulo e sem entender muito o que tinha acontecido, o farmacêutico ficou mudo, meu amigo Mílton deu o dinheiro do serviço a ele e nem pediu o troco. Quando Ruivo voltou para casa da avó, estava muito bravo e exigia da velinha um par de sapatos novos.
Vocês devem estar perguntando: “Mas e o extraterrestre que abduziu o Mílton, onde foi parar?” Na realidade, esse tal ET e sua nave espacial fumegante ficaram restritos ao imaginário do farmacêutico, e no final foram o safado bueiro aberto e o azar do meu amigo que fizeram a grande mágica do desaparecimento. O Karmann-Ghia TC amarelo, coitado, pegou tanta ferrugem que, quando Ruivo quis consertá-lo alguns anos depois, o funileiro avisou que não tinha mais jeito, pois a ferrugem já tinha tomado conta da estrutura do carro, um problema comum a todos os Karmann na época, tanto que hoje esse é um carro raro, e os poucos sobreviventes da ferrugem valem uma fortuna nas mãos de colecionadores.
Douglas Mendonça é jornalista na área automobilística há 46 anos.
Trabalhou na revista Quatro Rodas por 10 anos e foi diretor de redação da revista Motor Show até 2016. Formado em comunicação pela Faculdade Cásper Líbero, estudou três anos de engenharia mecânica na Faculdade de Engenharia Industrial (FEI) e no Instituto de Engenharia Paulista (IEP).
Como piloto, venceu a Mil Milhas Brasileiras em 1983 e a Mil Quilômetros de Brasília em 2004.
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