O que esperar das três marcas francesas aqui

O principal executivo do Grupo Renault, Luca de Meo, esteve no Brasil semana passada para confirmar as mudanças de rumo que a marca francesa vem executando em todos os mercados. E aqui nada será diferente. Ainda na administração do seu antecessor Carlos Ghosn a meta era de conquistar 10% do mercado brasileiro, o que a fabricante conseguiu por breve período. No entanto, de Meo deixou claro que as prioridades mudaram. A rentabilidade terá prioridade e alguns pontos percentuais serão perdidos. Ele mesmo espera 5% ou 6% de participação nos próximos anos, quando o fornecimento de semicondutores estiver normalizado.

O executivo italiano, que residiu no Brasil quando criança, não anunciou o quanto pretende investir na filial brasileira a partir de 2023, quando o plano atual de R$ 1,1 bilhão (2021-22) for completado. Mas admitiu que vai focar em produtos de maior valor agregado. A Renault desenvolve sua plataforma Global Access com novos modelos na faixa dos compactos (a partir de 3,8 m de comprimento) e médio-compactos (até 4,5 m de comprimento). Mesmo sem apontar nenhum segmento em particular, existe a possibilidade de o SUV Bigster de sete lugares, lançado pela Dacia, ser produzido no Brasil a partir de 2024.

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De Meo também admitiu a importação para o Brasil de um elétrico mais barato, que se chamaria Kwid E-Tech (na Europa, Dacia Spring). Porém, sem descartar importar ou mesmo produzir localmente um híbrido com motor flex. Existem planos, segundo minhas fontes, para a fabricação na unidade de São José dos Pinhais (PR) do motor de 1 litro turbo flex, embora ele não tenha abordado esse ponto.

O que se considera definido é a evolução tecnológica do hatch Sandero e do sedã Logan, seguindo a mesma estratégia da Europa. Certamente terá impacto no preço ao público. Quanto a uma colaboração mais estreita com a Nissan, sua sócia na aliança que inclui a Mitsubishi, sua resposta foi fria, sem entusiasmo. “É uma pergunta a ser feita aos nossos parceiros.”

Um dia após a entrevista de Luca de Meo, a Citroën tinha uma resposta engatilhada ao anunciar seu plano 4 All (foneticamente, em inglês, Para Todos), no período 2022-24. O número 4 também se refere a inéditos 4% que pretende conquistar de participação no mercado brasileiro de automóveis e comerciais leves (já teve, no passado, algo em torno de 2,5%). Segunda Vanessa Castanho, executiva responsável pela marca, o novo C3 será lançado em 2022, seguido por um sedã, em 2023. Provavelmente, haverá um SUV médio-compacto sucessor do C4 Cactus em 2024.

O SUV C3, que a Citroën identifica como “hatch”, estreia logo no primeiro trimestre. Há expectativa de que ofereça também o novo motor 1-litro turbo flex (130 cv com etanol) lançado no Pulse.

A Peugeot igualmente pretende crescer, no entanto sem traçar metas. A marca esteve próxima dos 3% do mercado em sua melhor fase.

As francesas somadas (não simultaneamente) já rondaram os 15% de participação no Brasil. Voltar a esse patamar parece, agora, mais difícil em um futuro previsível. Dependerá também da estratégia da Stellantis com tantas marcas a administrar.

 

ALTA RODA

 

LEMBRA do filme “Difícil de Matar”, de 1990, com Steven Seagal? O compacto Gol, lançado 10 anos antes do filme, ensaia um enredo semelhante. Marcado para sair de produção no final de 2022, uma fonte da coluna adianta que as encomendas de peças para a linha de montagem em Taubaté (SP) se estendem a 2023. Só não se sabe por quantos meses…

CONFERÊNCIA do clima em Glasgow, Escócia (COP 26) terminou com compromissos bastante modestos (até 2040), em relação ao fim da produção de veículos com motor a combustão. Entre as marcas mais conhecidas engajaram-se Ford, GM, Jaguar (sem Land Rover), Mercedes-Benz, Volvo, além da chinesa BYD e outras desconhecidas. Somadas representam, hoje, menos de 15% da produção mundial de veículos.

GUIAR a maior parte do tempo utilizando apenas o pedal do acelerador é uma experiência muito interessante no elétrico Volvo XC40 Recharge. Eliminado o botão de energização: basta abrir a porta do motorista, ótima solução. Falta o alerta sonoro externo de aproximação para evitar acidentes com pedestres e ciclistas. Desempenho vigoroso: 408 cv/67,3 kgf.m com tração 4×4. Alcance de até 400 km, se não abusar do acelerador.

PESQUISA Brand Health Tracker 2021 destaca o preço como principal fator de decisão de compra de um veículo no Brasil. Os outros critérios seguem a seguinte ordem de importância: segurança, consumo de combustível, conforto, manutenção, marca, tecnologia, espaço interno/porta-malas e custo de seguro. Marca, em sexto lugar e tecnologia, em sétimo surpreendem.

SEMINÁRIO on line de Inovação em Powertrain, da AEA, focou no uso do hidrogênio (H2) verde em veículos. Obstáculo maior continua sendo o preço por exigir grande quantidade de energia elétrica e de fonte renovável para produzi-lo. Pilhas a hidrogênio fornecem, por meio de reformador (estes vêm caindo de preço), a eletricidade a bordo, dispensando pesadas e caras baterias.

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Coluna Fernando Calmon nº 1.176

www.fernandocalmon.com.br

 

 


 

Fernando Calmon é engenheiro e jornalista especializado desde 1967.
Sua coluna automobilística semanal “Fernando Calmon” estreou em 1999. Publicada em UOL Carros e em uma rede de mais de 80 portais, sites, jornais e revistas pelo País. Diretor de redação da revista Top Carros. Correspondente para América do Sul do site Just-auto (Inglaterra). Em abril de 2015, apontado como o mais admirado jornalista automobilístico do País por 400 profissionais do setor. Consultor técnico de automóveis, de mercado automobilístico e de comunicação.

fernando@calmon.jor.br e www.facebook.com/fernando.calmon2

 


 

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